Igrejas coptas do sul do Egito disseram que não realizarão celebrações da Páscoa neste ano, em luto pelos 44 cristãos ligados à denominação, que foram mortos nos dois ataques com bombas do último domingo (9).
A Diocese Ortodoxa Copta de Minya disse que irá comemorar a Páscoa "sem manifestações festivas".
"A celebração de Páscoa será limitada apenas a orações", disse uma declaração publicada no Facebook pelo bispo Makarious de Minya e Abu Korkas, de acordo com o jornal 'Ahram Online'.
A diocese de Minya, localizada no Alto Egito, ao sul do Cairo, abriga a maior população cristã copta do país.
A denominação disse que o cancelamento das cerimônias seria uma medida adotada por todas as suas igrejas, "devido às circunstâncias atuais que o país e a Igreja estão testemunhando".
Pelo menos 44 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas em bombardeios durante as celebrações do Domingo de Ramos em duas igrejas coptas no Egito. O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelos ataques.
O primeiro bombardeio, aconteceu no último domingo pela manhã, em Tanta, uma cidade do Delta do Nilo, a menos de 60 milhas ao norte do Cairo, matando pelo menos 27 pessoas e ferindo quase 80.
Poucas horas depois, ocorreu um segundo bombardeio, realizado por um terrorista suicida em Alexandria, na Catedral de São Marcos, a sede histórica do Papa Copta Tawadros II. A explosão matou 17 pesoas, incluindo três policiais, e feriu 48. O Papa Copta ficou ileso.
O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, declarou um estado de emergência nacional de três meses, após os ataques e estabeleceu um Conselho Supremo de Combate ao Terrorismo e ao Fanatismo.
A declaração do bispo acrescentou: "Pedimos desculpas por não recebermos felicitações de funcionários ou cidadãos comuns. A Eparquia [corpo eclesiástico] também aprecia todos os cumprimentos que recebeu de todos".
Cristãos como alvos do terrorismo
Em dezembro, o Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade por um bombardeio contra a Catedral Copta do Cairo, que matou 27 pessoas.
Em fevereiro, o grupo jihadista lançou um vídeo incitando a violência contra os cristãos - os quais são chamados pelos terroristas de "infiéis". Pelo menos sete pessoas foram assassinadas por extremistas islâmicos no norte do Egito, desde 30 de janeiro, com vítimas sendo queimadas vivas, esfaqueadas e baleadas na rua.
Centenas de cristãos coptas fugiram da cidade costeira de El-Arish, no Sinai, no final de fevereiro, após uma crescente ameaça terrorista do Estado Islâmico contra a comunidade. O bispo Angaelos, chefe da igreja copta no Reino Unido, disse que cristãos da área foram essencialmente instruídos a "fugir ou morrer".
Os cristãos do Egito - na sua maioria coptas ortodoxos - representam cerca de 10% da população do país, que por sua vez é majoritariamente muçulmana.
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