Em encontro com Papa, líderes dizem que religiões podem contribuir para acordos de paz

Líderes cristãos, muçulmanos e judeus se reunira para discutir como as religiões podem contribuir para soluções de paz no mundo.

Fonte: Guiame, com informações do Religion News ServiceAtualizado: sexta-feira, 17 de janeiro de 2020 às 14:02
Papa Francisco e o Sheik Ahmed el-Tayeb, o grande imã de Al-Azhar do Egito, trocaram uma declaração conjunta sobre “fraternidade humana” em 2019. (Foto: AP Photo/Andrew Medichini)
Papa Francisco e o Sheik Ahmed el-Tayeb, o grande imã de Al-Azhar do Egito, trocaram uma declaração conjunta sobre “fraternidade humana” em 2019. (Foto: AP Photo/Andrew Medichini)

Um acordo de paz envolvendo Israel está vinculado aos acontecimentos que são apontados pelas profecias bíblicas. Líderes cristãos, muçulmanos e judeus se reuniram esta semana em Roma para discutir como as religiões podem contribuir com soluções de paz em regiões de conflito, como o Oriente Médio.

A Iniciativa de Fé Abraâmica (AFI, na sigla em inglês) uniu 25 líderes religiosos entre 14 e 17 de janeiro na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. 

Entre os participantes estavam o cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso; Shaykh Abdallah Bin Bayyah, presidente do Fórum para a Promoção da Paz nas Sociedades Muçulmanas; Riccardo di Segni, rabino principal de Roma; e o patriarca ortodoxo Grego Theophilos III de Jerusalém.

Muitos esforços de paz fracassaram porque não consideraram as implicações religiosas, de acordo com Sam Brownback, embaixador dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional, que também esteve no encontro.

“Se tivéssemos envolvido os atores religiosos há 30 anos nas negociações e discussões de paz no Oriente Médio, dizendo ‘ok, é nisso que estamos pensando, o que vocês acham? Nos ajude a construir a paz’, estaríamos em um lugar diferente hoje”, disse Brownback ao Religion News Service.

“Ainda não temos paz no Oriente Médio e as perspectivas não parecem particularmente boas”, ele acrescentou.

Em sua declaração final publicada na quinta-feira (16), os membros da AFI afirmaram que irão “servir pessoas de outras religiões e sem crenças” e condenaram aqueles que “usam o nome de Deus, ou os ensinamentos de Abraão, para incitar derramamento de sangue ou oprimir outros”.


Muro das Lamentações e a Cúpula da Rocha, locais sagrados para judeus e muçulmanos em Jerusalém. (Foto: RNS/Emily McFarlan Miller)

Os participantes do evento se reuniram com o Papa Francisco na quarta-feira (15) e, em sua declaração final, citaram o “Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum”, assinado em fevereiro do ano passado com o grande imã de Al-Azhar, Ahmed el-Tayeb, no Emirados Árabes Unidos.

“Como o Papa Francisco nos disse ontem à noite, nosso foco deve estar em como construir fraternidade, o que significa laços de amizade”, disse o rabino David Rosen, diretor de assuntos inter-religiosos do Comitê Judaico Americano.

Durante a audiência com o papa, os líderes religiosos apresentaram vários planos de ações conjuntas, desde a criação de uma rede de agências religiosas para discutir sobre a imigração ou combate à pobreza, até o estabelecimento de uma delegação simbólica para colaborar respeitosamente em áreas de conflito.

“Falando sobre Jerusalém, acho que os líderes ignoraram a dimensão religiosa, que faz parte do problema”, disse Rosen. “Se você lidar com os conflitos tendo como base apenas as questões territoriais, como o mercado imobiliário, não será suficiente, porque existem questões intangíveis relacionados ao apego histórico e à identidade espiritual das pessoas”.

“Isso é algo que os políticos ainda não entenderam, então talvez essa seja uma maneira de abrir a porta para esse entendimento”, acrescentou o rabino.

Vindo da Indonésia, que tem a maior população muçulmana do mundo, o clérigo muçulmano Yahya Cholil Staquf acredita que a construção de paz e harmonia entre as religiões deve ter um impacto global.

“Com tudo o que está se desenvolvendo globalmente, vemos todos os tipos de ameaças à harmonia de nossa sociedade. Portanto não há escolha, também devemos nos envolver globalmente”.

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