Sobre ser o que não é - por Mario Freitas

"Nunca serão! Jamais serão!” – era com essa frase icônica que o Capitão Nascimento pressionava psicologicamente os candidatos ao BOPE em seu processo de seleção, no thriller TROPA DE ELITE, que marcou com orgulho e honra o cinema brasileiro nos últimos anos. Interpretado pelo ator Wagner Moura, o capitão se utilizava da frase em meio às mais humilhantes situações, na perspectiva de que, daquelas dezenas de candidatos, os fracos e corruptos fossem voluntariamente desistindo, e restassem somente os que de fato estariam prontos para defender com a alma a cidade do Rio da criminalidade e do tráfico. 

 

“Nunca serão! Jamais serão!” – Nascimento emitia o brado com um meio sorriso sarcástico no rosto. Apesar disso, alguns poucos acabaram sendo o que ele disse que não seriam, e adentraram o esquadrão. Mas a maioria não seria, jamais, apta a integrar aquela elite. Não somente por competência, mas até mesmo por vocação, não adiantava tentar ser aquilo que nunca foram.

 

Vejo muitos tentando ser o que não são. Eu mesmo já tentei isso várias vezes. E quando paro pra pensar, percebo que minhas tentativas geralmente procuravam impressionar pessoas que dificilmente mudariam o que já pensavam a meu respeito. E o que nunca serei, muitas vezes eu não deixe de ser por incompetência, mas por chamado. Preciso me concentrar em ser tão somente aquilo que eu nasci para ser, nada além. Ou seja, as expectativas que valem a pena ser cumpridas são somente as do Criador a meu respeito.

 

E o mais curioso é que o nosso inimigo vive da constante tentativa de ser o que não é. E tem convencido a muitos que esmerem-se na mesma tentativa. Em sua carta, Pedro afirma que o adversário “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5:8). É isso: ele tenta ser como leão, e fazer-nos sentir como se ele o fosse. Mas ele não é leão. Porque há SOMENTE UM LEÃO. Quanto ao inimigo e seus capangas: nunca serão! Jamais serão!

 

 

- Mario Freitas

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