Natalie Ryan, um jogador de golfe – de sexo biológico masculino que se denomina mulher trans – foi desqualificado de um torneio feminino na Califórnia na sexta-feira (12). Após ser notificado, o atleta afirmou que irá batalhar contra a decisão em meio a uma disputa judicial em andamento.
A princípio, o atleta transgênero foi aprovado para participar do evento Disc Golf Pro Tour (DGPT), após obter uma ordem de restrição temporária durante o processo de discriminação que moveu contra a Professional Disc Golf Association (PDGA). No entanto, o DGPT contestou a decisão e saiu vitorioso, removendo Ryan do OTB Open, um torneio de golfe de disco (disc golf).
O evento, organizado anualmente pela DGPT, reúne alguns dos melhores jogadores de golfe de disco do mundo para competir em uma série de desafios. Na época de sua desqualificação, Ryan estava em quinto lugar na competição.
No domingo, Ryan prometeu continuar lutando.
"O DGPT e o PDGA têm medo de metáforas, então removi minha postagem anterior. Em vez disso, vou deixar a mensagem dessa postagem incrivelmente clara. Minha remoção do OTB foi direcionada exatamente como a nova política", dizia a mensagem de Ryan. "A DGPT agora está forçando regras que não cabem. Eles só fizeram isso para me prejudicar. Vou continuar a litigar até que a justiça seja alcançada. Vou usar essa dor para garantir que ninguém mais a experimente."
Restrições
Diversas modalidades de competições femininas têm proibido a participação mulheres trans, como o Conselho Mundial de Atletismo (WAC, da sigla em inglês), que tomou medidas decisivas para proteger a categoria feminina nos esportes. Agora haverá novas regras para a participação de atletas transexuais.
Não aceitando a decisão, em fevereiro, Ryan entrou com uma ação alegando discriminação, argumentando que a resolução foi motivada por "preconceito", conforme relatado pelo OutSports. Na quinta-feira, o juiz distrital dos EUA, Troy L. Nunley, concedeu a Ryan uma ordem de restrição temporária, permitindo que ela participasse do torneio.
“Parece que houve um ato intencional, a criação de uma política, que exclui indivíduos com base em seu status protegido como mulheres transgênero”, escreveu Nunley em sua decisão, de acordo com o OutSports. "O Tribunal não determina se isso é suficiente para realmente estabelecer discriminação intencional, mas levanta questões sérias."
Regras
De acordo com as regras estabelecidas pelo PDGA, uma mulher transgênero (hgomem biológico) pode competir na divisão feminina se atender a um dos critérios estabelecidos – ter menos de 2nmol/L por dois anos ou ter tido uma "transição médica durante o Tanner Stage 2 ou antes dos 12 anos, o que ocorrer mais tarde" e "o jogador também deve manter continuamente um nível total de testosterona no soro abaixo de 2,0 nmol/L."
Nunley se opôs à parte de transição dos critérios.
“Esta seção parece atingir diretamente o sexo e o gênero de um indivíduo, criando uma linha temporal quando se deve fazer a transição”, escreveu Nunley.
"Aqueles que não cumprirem com este cronograma serão banidos para sempre do FPO. Esta política parece inextricavelmente ligada a sexo e gênero e, nesta fase do litígio, o Tribunal não vê como separá-los. Portanto, o Tribunal considera questões sérias indo para o mérito da reivindicação de discriminação intencional", decidiu o juiz distrital.
Na sexta-feira, o tour entrou com recurso da decisão e venceu após Ryan já ter completado o primeiro round. O atleta foi removida do torneio após terminar o dia em quinto, de acordo com a Ultiworld.
“Parece que o tribunal distrital carece de jurisdição de diversidade sobre o [Disc Golf Pro] Tour porque o autor e pelo menos um membro do Tour são cidadãos da Virgínia”, escreveu o Tribunal de Apelações do Nono Circuito em sua decisão, via Ultiworld.
O Disc Golf Pro Tour acrescentou: "Esta ordem restaura a capacidade do DGPT de impor sua política atual sobre elegibilidade de gênero. O DGPT seguirá a decisão do tribunal e aplicará sua política de elegibilidade de gênero, que impedirá a Sra. Ryan de continuar competindo no OTB Open."
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