Deus se arrepende?; É possível mudar o coração de Deus com uma oração?. Tais questionamentos são bem comuns entre os cristãos e foram respondidos recentemente pelo pastor presbiteriano Augustus Nicodemus.
Em resposta a um ouvinte que citou a passagem bíblica da história do rei Ezequias, na qual após receber o anúncio da proximidade de sua morte da boca do profeta, ele pediu a Deus que não tirasse a sua vida naquele momento e viveu por mais 15 anos.
"Deus se arrependeu?'; 'Já temos o dia certo da nossa morte?'; 'É possível acrescentar anos de vida com uma oração?", questionou o ouvinte.
Respondendo às perguntas enviadas pelo ouvinte, Nicodemus reconheceu que a existência desta e outras passagens realmente têm gerado questionamentos entre muitos cristãos.
"Há algumas passagens na Bíblia que dão a entender que Deus mudou de ideia ou que Ele se arrependeu, no sentido de que ele disse que ia fazer uma coisa e não fez ou então que Ele fez uma coisa e depois se arrependeu de ter feito", reconheceu.
O pastor citou como exemplos, o capítulo 6 de Gênesis, no qual Deus diz: 'Me arrependo de ter feito o homem [humanidade] sobre a Terra' e também o episódio em que Ele fala ao profeta Samuel: 'Me arrependo de ter feito o homem [humanidade] sobre a Terra'.
"Essas passagens têm sido, de fato um motivo de questionamento por parte dos cristãos. [...] 'Se Deus é onisciente, perfeito, imutável, em qual sentido Deus se arrepende?'. Que o homem se arrependa, a gente pode entender, porque o homem não sabe todas as coisas, é falível, toma decisões erradas", afirmou.
Nicodemus explicou que este conceito do 'arrependimento de Deus' está mais ligado a uma tipo de figura de linguagem para facilitar o entendimento do homem sobre Deus.
"Essas passagens que falam sobre o 'arrependimento de Deus' se enquadram naquela categoria que chamamos de 'antropomorfismo' (Deus como tendo forma de homem) ou 'antropopatismo", destacou.
"Há várias passagens da Bíblia que se referem a Deus como se ele tivesse uma forma humana. A gente sabe que isto não é [literalmente] verdade, porque Deus não tem um corpo, como nós temos. Então toda vez que a Bíblia se refere a Deus dessa forma, usa de uma linguagem antropomórfica".
Falando sobre o segundo termo (a linguagem antropopática) Nicodemus explicou que ela se refere a Deus como se ele tivesse emoções humanas, do tipo: 'Deus se entristeceu', 'Deus se irou' e 'Deus se arrependeu'.
"Este 'arrependimento de Deus' deve ser visto como uma linguagem antropopática, ou seja, Ele está falando como se fosse um de nós, para que possamos compreender ou pelo menos tentar entender os caminhos dEle".
Para refutar este conceito de que Deus em algum momento possa de fato se arrepender, Nicodemus citou outra passagem bíblica que afirma a infalibilidade divina.
"Números 23:19 diz assim: 'Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Igualmente, existem passagens que falam da imutabilidade de Deus, que o propósito dEle permanece, que Ele não volta atrás, que Ele decretou tudo que existe, conhece todas as coisas. Então nós podemos entender esse 'arrependimento de Deus' como uma linguagem figurativa para que nós, humanos, possamos nos relacionar com Ele", lembrou.
Rei Ezequias
Já voltando ao caso do rei Ezequias, Nicodemus lembrou que Deus já tinha em mente acrescentar os 15 anos à vida do personagem bíblico, mas queria proporcionar-lhe um aprendizado com o anúncio do profeta.
"Com certeza, o plano original de Deus era dar 15 anos a mais para o rei Ezequias. O que Ele queria com aquela declaração inicial era provocar o rei, levando-o a reconhecer que sua vida estava nas mãos de Deus. No final, a vontade de Deus foi feita exatamente como Ele queria", explicou.
Contextualizando para os dias atuais, Nicodemus alertou que muitos têm acreditado que a oração pode realmente mudar o coração de Deus.
"As pessoas querendo aplicar isso para os nossos dias, dizem assim: 'A oração muda a mente de Deus, muda a vontade de Deus'... por exemplo: 'Deus quer que eu morra, e estou aqui para morrer, no hospital, mas eu oro e Deus muda de opinião, então eu sou curado'. A pergunta é: 'Como é que você sabe qual era a vontade de Deus?'. Porque Deus não revela Sua vontade secreta com relação a nós. A Sua providência é misteriosa", explicou.
"Para dizer que a oração muda o plano de Deus, você primeiro precisaria saber qual é o plano de Deus e esse plano Ele não revela", acrescentou.
Por fim, o pastor ressaltou a importância da oração, mas explicou que esta forma de relacionamento vai além de uma simples troca de pedidos e favores.
"As nossas orações são realmente eficazes. Quando Deus nos manda orar e diz que vai nos atender, isso não é uma ilusão. Ele vai responder as nossas orações e atender aos nossos pedidos, mas no final a vontade dEle será feita. As nossas orações são meios secundários pelos quais Deus obtém os Seus propósitos", finalizou.
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