Na última quinta-feira (3), o ministro da Justiça, André Mendonça comentou nas redes sociais a acusação de “LGBTfobia” que está sendo feita contra a cantora cristã e ministra de louvor Ana Paula Valadão, chamando o caso de “processo de perseguição”.
Segundo Mendonça, o fato de um cristão questionar certos temas e expressar suas convicções religiosas não indica necessariamente uma ofensa a um grupo de pessoas, como a cantora está sendo acusada.
“Respeito os homossexuais. Aliás, respeito é um princípio cristão!”, disse ele. “Contudo, isso não significa que o cristão deva concordar ou não possa questionar o homossexualismo com base em suas convicções religiosas. O próprio STF assim reconheceu. Os direitos às liberdades de expressão e religiosa são inalienáveis!!!”.
“Por isso não aceito o processo de perseguição a que está sendo submetida a cantora e evangelista Ana Paula Valadão. Espero que a Justiça garanta os direitos desta cidadã brasileira, assim como tem garantido os direitos à liberdade de expressão de quem pensa em sentido contrário”, acrescentou.
Ministro da Justiça, André Mendonça, se posicionou a favor da cantora Ana Paula Valadão, que está sendo processada por "LGBTfobia", após viralização de declarações sobre homossexualidade e Aids. (Imagem: Twitter / Reprodução)
Contexto
Ana Paula Valadão foi alvo de uma notícia crime, apresentada ao Ministério Público por uma candidata a vereadora do PSOL (SP), Erika Hilton, no dia 12 de novembro, após a viralização de um vídeo da Rede Super, no qual a cantora relacionou a homossexualidade à Aids.
“Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher. E é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, disse ela sobre a relação homossexual.
“A Bíblia chama qualquer escolha contrária ao que Deus determinou como ideal, como Ele nos criou para ser, de pecado. E o pecado tem uma consequência, que é a morte. Inclusive, tudo o que é distorcido traz consequência naturalmente”, acrescentou a cantora.
Ana Paula Valadão será processada por crime de LGBTfobia e é comparada a Hitlerhttps://t.co/hIY1ruvf7F#anapaulavaladão #homofobia pic.twitter.com/Awoq2wQz6A
— Estado de Minas (@em_com) September 13, 2020
“Nem é Deus trazendo uma praga ou um juízo não. Taí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres. Enfim, não é ideal de Deus. Sabe qual é o sexo segura, que não transmite doença nenhuma? O sexo seguro se chama aliança do casamento”, destacou. “Deus é perfeito em tudo o que faz”.
Além de Erika Hilton, a Aliança Nacional LGBTI+ também afirmou que iria processar a cantora e chegou a comparar as declarações de Ana Paula Valadão “aos mesmos padrões adotados por Adolf Hitler, para desumanizar setores da sociedade”.
“Ana Paula atinge toda a coletividade da comunidade LGBTI, e principalmente a dignidade das pessoas que vivem com HIV/AIDS, colocando-as como responsáveis pela proliferação de um vírus, equiparando de maneira vergonhosa, antiquada e criminosa uma expressão legítima de amor e afeto a um ato criminoso como ceifar a vida de um ser humano”, disse Toni Reis, que é diretor-presidente da entidade.
Após a denúncia feita por Hilton, o Ministério Público Federal abriu inquérito para investigar Ana Paula Valadão em razão das declarações registradas no vídeo, que foram consideradas “homofóbicas”. Na portaria que abre o inquérito, o MPF disse que a fala caracteriza-se como "discurso de ódio".
Caso André Valadão
O processo contra Ana Paula ocorre cerca de um mês após a fala de seu irmão, o cantor e pastor André Valadão também ter sido processado por "homofobia".
O processo foi aberto após duas organizações que defendem o movimento LGBT entrarem com ação contra o pastor e cantor, após uma resposta dada por ele no mês de setembro nas redes sociais.
O comentário surgiu como resposta a um questionamento no Instagram, no qual um(a) seguidor(a) questionou se um casal homossexual deveria ser expulso da igreja.
“Entendi. São gays. A igreja tem um princípio bíblico. E a prática homossexual é considerada pecado. Eles podem ir para um clube gay ou coisa assim. Mas, na igreja, não dá. Esta prática não condiz com a vida da igreja. Tem muitos lugares que gays podem viver sem qualquer forma de constrangimento. Mas na igreja é um lugar para quem quer viver princípios bíblicos. Não é sobre expulsar. É sobre entender o lugar de cada um”, respondeu o pastor.
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