Crise econômica ou bênçãos de Deus? Rabino Mário Moreno explica o que representa o ano Shemitah

A fim de esclarecer o tema, o Rabino Mário Moreno explicou, em entrevista ao Guiame durante o 4º Salão Internacional Gospel, como o período de descanso ordenado por Deus é aplicado na vida dos fiéis e no contexto mundial.

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: segunda-feira, 10 de agosto de 2015 às 20:21

 


Rabino Mário Moreno em entrevista ao Guiame durante o 4º Salão Internacional Gospel. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo Corrêa)

 

O ano de Shemitah foi iniciado em setembro de 2014, que representa o ano 5775 no calendário judaico. Crises econômicas, abalos mundiais, restituição das perdas e descanso do povo de Deus são características que marcam o período.

Porém, muitas dúvidas sobre o assunto surgem quando o Shemitah é tratado no meio cristão. A fim de esclarecer o tema, o Rabino Mário Moreno explicou, em entrevista ao Guiame durante o 4º Salão Internacional Gospel, como o período de descanso ordenado por Deus é aplicado na vida dos fiéis e no contexto mundial.

"O ano judaico acontece em ciclos. Cada mês judaico tem um ciclo, que tem um significado. Esse ano de Shemitah, para nós, é muito importante. Espero que o nosso povo, que é a igreja e os judeus messiânicos, entendam isso", disse Mário Moreno.
 
Confira a entrevista completa:

Guiame: O que é o Shemitah?
Rabino Mário Moreno: O Shemitah acontece porque no calendário judaico você tem 6 anos em que o judeu trabalha na lavoura. No 7º ano a terra descansa. Esse descanso da terra é chamado de Shemitah, que é o período no qual a terra descansa de seu trabalho, e o judeu descansa de trabalhar na terra.
 
Guiame: Na prática, como o judeu encara o Shemitah nos dias atuais?
Mário: O judeu guarda o ano de Shemitah não trabalhando mesmo. Ele vai receber da terra aquilo que ela dá. Como ele já tem sido obediente às leis da Torá, o ano de Shemitah faz com que as bênçãos da terra sejam tão grandes que ele vai colher praticamente as mesmas coisas do tempo em que ele trabalhava, e com um detalhe interessante: como ele não precisa trabalhar, esse é o período em que o judeu passa a estudar a Torá em todo o ano. Como ele não tem oportunidade de estudar enquanto está trabalhando na terra, pelo tempo e pelo cansaço, nesse período ele tem a oportunidade de descansar e estudar, e ter de volta aquela intimidade com o Todo Poderoso.
 
Rabino Mário Moreno em entrevista ao Guiame durante o 4º Salão Internacional Gospel. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo Corrêa)
 
Guiame: Os judeus guardam o período de Shemitah todos juntos, ou cada pessoa começa contar a partir do início de suas atividades?
Mário: Não, o judeu guarda segundo o calendário judaico. De acordo com o calendário, estamos no ano de Shemitah, que começou no ano passado e vai terminar em setembro deste ano. O que está estabelecido no calendário judaico são: seis anos se trabalham e no sétimo tenho o descanso. Esse é o ano do descanso. Então no ano de Shemitah, enquanto se descansa, as dívidas são perdoadas e há uma restituição daquilo que foi perdido. Então é um ano também no qual o judeu está sendo restituído daquilo que ele perdeu e as dívidas que ele contraiu estão sendo perdoas, ou seja, ele está restabilizando sua vida. Aquele que teve um desencontro financeiro e acabou tendo perdas e baixas, vai se resstruturar nesse ano.
 
Guiame: Para as pessoas que não seguem o judaísmo arduamente, mas querem começar a guardar o Shemitah, como podem se preparar para isso?
Mário: O judeu já tem uma preparação porque os nossos sábios e rabinos ensinam suas congregações a guardarem esse ano já de acordo com o calendário judaico. Então para nós, por exemplo, o que podemos fazer? O ano de Shemitah já está acabando, mas nós podemos nos dedicar ao estudo da Torá até o final do ano de Shemitah e procurar esperar uma restituição daquilo que nós perdemos. 
 
