Um novo currículo escolar na Austrália está sendo desenvolvido para ‘encorajar’ as crianças a ‘explorar’ o gênero, num esforço que, para os críticos da iniciativa, é pura doutrinação ideológica. Eles dizem que a proposta quer semear confusão nas mentes jovens e vulneráveis, por estarem em formação.
Tanto estudantes do sexo masculino quanto do sexo feminino, em pelo menos 10 escolas na Austrália, receberão “uma variedade de roupas e brinquedos” para que possam “explorar os papéis de gênero e quebrar estereótipos”, dizem os relatórios. O programa também pretende ensinar às crianças sobre roupas étnicas e religiosas como a burka, usada por mulheres que praticam a fé islâmica.
Peter Abetz, do Australian Christian Lobby, organização de defesa cristã conservadora, diz que “isso vai doutrinar as crianças com a ideia de que elas podem escolher ser um menino ou uma menina”.
Pastor ordenado há 25 anos pelas Igrejas Cristãs Reformadas da Austrália, Abetz questiona: “Por que os meninos precisam se vestir com roupas de meninas? Vamos nos dedicar à educação e não tentar doutrinar as crianças com essa ideologia de gênero”.
Contra o programa
Um porta-voz do Departamento de Educação da Austrália não confirmou nem negou, se a proposta fará parte do programa de educação de gênero, afirmando que o “currículo ainda está sendo desenvolvido”. Mas as vozes contrárias já se levantam contra o programa.
O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, está entre os críticos. “Eu não quero que os valores dos outros sejam impostos aos meus filhos na minha escola e eu não acho que isso deva acontecer em uma escola pública ou em uma escola particular”, disse ele em uma recente entrevista de rádio.
Os comentários de Morrison vêm em meio a preocupações crescentes de que a ideologia da identidade de gênero tenha se entranhado no sistema educacional nos últimos três anos, já que o número de crianças que querem mudar de sexo subiu 236%.
Em setembro, um relatório informou que os professores estavam sendo treinados para identificar possíveis alunos transexuais sob o disfarce de “desenvolvimento de padrões profissionais”. Eles aprendem a identificar frases-chave, como eu me sinto diferente, sou andrógino e nasci com dois espíritos, indicando tendências transgênero em alunos de até 5 anos”, explicou o Daily Telegraph (Austrália).
Na época, o primeiro-ministro advertiu: “Nós não precisamos de 'sussurros de gênero' em nossas escolas. Deixe as crianças serem crianças”.
Justificativas
Enquanto isso, os proponentes insistem que o novo programa na Austrália – que é chamado de “Relações de Respeito” – se justifica e é importante para implementar a mudança cultural nas atitudes e na violência familiar e doméstica.
“Ao introduzir relacionamentos respeitosos nas escolas, podemos continuar implementando mudanças culturais nas atitudes em relação à violência familiar e doméstica”, disse Simone McGurk, ministra da Prevenção da Violência Familiar e Doméstica.
Os críticos, no entanto, alegam que o currículo discute temas que não devem ser abordados em escolas e por crianças pequenas. “O programa sugere que os professores peçam a grupos de estudantes que decidam se consideram determinadas atividades como 'sexo' ou 'não sexo’”, de acordo com um relatório.
Não são apenas cristãos e conservadores sociais que se opõem a esses tipos de programas destinados a crianças. Natasha Chart, presidente do grupo feminista radical Women’s Liberation Front, argumenta em um ensaio publicado pelo The Federalist, que só porque as meninas gostam de usar calças não significa que elas devam ser encorajadas a se identificar como o sexo oposto. “As meninas nem sempre gostam de vestidos. Isso faz delas um menino?".
Chart levanta questionamentos sobre comportamentos culturais relativos a vestimentas que não fizeram de homens, mulheres por causa da roupa que usavam: “Como ficam as representações dos faraós egípcios vistos nas muitas pinturas e estátuas que sobrevivem dessa antiga monarquia? E o uso masculino do sarong javanês é uma mensagem de identidade de gênero? O kilt escocês? A toga romana? O quimono japonês? O thaub saudita?”.
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