''Pirimpompom, pirimpompom / É o Moral do meu Brasil''. Quem morou em Fortaleza (CE) entre 2005 e 2009 e não ouviu esse refrão sendo cantado pela cidade? Embalado pela conhecida banda Forró Moral, essa música ficou conhecida na voz de Felipe Gurguel, mais conhecido como ''Felipão''. Porém, quem vê o cantor nos dias atuais pode ter certa dificuldade em reconhece-lo. O tradicional chapéu Panamá e as roupas apertadas já não fazem mais parte do figurino de trabalho do artista, desde a sua saída do grupo. O que o motivou a deixar uma carreira de sucesso? A sua conversão ao evangelho.
Em uma visita à 5ª ExpoEvangélica, Felipão visitou o stand do Guia-me e cedeu entrevista exclusiva, na qual falou sobre o seu trabalho atual, a sua transformação de vida, a mudança de estilo nesta nova fase profissional e o acompanhamento espiritual que tem recebido na Comunidade Cristã Videira, desde a sua conversão.
Confira a entrevista na íntegra:
Guia-me: O nome do seu CD que está sendo lançando é ''Um Novo Tempo''. Parece bem sugestivo para o que você está vivendo atualmente, não é?
Felipão: É! Na verdade, depois que eu entreguei a minha vida a Jesus, comecei a viver esse novo tempo: de vitórias, de conhecer realmente o amor de Deus, de transformações que vão desde a minha casa até aos profissionais que trabalham comigo. Então, nos agradecimentos do CD, eu coloquei que esse é o meu desejo para todas as pessoas: esse novo tempo, essa nova busca, esse conhecimento da palavra de Deus, que todas essas coisas boas, que têm acontecido na minha vida aconteçam na vida delas.
Guia-me: Você era o vocalista de uma das bandas de forró mais renomadas do Nordeste nos últimos tempos. Após ter se convertido, o seu trabalho como músico vai continuar seguindo a mesma linha de ritmo ou vai mudar?
Felipão: Na verdade, nesse primeiro momento, eu não senti que era a hora de gravar um trabalho no formato de forró. Eu enho me envolvido muito com essa questão de louvor, adoração e pedindo direcionamento de Deus. A primeira coisa que a gente realmente sentiu de fazer foi um CD de louvor, adoração, oração, algo bem voltado ao espiritual, realmente. Isso não quer dizer que eu nunca mais vá voltar a cantar forró, mas eu quero sentir o que Deus vai me passar. Se vier um forró, que venha um forró santo. Se não vier, vai continuar nessa linha que está agora.
Guia-me: Na sua opinião, o forró também pode ser uma forma de adoração na música?
Felipão: Eu acredito que sim. Acredito que cada um se comunica e se identifica de uma maneira diferente. É legal que a gente use da música popular brasileira para levar o evangelho para as pessoas também. É engraçado que houve essa mudança no meu trabalho, mas eu passei por um processo muito difícil dentro do forró, então para mim, isso pode até ter contribuído para que eu gravasse um outro estilo agora. Mas eu acho que as pessoas podem usar também o samba, axé, sem perder, logicamente o foco do evangelho.
Guia-me: Essa mudança de estilo seria um tipo de desligamento de uma realidade para entrar em outra agora?
Felipão: Eu não sei bem ainda. Estou tentando entender o que Deus está tentando fazer na minha vida. Muitas pessoas me perguntaram e até cobraram: ''Por que não o forró?''. Eu sempre tentei dar uma linguagem bem nacional ao forró. Por isso a gente usava bastante percursão, pandeiro, cavaco... para ter a linguagem de uma música que chegasse ao Brasil inteiro. Então nessa nova fase, nessa nova estrada, nesse novo tempo - que é, inclusive o nome do disco - essa ideia do pop, a linguagem do louvor e adoração já chega nos quatro cantos do mundo. Então ficou mais fácil encaixar essa ideia.
Guia-me: Como tem sido o acompanhamento espiritual do seu pastor em relação a você e sua carreira?
Felipão: A Comunidade Videira tem me acompanhado desde o primeiro dia. Os novos convertidos recebem todo o acompanhamento. E o pastor Costa Neto foi de suma importância. Ele nunca disse: 'Você devia cantar gospel'. Ele sempre dizia: 'Vamos orar' ou 'Vamos estar juntos e tentar entender qual é a vontade de Deus. Vamos fazer uma coisa de cada vez'. Foi engraçado até que no começo, ele não me disse para largar tudo, mas me aconselhou a ter paciência e orar, porque sempre acreditou que Deus tem o melhor para a minha vida.
Guia-me: Fazendo um ''antes e depois'' da sua conversão, o que você poderia enumerar de principais mudanças que já podem ser percebidas na sua vida?
Felipão: Foram três coisas. A primeira foi a minha casa e a minha casa já envolve a minha família, filhos, casamento... Eu ganhei paz, amor e toda aquela coisa de estar bem em casa. Coisas que eu não tinha, porque naquela época [antes da conversão] o casamento todo não vinha bem e o casamento não vindo bem, muitas outras coisas acabam não sendo boas. O lado profissional, porque eu não esperava que ia continuar cantando. Quando eu me converti, já estava muito desgastado em relação à música. Eu queria fazer qualquer outra coisa que não se relacionasse à música e hoje eu estou cantando, com CD gravado, estou dando o meu testemunho e isso também é muito importante. E outra coisa são as amizades. Deus colocou pessoas maravilhosas na minha vida
Guia-me: Na gravação do DVD do Forró Moral (seu último trabalho pela banda), você deu o testemunho da sua conversão. Você já havia planejado isso há um tempo ou foi algo que surgiu no momento?
Felipão: Quando eu me converti, continuei cantando no Forró Moral. Eu já queria sair, mas exatamente nessa época, os empresários que me vendiam, pediram para que eu gravasse um DVD. Então a gente armou uma estrutura gigante em uma calourada da UNIFOR [Universidade de Fortaleza] e, para mim, tudo aquilo estava sem sentido. Foi gasto muito dinheiro com aquilo tudo e eu pensava: ''Deus, para mim, nada disso tem sentido, porque eu não quero mais isso. Eu não quero mais viver nisso''. Quando eu estava deitado, orando, veio na minha cabeça - eu acho que desceu do céu - a ideia do testemunho e o que eu ia falar. Naquele momento o testemunho passou a ter sentido e o DVD passou a ter sentido, só pelo testemunho.
Guia-me: E como as pessoas que estavam na gravação reagiram a esse testemunho?
Felipão: Foi legal. O público parou para me ouvir. Muita gente chorou, se emocionou e eu espero que tenha conseguido impactar vidas. Valeu a pena.
Por João Neto - www.guiame.com.br
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