"Não estaria onde estou sem Deus", diz jovem autista que teve vida transformada pela fé

Ainda criança, Alex Lowery entendeu sobre Jesus após assistir às Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis.

Fonte: GuiameAtualizado: terça-feira, 2 de abril de 2019 às 20:14
Alex Lowery, durante uma de suas palestras. (Foto: Divulgação/Alex Lowery)
Alex Lowery, durante uma de suas palestras. (Foto: Divulgação/Alex Lowery)

Alex Lowery foi diagnosticado com autismo aos quatro anos de idade. De lá para cá, fez progressos notáveis, hoje com 25 anos tem como missão ajudar outras pessoas a entender essa condição. Nessa empreitada, Alex escreveu o livro Thinking Club: A Filmstrip of My Life As a Person With Autism (Clube de Pensamento: Um filme da minha vida como uma pessoa com autismo*).

Quando Alex foi diagnosticado com autismo, sua mãe Sylvia Lowery conta que “tudo o que pude ver foi um buraco negro. Eu senti que Deus estava longe de mim e não estava ouvindo minhas orações”. Ela conta ainda que enquanto seu filho crescia, os sentidos de Alex demonstravam que o mundo era um “lugar realmente aterrorizante”.

Embora Alex tenha crescido em uma família cristã, para ele não foi fácil acreditar em Deus e ele diz que “realmente lutou” com o conceito de um criador. Ele afirma que “hoje sei que não estaria onde eu estou sem Deus”.

Anteriormente, Alex diz que tinha dificuldade em acreditar em coisas que não conseguia ver. “Por um tempo eu nem acreditava que havia outros países ou que o mundo era redondo, simplesmente porque eu não via essas coisas, não havia evidência delas. Eu só podia acreditar em coisas que estavam diante dos meus olhos”, explica Alex.

O jovem conta que, ainda criança, antes de se tornar cristão, odiava ir à igreja. “Eu preferia ficar em casa e assistir desenhos. Na igreja, eu costumava pensar: ‘Cale a boca, pastor. Fique quieto’. Porque eu realmente queria que o culto acabasse logo”, conta.

Mas tudo mudou na vida de Alex quando ele assistiu o filme As crônicas de Nárnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, de C. S. Lewis. Ele tinha nove anos de idade e foi informado de que a história era uma analogia das boas-novas, que o personagem Aslan representava Jesus e Edmund representava a humanidade pecadora.

“Aquilo era algo visual, então porque eu tinha visto e entendido, meus olhos foram abertos para o evangelho”, explica.

“Eu não acredito que estaria onde estou sem a ajuda e o apoio de Deus, que vieram da fé e de todas as minhas orações. Compreender o evangelho abriu meus olhos para outras coisas que eu não podia ver também, como o próprio fato de o mundo ser redondo”, diz.

Infância

Para o menino, “muitos sons que a maioria das pessoas achariam normal, para mim eram extremamente barulhentos”. Ele relata ainda que “mesmo algo simples como ir a uma loja era uma experiência realmente assustadora por causa da música tocada nas lojas, e até o burburinho das pessoas. Os bonecos nas lojas eram assustadores. As luzes eram assustadoras. O mundo era um lugar realmente aterrorizante”, lembra Alex.

Entre cinco e sete anos, Alex frequentou uma escola especial para crianças com autismo: “Todas as crianças ali tinham autismo. Algumas sequer conseguiam falar. Outros tinham tendência a perseguir, arranhar e morder os demais. E eu ficava com medo de muitos deles”, conta.

Alex saiu daquela escola e começou a fazer diferentes terapias enquanto recebia educação em casa. Ele credita a principal terapia foi ter “uma família muito solidária”, que o ajudandava a progredir na escrita, leitura e concentração.

Alex só soube que tinha autismo quando completou 11 anos, através de seus pais.

“Alex teve que ir ao hospital em uma ambulância com um ataque de asma. Eu continuei soletrando autismo para a equipe médica. Alex me perguntou o que esse autismo significava. Como eu sempre respondi aos meus filhos honestamente quando eles faziam uma pergunta, então eu disse a Alex que ele tinha uma condição que tornava mais difícil para ele se socializar e aprender coisas novas. Alex ficou muito chateado no começo, mas depois se tornou muito autoconsciente”, conta sua mãe.

Por mais difícil que seja definir autismo em uma única sentença, Alex diz que a deficiência significa que os afetados “lutam para socializar, comunicar e entender o mundo ao seu redor”. Ele diz que há equívocos comuns, como pensar que cada autista tem uma habilidade genial com matemática, ou pode dizer em que dia da semana você nasceu em segundos. “A maioria das pessoas com autismo terá talentos, mas é incomum ter talentos extraordinários”, explica.

Inspiração

Hoje Alex vai à igreja com uma atitude diferente. Ele gosta dos cultos, embora admita que nem sempre consegue se concentrar em tudo. A experiência de igreja e fé de Alex como autista permitiu que ele falasse sobre questões relacionadas à igreja.

Acho importante durante nos sermões ou na escola dominical explicar a linguagem do Evangelho. Pode ser confuso e fácil de entender, literalmente”, diz ele.

Alex costumava achar frases como “eu sou a porta”, que se refere a Jesus, como difíceis de entender. “É importante [que as igrejas] tentem explicar [aos autistas] o real significado daquele tipo de linguagem”, esclarece.

Outra maneira pela qual o autismo afetou sua fé está em seu pensamento sobre o céu. “Quando os cristãos morrem, não sinto tanta tristeza como as outras pessoas”, diz ele.

“Muitas vezes, o que sinto é a excitação de estarem agora no céu. É uma visão diferente para outras pessoas. A primeira vez que ouvi falar de uma pessoa da igreja que havia morrido, fiquei bastante animada com isso!”, conta.

Sylvia diz que Alex é um “milagre ambulante” comparado com o jeito que ele era quando era mais jovem. “No entanto, o autismo ainda tem um grande efeito sobre ele”, explica sua mãe.

Ela conta que “Alex é incapaz de viver de forma independente no momento e precisa de apoio para administrar seu dinheiro, sua vida e sua ansiedade. Eu ainda acho difícil ver Alex sofrer. Ele tem uma visão tão clara de suas dificuldades e é tão capaz, que o descompasso entre suas habilidades e deficiências lhe causa muita frustração e ansiedade. Eu admiro muito o Alex porque ele está determinado a continuar progredindo”.

“Uma das coisas tristes que se tornaram aparentes quando acompanhei Alex em seus discursos, é que muitas famílias que têm filhos autistas ou os próprios autistas não se sentem em casa na Igreja”, revela Sylvia.

“Eu sinto que Alex tem uma mensagem muito importante para dar e que, talvez, ouvir como o mundo foi para Alex trará mudanças positivas na compreensão das pessoas”, diz.

Além de seu livro, hoje Alex faz palestras sobre o autismo e tem um site com conteúdos sobre o tema.

*Livro ainda não disponível em português.

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