“Enquanto minhas roupas estavam pegando fogo e meus cabelos sendo queimados, eu só conseguia pensar: agora vou morrer”, lembra o piloto Ken enquanto conta seu testemunho junto da esposa Sonia.
No dia 30 de agosto de 2015, o casal estava se preparando para voar para Washington, nos EUA, com uma rápida parada em Lynchburg. Os dois estavam indo visitar a filha, Monica.
Ken disse que estava habituado a voar há 36 anos, pela Royal Canadian Air Force e outras companhias aéreas comerciais, no Canadá e nos Estados Unidos. “Cada voo é de um jeito, mas aquele foi diferente, porque estávamos animados em ver nossa filha”, ele contou.
Sonia, por sua vez, disse que nunca se sentiu à vontade viajando de avião. “Não me sinto tão confortável voando ou vivendo aventuras como o Ken. Eu sempre sinto um friozinho na barriga”, ela disse.
Ken e Sonia. (Foto: Captura de tela/Montagem Guiame/YouTube The 700 Club/CBN News)
Situação de emergência
Quando Ken conseguiu autorização e decolou, percebeu um problema na aeronave. “Chegamos a cerca de 3.800 pés quando eu estava fazendo a varredura interna dos instrumentos. A pressão do óleo estava significativamente mais baixa do que deveria”, relembrou.
Segundo o piloto, a pressão do óleo na aeronave deveria ser de 60 libras por polegada quadrada, e naquela ocasião estava apresentando apenas 9 libras, conforme ele relatou.
Imediatamente, Ken comunicou-se com a torre pelo rádio e voltou para o campo de aviação. Sonia disse que ficou assustada quando o ouviu falar que era uma emergência. “Engoli a seco e parecia que tinha um caroço em minha garganta”, ela disse.
Prestes a cair
Ken e Sonia contam que realmente pensaram que iriam morrer naquele dia, num acidente de avião. Sonia disse que ainda se lembra das palavras de Ken gritando: “Mayday, mayday” — uma palavra-código para emergência.
Conforme o piloto conta, não era possível pousar na cidade, já que estavam a uma velocidade muito alta — mais de 160 km por hora. Ken decidiu pousar em um estreito dique de cascalho entre a orla da cidade e o pântano Everglades.
“Fiz todas as listas de verificação de emergência, preparei tudo para o pouso. Então, tivemos pouco tempo para refletir. Sabíamos que era uma questão de minutos ou até segundos”, contou.
Destroços da aeronave logo após o acidente. (Foto: Captura de tela/Montagem Guiame/YouTube The 700 Club/CBN News)
Momento de clamor
E sem conseguir formular uma frase, os dois apenas diziam: “Oh Deus”, mesmo tentando fazer uma oração eloquente, eram somente essas palavras que eles conseguiam proferir. “Estávamos orando enquanto o avião caía”, lembrou Sonia.
Então Ken pousou no dique a mais de 190 km por hora, tentando manter o controle da aeronave. “Começamos a pular para todo lado. Reduzimos a velocidade para cerca de 55 ou 60 nós, e foi então que perdi o controle da direção”, lembra ele.
“O trem de pouso esquerdo caiu e se quebrou. “Giramos muito rápido. Quando olhei por cima do ombro de Sonia para ver onde tínhamos caído, só pude ver as chamas. O avião todo estava pegando fogo e achei que não sairíamos dali vivos”, destacou.
“Lembro-me de sentir muito, muito calor e de ver a frente do avião toda vermelha”, continuou Sonia.
Ken saiu primeiro e tentou puxar a esposa pelas mãos, mas ela estava presa ao fone de ouvidos. “Quando a mão dela escorregou da minha eu pensei: agora vou morrer, porque não vou deixá-la para trás. Ou tiraria Sonia dali ou morreria tentando”, revelou.
O milagre aconteceu
“Ele agarrou minha mão, me puxou com força e eu saí com ele no meio do fogo”, ela relatou. Eles contam que sentiam as roupas queimando e viram que havia um círculo de fogo ao redor deles. “Por um momento, aquele fogo se dissipou e nós corremos para a água, e nadamos para longe dos destroços em chamas”, disse Ken.
“Estávamos extasiados por estarmos vivos”, disseram ao relatar que a emergência chegou e foram levados para o hospital. Sonia teve pequenas queimaduras na cabeça, enquanto Ken sofreu queimaduras de 2º e 3º graus em 8% do corpo, o que exigiu uma limpeza dolorosa e várias cirurgias.
Três semanas depois, ele foi liberado para ir para casa. E, no dia de Ação de Graças, a família se reuniu no local do acidente para agradecer a Deus por salvar suas vidas.
“Eu só consigo sentir gratidão e alegria”, disse Ken. E Sonia finaliza: “Nós demos as mãos e formamos um círculo. Oramos e agradecemos, e essa foi a celebração mais feliz que tivemos em família”, concluiu.
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