Guiame: Como o Shemitah pode ser aplicado em nosso país?
Mário: O Shemitah tem uma aplicação profética aqui no Brasil. Aqui nós, infelizmente, não fazemos isso. A terra não tem descanso, e por isso podemos ver que temos muita perda na agricultura, que poderia ser minimizada se nós obedecêssemos a Palavra do Eterno. Como não há obediência, há perda. Infelizmente a gente está sofrendo isso, e sofre isso há gerações infinitas. Mas nós poderíamos ter isso de uma forma diferente aqui no Brasil se obedecêssemos a Palavra do Eterno de forma plena, sem questionar e sem medo de dizer: "No Shemitah eu não vou trabalhar, vou me dedicar a obedecer e estudar a Palavra do Eterno". Quem tem que se encarregar de obedecer sou eu, quem tem que se encarregar de abençoar é o Eterno. Ele mesmo vai abençoar e fazer com que a terra dê o que é necessário e fazer com que todos nós recebamos da parte do pai aquilo que é necessário para nós.
 
Rabino Mário Moreno em entrevista ao Guiame durante o 4º Salão Internacional Gospel. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo Corrêa)
 
Guiame: É até mesmo uma questão de fé. Eu, como uma pessoa que não moro em Israel e nem sou judia, vou até meu patrão, peço demissão, e vivo o ano dependendo do Senhor pela fé, não é?
Mário: Se você morasse em Israel e trabalhasse na agricultura, isso seria uma realidade para você. Não de pedir demissão, mas você pode continuar trabalhando e fazer uma aplicação do Shemitah estudando a Palavra. Como você não trabalha na agricultura e sim numa outra área de atividade, você não precisa sair do seu trabalho. Mas aí entra o estudo e a dedicação à Palavra do Eterno durante todo o ano, e a obediência a Palavra. Porque uma das coisas que se fala muito é em quebrar uma maldição. Mas na realidade se eu obedecer eu evito que a maldição chegue em minha vida, eu não preciso quebrar. Por isso é tão importante a gente parar hoje para obedecer a Palavra do Eterno.
 
Guiame: Como você disse, no Brasil o Shemitah tem uma aplicação profética. De que forma isso acontece? Pode afetar todo o mundo?
Mário: Na realidade já tem afetado. Você deve se lembrar que em 2001 nós tivemos um ano de Shemitah e houve uma crise econômica. Sete anos depois, em 2008, outra crise econômica, e agora mais uma crise. Essas crises acontecem em Shemitah no mundo todo porque para alguém receber uma restituição, outro tem que perder. Como as pessoas não obedecem, o Eterno acaba punindo até nações inteiras com crises profundas. O Brasil e o mundo tem sofrido isso, só que em Israel não se ouve falar de crise. Israel esteve em expansão durante todo esse ano. Por que será que tem essa diferença, o mundo está em crise e Israel não? É a obediência a Shemitah. Esse é um projeto do Eterno, tão importante para nós, que ele abre e fecha um ciclo de sete. O sete, na Bíblia, está ligado à plenitude. Todas as vezes que eu entro num ciclo de sete, eu entro em um período de plenitude, que vai acontecer agora no final desse ano judaico, que vai ser no fim de setembro desse ano - o jubileu.
 
Guiame: No final do ano judaico, que é em setembro, é o mês de Elul. Nesse mês poderá acontecer um estrondo econômico de impacto mundial?
Mário: Nesse mês pode acontecer alguma tragédia econômica, principalmente se as pessoas estão andando em desobediência à Palavra do Eterno. Agora, nós que obedecemos a Palavra esperamos que isso não aconteça, pelo contrário. Que haja um mover do Eterno na nossa direção para que nós sejamos abençoados e restituídos. Enquanto o ímpio está plantando, ele vai perder para nós podermos ganhar, porque isso é uma regra básica para o Eterno. Está escrito na Palavra que o ímpio plantaria para que o justo colhesse. Se isso acontece, quando tem que acontecer? Justamente no período de Shemitah, que é esse período do retorno, no qual nós temos essa restituição. Então nós temos que esperar coisas terríveis para o mundo? Com certeza podemos. Até o final desse ano, muita coisa ainda pode acontecer, mas nós temos que nos firmar na obediência à Palavra do Eterno, e isso vai trazer bênçãos e vitória para a nossa vida, com toda certeza, assim como está acontecendo na nação de Israel, que é o nosso protótipo e o nosso padrão.
 

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