Pela primeira vez, os cristãos já não são maioria na Inglaterra e no País de Gales, de acordo com o censo de 2021, que foi publicado nesta terça-feira (29).
Embora estes países tenham sido berços de grandes avivamentos, que resultaram na expansão do cristianismo pelo mundo, o ateísmo e o Islã têm tido um aumento expressivo entre a população.
Segundo o jornal The Guardian, o censo mostra uma queda de 5,5 milhões (17%) no número de cristãos e um aumento de 1,2 milhão (43%) no número de muçulmanos, elevando os seguidores do Islã para 3,9 milhões.
Enquanto isso, 37,2% das pessoas (22,2 milhões) declararam não ter religião, a segunda resposta mais comum depois de cristão.
Isso significa que, nos últimos 20 anos, a proporção de pessoas que declaram não ter religião aumentou de 14,8%
Em termos percentuais, o número de cristãos caiu 13,1, o número de muçulmanos aumentou 1,7 e o número de pessoas sem religião cresceu mais de 22 pontos percentuais.
Imigrantes são mais religiosos
As regiões com maior proporção de pessoas de minorias étnicas são as mais religiosas. Já os lugares com maior proporção de brancos têm maior proporção de pessoas sem religião, de acordo com uma análise do Guardian.
Os lugares com maior número de pessoas sem religião são Caerphilly, Blaenau Gwent e Rhondda Cynon Taf, todos no sul do País de Gales, e em Brighton, Hove e Norwich, na Inglaterra, onde se concentra mais pessoas de minorias étnicas.
Os locais com o menor número de não-religiosos são Harrow, Redbridge e Slough, onde cerca de dois terços da população são de etnias minoritárias.
Nos dois países, 81,7% da população é branca (incluindo não britânicos), 9,3% são asiáticos britânicos, 2,5% são negros (entre britânicos, galeses, caribenhos e africanos) e 1,6% são de outras etnias.
St. Paul's Cathedral, icônica catedral anglicana em Londres. (Foto: Luca Vavassori/Unsplash)
Influência da Igreja Anglicana é questionada
Enquanto o censo revelou uma queda considerável de cristãos, o Islã está cada vez mais difundido. O aumento foi de 4,8% (2,7 milhões) em 2011 para 6,5% (3,9 milhões) de pessoas em 2021.
Ateus e secularistas aproveitaram os números para questionar o papel da Igreja da Inglaterra, que influencia na criação de leis e no ensino religioso nas escolas britânicas.
“É oficial, não somos mais um país cristão”, disse Stephen Evans, diretor-executivo da Sociedade Secular Nacional. “Os números do censo retratam uma população que se afastou dramaticamente do cristianismo e da religião como um todo. O status quo atual, no qual a Igreja da Inglaterra está profundamente enraizada no Estado do Reino Unido, é injusto e antidemocrático — e parece cada vez mais absurdo e insustentável”.
O censo não apontou se as pessoas fazem parte da Igreja da Inglaterra, são católicas, evangélicas ou de qualquer outra denominação. No entanto, as descobertas indicam uma diminuição de fiéis nas igrejas anglicanas da Inglaterra e País de Gales.
Em 2018, a Pesquisa de Atitudes Sociais Britânicas descobriu que apenas 12% dos britânicos eram anglicanos, um número muito abaixo dos 40% em 1983.
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