O cantor sertanejo César Menotti, da dupla com Fabiano, falou sobre sua caminhada com Deus em um episódio do Positivamente Podcast, publicado na terça-feira (15). Ele falou sobre sua conversão, fase de depressão e carreira na música secular.
“Nós nascemos em um lar católico e nos tornamos evangélicos”, revelou Menotti à apresentadora Djessi.
César conta que trabalhava como office boy em Belo Horizonte (MG) e, aos 16 anos, foi para São Paulo assistir a um show no Sesc Pompeia. Ali ele conheceu um sanfoneiro, que o convidou para se apresentar com ele em um bar. Desde então, sua vida passou a ser nos palcos.
Foi nessa época que ele teve seu primeiro encontro com Deus. “Em São Paulo comecei a frequentar uma igreja evangélica, ouvir a Palavra e me interessei por uma questão que eu não tinha, de leitura bíblica. Isso me atraiu muito”, conta.
Coincidentemente, toda sua família foi tocada pelo Espírito Santo, mesmo estando em locais diferentes. “Meu irmão do meio, que hoje é pastor voluntário, se converteu no Rio de Janeiro. Meu pai se converteu em Mato Grosso, e estávamos todos separados. Como éramos um pouco preconceituosos com evangélicos, não falamos um para o outro o que estava acontecendo”, lembra.
“Mas quando nos encontramos novamente em Belo Horizonte, começou um papo. O meu irmão, Fábio, veio mais cheio de fogo e disse que se converteu, e a gente foi soltando. Resumindo: a família toda já estava meio engajada, Deus já tinha preparado isso”, continua César.
Em Belo Horizonte, César e Fabiano começaram a frequentar a Igreja Batista da Lagoinha. “Foi onde ocorreu realmente uma aproximação com Jesus”, observa.
Fabiano, dupla com César Menotti, ao lado de André Valadão durante culto na Lagoinha Church, em Orlando. (Foto: Reprodução/Facebook)
Carreira na música x fé
A conversão a Jesus aconteceu antes da fama. “Junto começou uma carreira musical que acabou fazendo muito sucesso e fomos aprendendo a lidar com isso”, afirma. “Quando a gente estourou, eu já tinha uma rotina de igreja e de relacionamento com Deus”.
O cantor revela que seus colegas de profissão sempre “admiraram muito” ele e Fabiano e os “tiveram como referência”, por seu posicionamento na indústria da música.
“Deus me deu muita força, porque às vezes a pessoa diz ‘eu nunca me prostitui, nunca traí’, mas também nunca teve uma oportunidade. Eu tive muita oportunidade. Não criticando quem fez, porque há outros tipos de fraqueza que eu caio também. Por exemplo, eu nunca vou cair na bebida; você pode me levar no bar mais top e pedir toda a cachaça do mundo, mas eu não caio porque eu não gosto. Mas se eu estou em dieta e você me leva em uma confeitaria, eu certamente vou cometer o pecado da gula e não vou me controlar”, disse César.
“Fui aprendendo que o amor não é um sentimento, mas uma escolha. A partir do momento que eu escolho amar minha mulher, ser fiel se torna um prazer, e não um fardo”, acrescenta.
O artista também falou sobre o fato de muitos não entenderem como eles podem ser cristãos e continuar cantando música sertaneja.
“Eu vivia esse duelo na mente, por ouvir de todo mundo: ‘Por que vocês não gravaram um disco gospel? Por que vocês não largaram isso ainda?’ Era profetada para lá e profetada para cá. Isso me levou para o fundo do poço no sentido emocional. Hoje eu sou absolutamente bem resolvido”, disse o cantor.
“Eu entendo o sentido, o propósito e procuro preservar princípios nas coisas que eu gravo, nas mensagens que eu deixo. Não sou um artista para o meio evangélico e não faço nada voltado para isso; pelo contrário, tudo o que eu faço é direcionado, inclusive nas coisas pessoais, para pessoas que nunca iriam para a igreja”, destacou César.
César acrescentou que “quando você conhece sua identidade e sabe em Deus quem você é, essas coisas não te abalam mais”. “Eu sei que na multidão de conselhos há sabedoria, mas eu sempre lembro daquela frase: o lírio nasce no meio do lodo, mas não se contamina”, pontuou.
Luta contra a depressão
O artista observou que, dos 17 anos em diante, sua vida foi nos palcos — saindo dos pequenos bares para o sucesso em âmbito nacional. No meio de sua trajetória, ele enfrentou um processo de depressão profunda.
“Numa noite, num domingo, eu tinha chegado dos Estados Unidos e liguei para um amigo meu, André Valadão, e me abri. Eu tive força para pedir ajuda”, revela. O pastor André Valadão encaminhou César para a pastora Ezenete Rodrigues, que recebeu o artista para um período de retiro na Estância Paraíso, em Minas Gerais.
“Eu fui criando a expectativa que eu ia chegar lá, um pastor ia colocar a mão na minha cabeça, eu ia cair e acabaria tudo. Cheguei lá, vi que não era assim. Fiquei 12 dias internado, sendo tratado por pastores, psicólogos e a conclusão que chegaram foi a seguinte: você vai sair daqui, procurar um psiquiatra e iniciar um tratamento”, conta César.
O cantor tratou da sua saúde emocional por mais de 10 anos. “Ainda faço uso de medicamento, não consegui fazer o desmame. Mas descobri um processo de coach — que era uma coisa que eu tirava muito sarro — onde eu aprendi ferramentas que hoje me ajudam a mudar o que estou sentindo, coisas práticas que funcionam muito”.
Embora reconheça a importância dos profissionais da saúde, César traz um destaque ainda maior para o papel da igreja na luta contra a depressão. “O suporte da igreja me ajudou muito”, disse.
“Apesar de não ser tão frequentador, ainda mais por causa da pandemia, eu vejo que a igreja tem um papel fundamental. Eu, por exemplo, pude ir num bom psicólogo, mas uma pessoa que mora na comunidade, vai na terapia? Ele entra numa igreja e pede ajuda para o pastor”, comenta.
Ele deixou ainda uma mensagem para quem está lutando com a depressão: “Tenha força e coragem para pedir ajuda. Mas não vá para o Instagram desnudar a alma para quem não pode fazer nada por você, porque a carência te expõe. Abra o coração para quem pode te ajudar”.
Por fim, César deixou uma mensagem de fé: “O melhor lugar no mundo para estar é no centro da vontade de Deus. Quando Deus está no centro, tudo em volta fica organizado”.
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