O pastor Silas Malafaia (ADVEC) está preparando um 'ato profético', que será realizado em Brasília no dia 11 de maio e promete revelar informações relevantes sobre o "fim da corrupção e da crise econômica" no Brasil.
Segundo Malafaia, que é Presidente do Conselho de Pastores do Brasil, o ato que irá coincidir com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso deve contar com o apoio de 85% da população evangélica brasileira.
"O ato profético é para declarar que a corrupção vai acabar, que toda a bandalheira vai ser exposta", diz o pastor. "Quando Israel vivia períodos de crise, levantava um profeta que dizia que viriam tempos de paz e prosperidade. E aquilo tudo mudava. Então nós conhecemos esta prática".
Em uma entrevista concedida à BBC Brasil, o pastor destacou que, apesar de ele ter um posicionamento contrário ao atual governo federal, o ato não será contra ou a favor de qualquer partido.
"Vamos trazer líderes evangélicos para podermos orar para livrar o Brasil do caos, da desgraça social, desmascarar essa corrupção toda e termos dias de paz e prosperidade. Cada líder tem o direito de falar o que quiser: tanto pedir oração, quanto falar algo acerca do governo. Eu vou descer a marreta em cima destes caboclos. Mas o ato em si não é para ser a favor ou contra o governo", destacou.
Questionado sobre a possibilidade de que o caráter religioso soe como uma 'máscara' para um ato de motivações políticas, o pastor explicou que a intenção é orar pelo futuro da nação.
"Deixa eu ser bem honesto com você. O ato é uma convocação para fazermos uma oração pelo Brasil. Por isso falamos um ato profético em favor do Brasil. Se algum pastor falar alguma coisa (sobre o governo), a responsabilidade é dele. Eu não falo pelos evangélicos porque não tenho procuração", disse.
"Se o ato fosse meu, eu diria: 'Vamos pedir a cabeça de Dilma'. Como não é meu, não posso falar que vai ser um ato exclusivo (contra o governo). Uns 70 a 80% dos pastores vão se ater só à questão espiritual, vão bater na tecla de orar pelo Brasil".
Ao comentar os objetivos do ato, o pastor explicou que é uma oportunidade para que os cristãos se unam, orem pela nação e declarem que o Brasil terá um futuro melhor.
"O ato profético é para isso, é para declarar que a corrupção vai acabar, que toda a bandalheira vai ser exposta, que não vai ter derramamento de sangue, porque os 'esquerdopatas' têm o DNA da baderna, da desordem", afirmou.
BBC Brasil - Por que a data 11 de maio?
Silas Malafaia - É muito difícil conseguir licença para a Esplanada dos Ministérios. Nós vamos montar uma estrutura violenta, não vai ser trio elétrico, não. Mas devo conseguir antecipar para o dia 27 de abril, quando o impeachment estará na beira, lá no Senado. Se for em maio também vale, mas queremos antecipar para chegar junto deste momento que estamos vivendo.
BBC Brasil - Um grupo de lideranças evangélicas em 25 Estados lançou um manifesto a favor do Estado Democrático de Direito e contra alguns procedimentos da Lava-Jato. Como avalia?
Silas Malafaia - [gargalhada] Isso é o comunismo no Evangelho. A maioria destes caras, não todos, têm ONGs que mamam no governo. Não representam 1% dos evangélicos do país. Tem luteranos nisso aí, metodistas, presbiterianos... Eu conheço os caboclos, é tudo petista, meu chapa. Eu já disse: assino qualquer documento pelo afastamento de Cunha, Dilma e Renan. Não sou hipócrita.
Estado Laico ou Laicista?
Ainda respondendo às perguntas da BBC Brasil, Malafaia destacou que não há conflitos entre religião e política neste ato, nem qualquer atentado contra o Estado Laico.
"O cristianismo é uma ideologia. Quem disse que a de Marx vale mais? Isso é uma falácia para impedir a manifestação das pessoas. O estado é laico, não tem religião, mas não é laicista, não é contra a religião. Quem falou que a política é laica? Ela representa os anseios e ideologias do povo, sejam eles ateístas, comunistas ou cristãos. Não se pode descartar crenças e valores de uma pessoa. Eu, quando falo, falo como cidadão e isso independe do meu cargo e função. Sou um cidadão brasileiro", destacou.
Malafaia ainda assumiu que muitas igrejas que estão aderindo ao ato profético pretendem levar ônibus com fiéis para participar do evento, mas destacou que a iniciativa é diferente de protestos como os da CUT e MST.
"Aqui, meu filho, é cada um por si. Eu não pago nada, não pago lanche, porcaria nenhuma", disse.
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