"Cultuamos como crianças que se recusam a crescer". A afirmação feita pelo pastor Thiago Oliveira pode parecer dura, mas também pode ser considerada uma realidade na opinião de muitos cristãos.
Em um artigo recente para o site "Cante as Escrituras", o pastor destacou que não somente a imensa variedade de recursos, técnicas e incrementos adicionados aos cultos e aos momentos de louvor nos dias atuais - mas principalmente a "necessidade" destes para validar o momento chamado de "adoração" revela certo equívoco por parte de muitos cristãos.
"Um dos maiores problemas de nossas liturgias – na verdade de nosso cristianismo, mas é mais evidente na liturgia – é a infantilização. Cultuamos como crianças que se recusam a crescer. Síndrome de Peter Pan, alguns dirão. Bem, chame como quiser, só não queira fazer parte do 'bando dos meninos perdidos'. Isso é sério!", destacou pastor Thiago.
O autor do artigo lembrou que esta imaturidade pode ser revelada desde o conteúdo de muitas músicas até a conduta que se tornou comum nos momentos de louvor de um número cada vez maior de igrejas atualmente.
"Podemos demonstrar a infantilização a partir dos repertórios com músicas repetitivas, evasivamente alegres e aeróbicas. Já participou de algum momento de 'louvor' que se enquadra neste cenário? Em alguns cultos a repetição e as dancinhas são tantas que dá a impressão de se estar no DVD da Galinha Pintadinha. 'Pula, pula, pula'. 'Grita, corre, dança'. 'Para esquerda e para frente, para a direita e para trás'. Sério que você não enxerga o problema?", questionou o pastor.
Thiago Oliveira lembrou que o que hoje é chamado de reverência pode ter se tornado sinônimo de "monotonia", porém o momento de louvor não deveria precisar de tantos recursos ou de novos formatos para ser validado.
"Diante da presença de Deus, a adoração precisa ser reverente. Sei que para muitos, reverente é sinônimo de chato, mas aí é uma questão de se deixar levar pelo entretenimento pós-moderno, que busca alimentar as sensações. A reverência não anula o motivo do deleite", destacou.
"No caso da adoração, o deleite não deve ser outra coisa senão Deus. Com isso, o culto não deve deixá-lo feliz apenas se houver um estímulo para que você sinta arrepios da ponta do dedo do midinho até seu último fio de cabelo, o que convenhamos, qualquer charlatão que domine técnicas de indução poderá fazer", acrescentou.
Pastor Thiago reforçou que o momento de louvor será prazeroso com a motivação certa se o prazer dos adoradores estiver em Cristo e exemplificou que até mesmo cantando um hino histórico é possível se alegrar na adoração.
"No culto solene, podemos sentir a alegria ao ver que Cristo é louvado por uma multidão de pessoas pecadoras feito você, mas que por graça foram lavadas e remidas pelo sangue do Cordeiro. Não importa se você está de camisa de botão e com um hinário na mão cantando Castelo Forte (hino composto por Lutero no séc. 16). O teu íntimo exultará, pois o teu Deus é o teu quinhão", destacou.
"Devemos ser como crianças"
Thiago também comentou uma passagem usada por muitos evangélicos sobre o fato de "agirem como crianças" durante o louvor e contextualizou o texto bíblico.
"Alguns até dizem que é preciso ser como criança e jogam Jesus no argumento, tirando-o de contexto, é claro. É verdade que em certo sentido devemos ser como crianças. Quando Cristo falou isto aos discípulos, ele intencionava fazê-los humildes", explicou.
"Veja Mateus 18 como começa. Ali nos diz que os discípulos discutiam quem era o maior. Então Jesus segura a criança e fala que eles deveriam ser humildes como ela (verso 4). Ora, a criança estava ali sem nenhuma pretensão, apenas queria estar perto de Jesus. Ademais, na pirâmide social daquele povo, as crianças eram tidas por irrelevantes", acrescentou.
O pastor reforçou que, mesmo se entregando a Jesus como crianças (humildemente, de forma pura) não se deve agir como crianças diante de homens que podem induzir pessoas ao erro.
"O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. (Efésios 4.14,15)", finalizou
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