Teologia da Libertação é esquecida pela Igreja

Teologia da Libertação é esquecida pela Igreja

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:29

Pautada na opção preferencial pelos pobres a vertente teológica que incendiou a América Latina completa 40 anos.

A Teologia da Libertação completa em 2011 40 anos num completo processo de esquecimento pela igreja Católica. Criada a partir das mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II, de 1962, essa proposta teológica incorporou algumas categorias do marxismo e possibilitou o surgimento de Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs), a opção preferencial pelos pobres e um debate que incendiou católicos no mundo todo. Culminou com a proibição dela pelo cardeal Joseph Ratzinger, o hoje papa Bento XVI, que era prefeito da Sagrada Congregação Para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício) no pontificado de João Paulo II.

Um dos principais teólogos dessa vertente católica, o ex-frei brasileiro Leonardo Boff foi duas vezes punidos por Ratzinger com o “silêncio obsequioso” e ficou mais de dois anos sem poder dar entrevistas, fazer palestras ou publicar livros sobre Teologia da Libertação. Acuado, Boff deixou a batina e hoje está mais ligado a causas do meio ambiente. É de Leonardo Boff o livro “Igreja, Carisma e Poder” que deixou João Paulo II e o cardeal Ratzinger de batina em pé e deu início ao processo de renovação do episcopado brasileiro empreendido durante João Paulo e aprofundado agora.

Em Manaus, a Teologia da Libertação teve fôlego nos anos 80 a partir de seu epicentro no Centro de Estudos do Comportamento Humano (Cenesch), escola de nível superior mantida pela igreja Católica e que tinha um curso de Teologia e outro de Filosofia. Neste último, tanto Leonardo quanto o irmão dele, Clodóvis Boff, faziam parte do quadro de docentes. A partir da ação do clero progressista ligado, a TL entrou nas pastorais sociais de Manaus e ai fez várias pequenas “revoluções”. A Pastoral Indigenista gestou o movimento pela demarcação das Terras Indígenas e na visita de João Paulo II ao Amazonas uma liderança indígena fez o discurso de recepção no Arcebispado.

A Pastoral Operária também estava eivada de conceitos da Teologia da Libertação. Ela foi particularmente importante e freqüente nas grandes greves dos anos 80 no Distrito Industrial, quando as condições de trabalho e o arrocho dos salários eram denunciados nacionalmente em movimentos que fechavam a então bola da Suframa.

Nenhuma pastoral ligada a TL foi tão ativa quanto a Pastoral da Terra. Religiosos como o padre Albano e a irmã Helena pregavam a necessidade do povo se organizar para ter acesso a terra e aí eles foram fortes nos processos de invasões que culminaram com a formação da maioria dos bairros de Manaus.

Protagonismo A principal característica da Teologia da Libertação é considerar o pobre, não como um objeto de caridade, mas como sujeito de sua própria história e libertação. Por esssa razão, os teólogos dessa vertente propõem uma pastoral alicerçada nas comunidades eclesiais de base, nos movimentos sociais.

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