Níger: missionário teme por futuro do país

Níger: missionário teme por futuro do país

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:27

Um dos países mais pobres do mundo, último colocado do ranking de Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, o Níger pode ter sua situação ainda mais agravada após o golpe militar que depôs o presidente na quinta-feira (18), afirma o brasileiro Alexandre Canhoni.

Mais conhecido no passado como o paquito Xand do ''Xou da Xuxa'', Alexandre vive há oito anos no país africano, onde, junto com a mulher e outros quatro brasileiros, desenvolve trabalhos humanitários com crianças na organização evangélica Guerreiros de Deus.

''Estamos pedindo que não aconteça o aumento do preço dos alimentos, que já são caros aqui. O pouco que tem já está acabando e, como as fronteiras estão fechadas, pode faltar água e alimento'', disse o brasileiro, por telefone de Niamey, ao G1.

Foto tirada nesta sexta-feira (19) mostra marca de tiro no palácio presidencial do Níger, em Niamey.

''As informações aqui são muito imprecisas. Ontem houve muitas manifestações, bombas e tiros aqui na capital, as ruas foram bloqueadas e nós estrangeiros fomos aconselhados por todos a ficar em casa'', relatou.

Sem televisão em casa, Alexandre contou ter ouvido de vizinhos que o presidente Mamadou Tandjua e vários ministros haviam sido presos pelo militares. Há 10 anos no poder, Tandja, de 71 anos, dissolveu no ano passado o Parlamento e o Tribunal Constitucional e prolongou seu mandato por pelo menos mais três anos em um referendo realizado em agosto - o que vem provocando protestos.

O brasileiro, que disse nunca ter presenciado nada semelhante no país, teme agora pelas iniciativas de ajuda ao país. ''Não sabemos o que pode acontecer. Quem vai assumir agora junto com o sistema militar pode mandar ONGs e associações embora'', afirma.

De acordo com Alexandre, a organização em que atua, que atende a cerca de 1,2 mil crianças na capital e em outras oito vilas próximas, reúne outros 27 voluntários africanos - chamados de ''obreiros'' - e sobrevive de doações. São oferecidas refeições e aulas gratuitas de alfabetização em francês, marcenaria, dança e corte e costura. Um centro esportivo foi erguido na cidade de Mailo, a seis horas de carro da capital.

Sem sede própria, o atendimento é feito na própria casa em que o brasileiro vive. Nesta sexta-feira (19), segundo ele, poucas crianças apareceram e a segunda refeição do dia foi cancelada. ''Nas ruas não tem quase ninguém. As pessoas não querem se arriscar a fazer qualquer coisa''.

Também nesta sexta, a junta militar que derrubou o presidente anunciou o fim do toque de recolher no país e a reabertura das fronteiras. Segundo o comunicado, ministros que foram presos junto com o presidente deposto devem ser soltos em breve.

Tanques e veículos equipados com metralhadores seguiam espalhados pela manhã no bairro do palácio presidencial.

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