Pastor expõe mitos e verdades sobre missões na África: ‘A perseguição é real’

O pastor Elias Caetano explicou a realidade por trás das missões na África no podcast “Café com Eles”.

Fonte: Guiame, ALINE GONÇALVESAtualizado: sexta-feira, 7 de junho de 2024 às 18:07
 Rodrigo Salvitti e Elias Caetano. (Foto: Guiame)
Rodrigo Salvitti e Elias Caetano. (Foto: Guiame)

O pastor Elias Caetano foi o novo convidado do podcast “Café com Eles”, feito em parceria com o Guiame, apresentado pelo pastor Rodrigo Salvitti.

Elias é presidente da Missão Mãos Estendidas (MME) — uma organização que atua há 25 anos em Moçambique, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia, capacitando centenas de pastores, atendendo a população carente e plantando igrejas.

Na conversa, o pastor expôs alguns mitos e verdades sobre a realidade por trás das missões na África. 

‘Não há transformação’

Segundo Elias, muitos não acreditam que haja transformação de vidas na África devido a quantidade de missionários que estão trabalhando no continente africano.

“Muitos não acreditam que há uma transformação na África porque já tem muita gente trabalhando e às vezes você não vê uma transformação tão grande. Então, muitos não trabalham na África porque não acreditam na transformação local e acham que não tem jeito, para mim, isso é um mito”, disse Elias.

“É óbvio que cada lugar vai ter os seus desafios, mas o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, não importa o lugar”, acrescentou.

Para o pastor, somente a assistência social não é capaz de trazer transformação: “Precisamos levar o Evangelho. O povo não precisa só de comida, não precisam mudar só a questão social, eles precisam de mudar uma questão espiritual”.

Assista o episódio completo aqui:

‘Verdadeira adoração’

O pastor também explicou que muitos vêem os africanos sorrindo e acham que são totalmente acessíveis. Porém, segundo Elias, o “sorriso fácil” esconde muita coisa:

“Esse sorriso fácil, não quer dizer exatamente que ele está sorrindo de coração para você ou que ele está acessível da forma como parece. Muita gente vê o povo adorando e diz: ‘Nós teríamos que adorar como eles’. Então, são mitos”, explicou o pastor. 

E continuou: “Na verdade, o dia a dia vai provar o que realmente é. Porque a verdadeira adoração não é simplesmente visual, acima de tudo, é uma adoração em espírito. Os verdadeiros adoradores adoram ao Pai em espírito e em verdade. Então, a minha verdadeira adoração não me faz simplesmente levantar as mão, me faz obedecer”.

“Há muita malignidade por trás de um sorriso fácil, então, é mito”, acrescentou.

Ainda falando sobre as manifestações de adoração, Elias destacou: “Também existe a questão de que onde abundou o pecado, superabundou a graça. Então, tem gente que experimentou uma transformação tão grande, que estava amarrado por espíritos malignos, e quando se solta, quer adorar. Nós temos essa realidade”.

Ele contou que em África experimentou os momentos de maior vivacidade em adoração. Por isso, ele ressaltou o exemplo das pessoas que realmente foram transformadas por Jesus e são extravagantes, “porque elas sabiam o quanto estavam amarradas”. 

Feitiçaria e Perseguição

Elias afirmou que na África, a prática da feitiçaria, rituais satânicos e o ocultismo ainda é uma realidade muito presente na vida dos cidadãos. 

“Eles fazem sacrifícios humanos, e falando sobre os mitos, eles creem que os albinos têm ouro nos ossos. Uma outra questão, eles acreditam que os albinos são malditos e têm que morrer de qualquer forma”, contou Elias.

A MME plantou mais de 350 igrejas em África e tem transformado a vida de muitos aldeões. Pensando nisso, Rodrigo perguntou como o pastor lida com a perseguição devido à cultura pagã local.

Elias confirmou que eles sofrem perseguição e destacou: “Há uma perseguição contra filhos de pastores. Os feiticeiros querem matar os filhos de pastores, é muito comum haver esse tipo de ameaça nas aldeias. Então, nós trabalhamos com eles a questão da coragem e fazendo eles entenderem que maior é o poder de Deus”.

Além da feitiçaria, os cristãos locais também enfrentam perseguição por parte dos muçulmanos.

“Esse ano, em Moçambique, nós tivemos igrejas queimadas e muitos cristãos mortos por sua fé. Então, isso também é uma realidade. Mesmo em Moçambique, a perseguição é por parte de grupos radicais islâmicos”, contou Elias.

Segundo ele, a perseguição muda de região para região, mas as ameaças existem e eles precisam estar firmes na fé para continuar levando o Evangelho.

Vocacionados

Para os vocacionados a missões, o pastor explicou que todos devem servir em todos os lugares. Porém, Deus dá chamados específicos:

“Para algumas realidades, Deus dá chamados específicos e se a gente não tiver esse chamado específico, eu não aconselho a pessoa a entrar em alguns ambientes. O meu conselho é para que a pessoa busque realmente ouvir a direção do Espírito Santo”.

“Não ir simplesmente porque você ouviu uma pregação e sentiu. A questão dos sentimentos, a gente sente um monte de coisas, eu tenho que filtrar meus sentimentos. Muita gente acha que o chamado é porque sentiu, então essa questão do sentiu, tem feito estragos”, acrescentou. 

O pastor orientou, que depois de entender o chamado específico, o vocacionado precisa aprender sobre a cultura daquele local para ser assertivo e frutífero.

“Isso é muitíssimo importante, aprender a cultura. Você não pode ir trabalhar com um povo e querer colocar a sua cultura. Eu posso contribuir, mas eu tenho que trabalhar dentro da cultura deles. Eu preciso entender que, o que não é errado, eu vou me aculturar”, destacou Elias.

E continuou: “É claro que tem muita coisa dentro da cultura que são coisas erradas, e aí, nós temos o nosso manual da nossa regra de fé e prática que é a Palavra de Deus aonde quer que for. Agora, eu tenho que ter o entendimento que Deus respeita a cultura de cada povo, desde que, essa cultura não vá contra as leis do Senhor”.

Falando sobre testemunhos de livramentos, o pastor Elias afirmou que Deus tem usado ele e sua equipe para trazer livramento a cidades, a partir da sensibilidade de ouvir o direcionamento do Espírito Santo e da coragem para obedecer. 

“Eu não faço viagem por viajar, eu faço viagem por propósito”, concluiu o pastor.

 

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