Ainda há incerteza – e grande preocupação da comunidade internacional – sobre a possibilidade de uma guerra nuclear entre Índia e Paquistão, diante da escalada de conflitos entre os dois países, que pode envolver até 342 armas nucleares.
Nesta terça-feira (06), a Índia retaliou o massacre de turistas ocorrido em abril, lançando mísseis contra o território paquistanês. Em resposta, o líder do Paquistão condenou os ataques e garantiu que seu país reagirá com determinação.
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O massacre ocorreu em 22 de abril, na região de Pahalgam, na Caxemira controlada pela Índia. Homens armados atacaram um grupo de turistas, matando 26 pessoas, a maioria cidadãos indianos.
O ataque foi atribuído ao grupo militante “Frente de Resistência”, mas a autoria ainda é contestada.
O governo indiano culpou o Paquistão pelo ataque, alegando que grupos extremistas baseados lá estavam por trás da violência. Em resposta, a Índia lançou a “Operação Sindoor”, atacando alvos no território paquistanês. O Paquistão negou envolvimento no massacre e prometeu retaliar os ataques indianos.
O lançamento do míssil, somado à promessa de retaliação do Paquistão, intensificou os temores de um conflito entre os dois países, ambos dotados de armas nucleares. Mas, os ataques realizados pela Índia demonstram que ela pode atingir alvos paquistaneses sem violar seu espaço aéreo ou recorrer a seu arsenal nuclear.
O analista do sul da Ásia, Michael Kugelman, afirmou que os ataques indianos na manhã de terça-feira foram dos mais intensos contra seu rival em anos. Segundo ele, a resposta do Paquistão "certamente terá um impacto significativo".
“São duas forças armadas fortes que, mesmo com armas nucleares como dissuasão, não hesitam em empregar níveis consideráveis de força militar convencional uma contra a outra”, disse Kugelman.
“Os riscos de escalada são reais. E podem aumentar, e rapidamente.”
Arma nuclear como defesa e intimidação
Ao longo dos anos, Índia e Paquistão desenvolveram arsenais nucleares com o propósito de dissuadir conflitos, em vez de iniciá-los.
A Índia adota uma política de "não usar primeiro", o que significa que só recorrerá a armas nucleares em resposta a um ataque nuclear direcionado às suas forças ou território.
A estratégia nuclear do Paquistão envolve o uso de armas nucleares táticas para neutralizar ameaças nucleares e ataques convencionais de seu poderoso rival regional.
Exibição do míssil balístico de médio alcance Ghauri–I (primeiro à direita) na feira IDEAS realizada em Karachi, no Paquistão. (Foto: Wikimedia)
O país não exclui a possibilidade de um primeiro uso nuclear caso perceba uma ameaça existencial. No entanto, devido à superioridade militar da Índia, o Paquistão evita iniciar um conflito nuclear direto. Historicamente, já sofreu três derrotas em guerras convencionais contra seu vizinho.
Apesar das décadas de desconfiança e rivalidade, Índia e Paquistão mantêm um pacto que impede ataques às instalações nucleares de ambos.
Como parte do acordo, denominado Proibição de Ataques contra Instalações e Instalações Nucleares, os dois países trocam anualmente, em janeiro, listas de suas instalações nucleares – a prática já ocorre há 34 anos consecutivos.
No entanto, nenhum dos dois países aderiu ao “Tratado Global de Não Proliferação Nuclear”, que tem como objetivo limitar a disseminação de armas nucleares e tecnologias associadas.
Corrida nuclear
O Paquistão começou seu programa nuclear em 1972 e realizou seu primeiro teste nuclear em 1998. Atualmente, estima-se que o Paquistão tenha cerca de 170 ogivas nucleares, um número semelhante ao da Índia. Ambos os países não são signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
O desenvolvimento nuclear do Paquistão foi impulsionado pela rivalidade com a Índia, especialmente devido à disputa pela região da Caxemira. Recentemente, as tensões entre os dois países aumentaram, com ataques militares e ameaças veladas envolvendo o uso de armas nucleares.
Nenhum deles tem detalhes sobre o arsenal do outro
Nenhum dos dois países tem informações precisas sobre o número ou o tipo de armas nucleares que o outro possui, afirma a AP News. A Índia conduziu seu primeiro teste nuclear em 1974, enquanto o Paquistão fez o primeiro em 1998.
Dados do Bulletin of the Atomic Scientists apontam que o Paquistão tem cerca de 170 ogivas nucleares, enquanto a Índia possui 172. Isso significa que uma guerra entre Índia e Paquistão pode envolver 342 armas nucleares
Algumas análises sugerem que o número de ogivas paquistanesas pode ser maior, chegando a aproximadamente 200. O Paquistão mantém seu arsenal nuclear como medida de dissuasão contra eventuais invasões ou ataques em larga escala da Índia.
Primeiro voo de teste do Agni-V em 19 de abril de 2012, realizado no Integrated Test Range, na Ilha Wheeler, Orissa, na Índia. (Foto: Wikimedia)
Diante da atual tensão, o Paquistão precisa definir sua resposta com cautela, evitando uma escalada do conflito com a Índia e um confronto que não possa sustentar. Até o momento, o país afirma ter abatido vários jatos indianos como forma de retaliação.
Comunidade internacional quer moderação
Com os conflitos no Oriente Médio se intensificando, a comunidade internacional busca evitar uma escalada de tensões no Sul da Ásia.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, renovou seus apelos para que Índia e Paquistão mantenham a calma, enquanto o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, demonstrou preocupação com as ações militares indianas e pediu máxima contenção.
Índia e Paquistão se apressaram em destacar seu papel diplomático na região, emitindo declarações que reforçam suas alianças e posição no cenário global.
O presidente Donald Trump, que anteriormente afirmou que os EUA não interviriam na mediação, declarou que deseja uma resolução rápida do conflito.
"Acredito que as pessoas já esperavam que algo acontecesse, considerando o histórico da região. Eles estão em conflito há muito tempo, por muitas décadas. Espero que isso termine logo", afirmou Trump.
Contexto religioso dos 2 países
A religião predominante no Paquistão é o Islã, seguido por cerca de 96% da população. O país é o segundo com mais muçulmanos no mundo, ficando atrás apenas da Indonésia.
A maioria dos muçulmanos paquistaneses é sunita, mas há uma significativa minoria xiita, representando entre 15% a 20%.
Além do Islã, existem minorias religiosas no Paquistão, como hindus e cristãos, cada um representando cerca de 2% da população. Outras religiões presentes incluem sufismo, sikhs, zoroastrianos, budistas e judeus, embora em números muito menores.
Na Índia, a religião predominante é o hinduísmo, seguido por cerca de 80% da população. O hinduísmo é uma das religiões mais antigas do mundo e possui uma grande diversidade de tradições e crenças.
Além do hinduísmo, outras religiões importantes na Índia incluem o islamismo (cerca de 14% da população), o cristianismo (2,3%), o sikhismo (1,7%) e o budismo. O país tem uma rica diversidade religiosa e protege a liberdade de culto em sua Constituição.
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