Famílias protestantes podem ser expulsas de vila no México, se não pagarem multa por sua fé

Duas famílias correm o risco de serem expulsas de suas casas por não pagar uma multa para exercer sua crença em uma comunidade indígena do México.

Fonte: Guiame, com informações do CSWAtualizado: terça-feira, 17 de novembro de 2020 às 14:16
Moradores de uma comunidade vão a uma igreja em La Laguna, no México. (Foto: Samaritan's Purse)
Moradores de uma comunidade vão a uma igreja em La Laguna, no México. (Foto: Samaritan's Purse)

Líderes de uma vila no estado de Hidalgo, no México, estão ameaçando expulsar duas famílias protestantes caso não paguem o valor integral de uma multa por causa de sua crença religiosa.

As duas famílias pertencem a um grupo de famílias protestantes em La Mesa Limantitla, localizada na região de Huasteca, que foram pressionadas a assinar um acordo de renúncia à sua fé em janeiro de 2019. 

Enquanto oito famílias assinaram o acordo, outras duas se recusaram. Por causa disso, Nemesio Cruz Hernández, Eligio Santiago Hernández e suas esposas, Maria Francisca Martínez Hernández e Angelina Martínez Hernández, perderam o acesso à água, sistema de esgoto, programas de benefícios do governo e às máquinas agrícolas comunitárias por mais de um ano.

As famílias foram forçadas a assinar um acordo ilegal em 15 de janeiro de 2020, no qual renunciaram ao seu direito de realizar cultos religiosos para ter de volta seu acesso à água e outros serviços essenciais. 

As autoridades estaduais pagaram parte de uma multa de 57.700 pesos mexicanos (equivalente a R$ 15.300) que foi cobrada de cada família como parte do acordo. No entanto, após várias reuniões, incluindo a mais recente em 7 de novembro, as famílias foram informadas de que enfrentariam o risco de terem os serviços essenciais novamente cortados ou serem expulsas da comunidade, pois não podiam pagar o resto da multa.

As famílias já haviam sido ameaçadas de deslocamento forçado por líderes comunitários em julho de 2019, se não fizessem contribuições financeiras para festivais católicos romanos e participassem de outras atividades que vão contra suas crenças religiosas.

As violações de liberdade religiosa são comuns na região Huasteca de Hidalgo, que tem uma grande população indígena. Entre elas, estão o bloqueio de serviços essenciais à minorias religiosas, como o acesso a água, eletricidade e escola, além de prisões e deslocamento forçado.

A lei mexicana dá às comunidades indígenas o direito de proteger sua cultura e manter estruturas de governo tradicionais, desde que os direitos humanos fundamentais, como a liberdade religiosa, sejam respeitados. No entanto, a falta de compreensão da lei e a falta de ação do governo levam a um alto índice de perseguição religiosa.

A Christian Solidarity Worldwide (CSW), organização de direitos humanos sediada no Reino Unido, expressou sua preocupação com as famílias evangélicas mexicanas e pede que o governo tome “medidas rápidas para garantir seu direito à liberdade religiosa”. 

“Pedimos às autoridades locais em La Mesa Limantitla que coloquem fim ao assédio a essas famílias e permitam que elas pratiquem sua religião sem obstáculos ou condições ilegais”, disse o CEO da CSW, Scot Bower.

“Também convidamos o governador do estado de Hidalgo, Omar Fayad Meneses, a enfrentar as injustiças contra essas famílias sem demora e a garantir que os funcionários de seu governo respeitem o estado de direito”.

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