No final da noite de segunda (10), o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) determinou a retirada de vídeos de pregações do pastor André Valadão, onde ele ministra sobre a visão bíblica de sexualidade.
A decisão ordena que as redes sociais Instagram e YouTube retirem nove vídeos do ar – incluindo a ministração “Deus odeia o orgulho” – que estão nos perfis da Igreja Batista Lagoinha USA e de Valadão.
O juiz federal José Carlos Machado atendeu a uma ação civil pública do Ministério Público Federal de Minas Gerais, feita na semana passada.
Machado determinou que as pregações sejam retiradas do ar em até cinco dias, sob pena de multa de R$ 1 mil por dia para as empresas de mídia social.
O magistrado alegou que o pastor "tem influência sobre um número significativo de fiéis e seguidores" e que "excedeu os limites da liberdade de expressão e de crença".
De acordo com a decisão, se as publicações sobre o tema continuarem podem causar "desestabilização social" pelo "potencial homofóbico e transfóbico".
Falas distorcidas
Na segunda-feira (10), o pastor André Valadão se manifestou em uma carta aberta no Instagram, após ser acusado de homofobia e sofrer ataques.
Mesmo falando dentro da Igreja Lagoinha de Orlando, para a comunidade cristã e utilizando a Bíblia, que teve passagens citadas por Valadão que condenam o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, o pastor foi denunciado no Ministério Público de Minas Gerais por ‘homotransfobia’.
Na carta, Valadão diz que está em paz diante dos ataques que foi vítima e esclareceu os fatos.
“Minha vida e minha família foram expostas, mentiras e interpretações distorcidas se espalharam. Mas hoje encontrei paz e quero colocar as coisas nos devidos lugares”, introduziu o líder.
Ele ressaltou que é contra qualquer crime de ódio e incitação à violência. “Primeiro: não admito, nunca admiti e jamais incitei qualquer dos fiéis que me escutam a agredir, ferir, ofender ou causar qualquer tipo de dano, físico ou emocional a pessoas por conta da orientação sexual”, escreveu.
E continuou: “Como cristão, defendo que Deus ama o pecador. E pecadores todos somos como diz Paulo em Romanos 3:23. Dependemos, sem exceção, do perdão, da misericórdia e da graça de Deus por meio de Jesus Cristo”.
André observou que, apesar da repercussão de sua ministração na imprensa, nenhum dos membros de sua igreja interpretou da forma que a mídia divulgou. “Não há qualquer relato de agressão ou ameaça”, afirmou.
Pregando a Bíblia
O pastor ponderou que apenas falou aos fiéis o que está escrito na Bíblia e que sua pregação está protegida legalmente, tanto nos EUA como no Brasil, pela liberdade de culto.
“Ao me referir à história do dilúvio e de Nóe, quis lembrar das consequências que o pecado pode ter sobre todos nós. ‘Porque o salário do pecado é a morte’, diz Romanos 6:23. Hoje, a morte é espiritual, é a separação completa de Deus. Cabe a nós cuidarmos para que nossos filhos não caiam em armadilhas que os distanciem de Deus”, disse Valadão.
“Foi isso o que quis dizer por tomar as cordas de novo, ‘resetar a máquina e recomeçar. Precisamos ser mais firmes no nosso ensinamento da fé e da Palavra”, explicou.
O pastor ainda destacou que a frase “e Deus deixou o trabalho sujo para nós” nunca foi dita por ele, como muitas pessoas divulgaram.
“Esses responderão judicialmente. Basta assistir ao vídeo do culto para ver que essa frase nunca foi dita”, comentou André.
“Ódio contra cristãos”
E denunciou: “Aproveitadores de plantão estão usando o episódio de maneira distorcida para destilar seu ódio contra cristãos”.
André Valadão terminou a carta citando dois versículos da Bíblia (1 Coríntios 6:9-10 e Filipenses 1:18). “No mais, me alegro mesmo na perseguição”, afirmou.
Ele declarou que confia na justiça de Deus. “Minha justiça vem de Deus e minha paz nele está. Avanço e prossigo com minha fé em Jesus e sua sagrada Palavra. Deus é justo, fiel e poderoso”, concluiu.
Nota Pública da ANAJURE
A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) divulgou uma Nota Pública, na última quinta-feira (06), em resposta às acusações relacionadas à pregação feita por André Valadão.
A ANAJURE ofereceu uma perspectiva jurídica sobre o caso, defendendo a liberdade religiosa e a expressão de fé.
“Não cabe ao Estado determinar o conteúdo teológico-doutrinário das declarações de fé dos grupos religiosos. Proceder de modo contrário é atentar contra o direito à liberdade de consciência e crença”, afirmou.
“Ainda que os dizeres possam provocar certo grau de animosidade por parte de grupos específicos, não se infere qualquer intento violento direcionado a quaisquer pessoas ou grupos sociais. Possíveis discordâncias fazem parte da sociedade plural e democrática, constitucionalmente prevista no Brasil, devendo ser discutidas no âmbito público, mas não judicial”.
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