O Brasil é um país repleto de diversidade. Diferenças culturais que se refletem também na maneira de cultuar a Deus. Foi o que confirmou o resultado da última Avaliação Nacional da Igreja Metodista. A pesquisa foi feita em todas as Regiões Eclesiásticas. Durante três meses (março à maio de 2010), 478 questionários foram respondidos.
Um dos coordenadores da Avaliação, Rev. Jonadab Domingues de Almeida - secretário executivo do 19º Concílio Geral e coordenador do Programa Vida Comunitária da FaTeo, explica que as questões foram respondidas pela liderança dos distritos das Regiões. Foram escolhidas três igrejas - de grande, médio e pequeno portes. Pastores/as, Colégio Episcopal e órgãos gerais como Cogeam Coordenação Geral de Ação Missionária e as Federações dos Grupos Societários também participaram.
A pesquisa reflete o perfil da Igreja. É uma avaliação por amostragem. Não é detalhada, mas, o resultado mostra algumas áreas de preocupação e alguns pontos positivos. É um documento importante para saber como estão às regiões em relação a determinados assuntos, declara o Rev. Jonadab.
Prática litúrgica Um dos itens avaliados diz respeito a prática litúrgica, celebração de sacramentos e unidade da igreja. Foi o resultado mais satisfatório da pesquisa. No geral, 93,8% dos/as entrevistados/as disseram estar satisfeitos com a forma de culto da Igreja Metodista. No Nordeste do país, a pesquisa constatou os melhores percentuais. O posicionamento mais crítico em relação ao assunto veio do Colégio Episcopal 60% demonstraram total contentamento.
Observando os dados, o professor de Liturgia da Fateo - Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, Prof. Dr. Luiz Carlos Ramos, afirma que a pesquisa apresenta um reducionismo do conceito de Igreja (eclesiologia), principalmente se compararmos esse quesito com os índices bem inferiores de itens como engajamento social, compromisso ético, etc. Isso passa a ideia de que na opinião popular a igreja é culto. Ora, o culto é uma parte significativa da vida da igreja, mas a igreja é mais do que o culto. A missão se dá nos intervalos dos cultos, argumenta.
Zelo Evangelizador A preocupação com a expansão missionária também foi avaliada e o resultado aponta para um cenário preocupante. A média de satisfação foi de 47,5%, ou seja, menos da metade das pessoas que responderam ao questionário, compreende que a igreja tem como prioridade a evangelização.
Há uma ênfase nos métodos evangelísticos, de crescimento, de ganhar almas, mas, a paixão ou o zelo acaba ficando em segundo plano. Estamos mais preocupados com a forma do que com o conteúdo, comenta a Rev. Joana DArc Meireles, Secretária Executiva para a Vida e Missão da Igreja Metodista. Entre os/as pastores/as o melhor resultado, dentro desta temática, foi na 6ª Região (71%), o percentual mais baixo veio da 3ª Região Eclesiástica (23%).
Para o Bispo Emérito da Igreja Metodista e professor da FaTeo, Paulo Ayres, a falta de fervor evangelizador explica porque a igreja não tem causado maior impacto transformador na sociedade. No Brasil não temos visto o que o avivamento metodista na Inglaterra, sob a liderança de Wesley foi capaz de provocar - não somente levando multidões à conversão a Cristo, mas também a mudanças importantes e significativas na vida moral, social e política, argumenta.
A pesquisa mostra ainda que a área de comunicação também precisa de investimentos. Metade dos entrevistados demonstrou insatisfação. A igreja não está acompanhando as tendências. Isto não quer dizer que vamos agora avançar neste ramo de qualquer maneira. Temos que fazer uma discussão mais responsável sobre o tema. Nosso foco deve ser Missão. Não devemos copiar o que já existe, ao contrário, precisamos estudar algo nosso voltado para a expansão do Reino de Deus, acrescenta a professora da Fateo Magali do Nascimento Cunha, doutora em Ciências da Comunicação.
Pontos fracos - A Avaliação Nacional revela outras deficiências. O índice mais baixo de sa-tisfação foi no tema: ética cristã e responsabilidade sócio-ambiental. De acordo com a pesquisa, 27,5% dos/as entrevistados/as disseram que a questão é trabalhada de forma plena e relevante. A maioria disse que a abordagem é razoável, insatisfatória ou inexistente. Neste quesito, o Rio de Janeiro aparece com os melhores percentuais. Em média, 47% dos/as pastores/as disseram estar preocupados com o assunto.
Na 2ª Região, o índice de preocupação com ética cristã e responsabilidade sócio-ambiental é de 37,5% entre a Clam. De acordo com o Bispo Luiz Vergílio, a Igreja Metodista precisa abrir os olhos para esta questão. Penso que a discussão do novo Código Florestal determina que este tema seja incluído na agenda da Igreja, como temática a ser trabalhada no próximo período eclesiástico de forma imprescindível, reforça.
Em relação ao discipulado, 50% dos questionários respondidos, demonstraram contentamento com a abordagem estabelecida nas Regiões. Entre as Clam`s os melhores resultados são da 4ª Região, com 75%. A Rema Região Missionária da Amazônia apresentou o percentual mais baixo: 33% dos/as líderes disseram que a forma como o discipulado é trabalhado tem sido satisfatória.
Os dados da Avaliação Nacional vão embasar os relatórios do Colégio Episcopal e Cogeam, que serão apresentados no 19º Concílio Geral da Igreja Metodista. Além dos temas citados, a pesquisa apresenta informações sobre identidade, educação cristã, unidade, compreensão das cartas pastorais e outros assuntos.
Para o Rev. Paulo Dias Nogueira, pastor da Catedral Metodista de Piracicaba e presidente do Conselho Diretor da FaTeo, pesquisas são sempre válidas para embasar pensamentos e ações. Ele acrescenta que a igreja precisa se conhecer para crescer e que, neste sentido, é necessário investir cada vez mais em informações mais detalhadas. Todo o suporte estatístico deve impulsionar a igreja para a Missão. Nosso papel é expandir as fronteiras e desejamos é que as pesquisas mostrem sempre este avanço, finaliza.
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