Vida próspera de Salomão é tese para estudo científico

Vida próspera de Salomão é tese para estudo científico

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:32

No Antigo Testamento, Salomão é retratado como um rei poderoso e um homem de negócios internacional, que fazia comércio com várias partes do mundo, incluindo a África. Salomão também recebeu uma famosa visita da rainha de Sabá, que seria a governante da região da antiga Etiópia.

Conforme divulgado noPavaglob, esse novo estudo científico, “The History of African Gene Flow into Southern Europeans, Levantines and Jews”,  faz uma “linha do tempo” genético que poderia apoiar cientificamente esse relato bíblico. O documento baseia-se em dois estudos que foram os primeiros a usar análises genômicas para traçar a história do povo judeu através do DNA.

“Ele demonstrou que há uma base biológica para caracterizar os judeus”, disse o Dr. Harry Ostrer, diretor do programa de genética humana da New York University, que liderou um dos estudos.

Entre as suas muitas descobertas, Ostrer indicou que os judeus têm ascendência entre os povos africanos. Foi essa observação que David Reich, professor de Genética da Universidade de Harvard, e seus colegas decidiram explorar mais a fundo.

Equipe de Reich analisou mais de meio milhão de amostras de DNA em todo o genoma de membros de sete diferentes etnias judaicas – incluindo os ashkenazim do norte da Europa; os sefardim da Itália, Turquia e Grécia, e os mizrahim da Síria, Iraque e Irã. Então compararam os dados genéticos com o DNA de 15  povos africanos do sub-Saara.

Na edição de abril da revista PLoS Genetics, os pesquisadores explicam que pode-se atribuir cerca de 3% a 5% da ascendência dos judeus modernos aos africanos subsaarianos, e que a troca de genes entre judeus e africanos subsaarianos ocorreu cerca de 72 gerações atrás, ou mais de 2.000 anos.

Priya Moorjani, doutora que liderou a pesquisa, ficou surpresa como o grau de DNA dos africanos foi tão consistente entre as várias populações judaicas. Ela esperava, por exemplo, que os norte-africanos e os judeus do Oriente Médio teriam um maior grau de mistura genética que os europeus, devido à sua proximidade geográfica.

Os resultados, segundo Moorjani, podem apontar para uma ancestralidade comum entre os diversos grupos judaicos. ”É definitivamente sugestivo que essas populações de judeus têm um ancestral comum”, disse ela.

Embora a equipe de Harvard não pôde determinar onde exatamente a troca de genes ocorreu, os resultados complementam o entendimento dos historiadores da narrativa judaica.

Moorjani seguiu a ascendência genética usando um método chamado roll off. Esta plataforma, desenvolvida no laboratório de Reich, compara o tamanho e a composição das fitas de DNA de dois grupos étnicos para calcular quando se misturaram. Quanto menor e mais quebrados forem os segmentos do DNA, mais velha a data da mistura. Traçando a distribuição destes segmentos e estimando sua taxa de deterioração genética, o laboratório de Reich pôde determinar ainda a proporção de herança genética africano na ascendência, e calcular quando as populações se misturaram.

“A deterioração genética acontece muito lentamente,” Moorjani explica, “tanto que hoje, milhares de anos mais tarde, há bastante evidência para que estimemos a data da mistura da população.”

Lawrence Schiffman, professor de hebraico e estudos judaicos da Universidade Yeshiva, disse que há dois períodos distintos que poderiam confirmar tais descobertas dos geneticistas. O primeiro é o período do Primeiro Templo, entre 950 aC e 600 aC, quando o reino de Salomão teria iniciado o contato com os africanos.

Ou ainda, Schiffman diz, a mistura de populações poderia ter ocorrido um pouco mais tarde, durante o período helenístico, entre 320 aC e 30 aC, quando os judeus viviam no litoral sul do Mar Mediterrâneo e poderiam ter entrado em contato com os africanos ao sul.

Embora os relatos bíblicos oferecem explicações possíveis para as descobertas, Schiffman salienta que ele e outros cientistas sociais só podem oferecer interpretações históricas dos dados genéticos. “Temos que pegar o que eles estão nos dando, e adicioná-lo à nossa imagem da história”.

Stillman apontou que os judeus muitas vezes são consideradas um grupo insular, porque tendem a se casar apenas dentro de sua comunidade. Mas ele insiste: “isso não significa que não houve, em toda a história, um influxo de outros no grupo.” O professor Reich acredita que a genética e a história não são realmente tão díspares. Para ele, essa é “uma forma complementar de estudar história.”     Por Pollyanna Mattos Com informações do Pavablog

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