“Ter uma vida confortável é uma das piores coisas que pode acontecer”, diz Francis Chan

Pastor deixou sua megaigreja nos EUA e foi para a Ásia aprender com a igreja perseguida.

Fonte: Guiame, com informações do Premier ChristianAtualizado: quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019 às 14:00
“Por que eu abandonei minha megaigreja e comecei de novo”. (Foto: Reprodução/Premier)
“Por que eu abandonei minha megaigreja e comecei de novo”. (Foto: Reprodução/Premier)

Francis Chan é um pastor disposto a enfrentar as dificuldades e a se confrontar para “viver pela fé”, embora ele mesmo diga que lhe falta coragem e a que pede sempre a Deus. Mas a disposição de Chan mexeu por algumas vezes com sua vida ministerial e familiar motivado pelo desejo que diz ter de “praticar tudo o que está na Bíblia”.

Para ele, muitos pastores ficam presos ao que as pessoas querem ouvir, o lado fácil da Bíblia, e ele não queria agir assim. “Nós não vamos ser aquelas pessoas que se reúnem para ouvir algumas bobagens de autoajuda, nem vamos ignorar metade da Bíblia. Eu queria que nos aprofundássemos nas Escrituras - até as passagens que contradiziam nossa lógica e nossos desejos.”

Mais profeta que pastor, Chan não tem medo de dizer o que deve ser dito. Ele está constantemente desafiando os cristãos a levar sua fé mais a sério, acreditar na Bíblia sobre seus próprios pensamentos e contar o custo do verdadeiro discipulado.

“Suas palavras não farão você se sentir confortável e acolhedor. Elas desestabilizam, provocam e desafiam. Uma das piores coisas que pode acontecer é que a vida seja fácil e confortável”, diz Chan.

Ele conta que quando fundou a Igreja Cornerstone, na Califórnia, tinha em mente fugir de modelos de igrejas focadas em determinadas pessoas – seus líderes e pastores. “Eu estava determinado a criar algo diferente do que eu havia experimentado antes. Esta foi a minha chance de construir exatamente o tipo de igreja que eu queria fazer parte.”

A igreja cresceu e tornou-se uma megaigreja com 6 mil membros – e mesmo com as diretrizes novas de Chan, acabou se transformando em uma igreja nos padrões das igrejas existentes. “Nós estávamos apenas olhando para as escrituras e vendo tantos mandamentos que não estávamos obedecendo como igreja”.

Assim, depois de 15 anos, Chan e sua família – esposa e quatro filhos na época deixaram a Cornerstone para serem levados por Deus para Seu propósito.

Viagem à Àsia

Chan conta que chegou ao ponto em que “Lisa e eu sentimos que seria desobediente se não saíssemos”. Assim, vendeu a casa em Simi Valley e foi com a família de 6 pessoas na época para a Índia, Tailândia e China.

“Foi uma aventura incrível que aproximou a nossa família e nos ajudou a reorientar a missão”. Chan conta que viu a destemida dedicação e ousadia dos pastores da Índia, que renunciaram a tudo pelo Senhor e a simplicidade dos estilos de vida na Tailândia rural e a alegria dos homens e mulheres que serviam fielmente viúvas e órfãos todos os dias.

“Na China, vi o evangelho se espalhando como fogo, enquanto as pessoas suportavam e até se regozijavam na perseguição”, contou.

Chan diz que no período em que ficaram na Ásia viram “coisas incríveis”, como a igreja clandestina, a paixão do povo. “Nós estávamos na Índia e nos encontramos e vimos a Igreja perseguida e tudo o que eles suportaram. Nós estávamos com órfãos na Tailândia cuidando deles. E o tempo todo estávamos vendo simplesmente a pureza da fé”.

O autor do livro Louco Amor, disse que mesmo naquele ambiente de dificuldade e perseguição viu que ele “era bem inútil ali”. Chan diz que “às vezes, na América, temos essa visão de que ‘se eu for para o exterior, posso realmente ajudar as pessoas’”.  Mas ele conta que aprendeu e ganhou muito.

Chan diz que sua experiência era tão fascinante que ele não queria voltar para casa. “Mas chegou um ponto em que eu realmente senti que o Senhor disse que eu deveria voltar para os Estados Unidos”.

Expectativas de líderes e membros

Em seu novo livro Cartas à Igreja , Chan explica como muitas vezes ele perguntou aos líderes da igreja e aos fiéis o que esperavam dos cultos no um domingo.

As respostas típicas dos membros são: “Um culto realmente bom, com ministérios fortes específicos para as faixas etárias, um certo estilo, volume e duração do louvor, um sermão bem comunicado… estacionamento… café”.

Chan então pede aos mesmos líderes que listem comandos bíblicos sobre a igreja. Desta vez, as respostas são: “Amem-se uns aos outros como eu os amei” (João 15:12), “Cuidem das viúvas e dos órfãos na angústia deles” (Tiago 1:27) e “Façam discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19).

Diante destas respostas, Chan pergunta aos líderes: “O que aborreceria mais seus membros? Se você não forneceu as coisas da primeira lista ou se você não obedeceu aos mandamentos bíblicos na segunda lista?”

Chan argumenta que muitas igrejas são como zoológicos - tirando “animais poderosos” (cristãos cheios do Espírito) da selva (o campo missionário) e colocando-os em exibição em gaiolas (cultos dominicais). Em uma das partes mais sarcásticas do livro, ele brinca: “Em vez de produzir missionários poderosos e destemidos que vão até os confins da Terra, ficamos com jovens de trinta e poucos anos que vivem com seus pais”.

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