Número de evangélicos em Portugal cresce impulsionado pela imigração de brasileiros

Segundo o estudo da Aliança Evangélica, 82% dos novos evangélicos têm menos de 43 anos, 48% eram católicos e 54% são portugueses.

Fonte: Guiame, com informações de CNN PortugalAtualizado: terça-feira, 30 de setembro de 2025 às 16:02
Imagem ilustrativa. (Foto: Instagram/MCI Sintra).
Imagem ilustrativa. (Foto: Instagram/MCI Sintra).

O número de evangélicos em Portugal cresceu nas últimas décadas impulsionado pela imigração de brasileiros.

Segundo um estudo da Aliança Evangélica Portuguesa (AEP), realizado entre março e abril deste ano, as igrejas evangélicas estão em pleno crescimento no país de maioria católica.

A pesquisa entrevistou 509 pastores de todas as regiões de Portugal. Cerca de 88% deles afirmaram que as suas igrejas registraram um crescimento  em relação a 2003, quando o último estudo da AEP foi realizado.

Além disso, 73% dos líderes disseram que a frequência nos cultos cresceu e 70% das igrejas têm planos e locais definidos para plantar novas igrejas nos próximos cinco anos, principalmente na região da Grande Lisboa, Aveiro e Porto.

O presidente da AEP, Timóteo Cavaco, observou que o crescimento evangélico na nação portuguesa não é algo recente.

“É um crescimento visível, mas que não é novo. Temos assistido nas últimas décadas a um crescimento da diversidade religiosa em Portugal. Em 1940, mesmo durante o Estado Novo, já se notava alguma diversidade religiosa em Portugal”, comentou ele, em entrevista à CNN Portugal.

Perfil do evangélico em Portugal

O estudo da Aliança Evangélica também revelou o perfil dos novos convertidos à fé evangélica: 76% são mulheres, 82% têm menos de 43 anos, 48% eram católicos, e 54% são nascidos em Portugal.

De acordo com os últimos Censos do país, feitos em 2021, entre a população com mais de 15 anos, 186 mil pessoas se identificam como protestantes evangélicos. O número representa mais de 2% da população.

“80% da população se identifica com a Igreja Católica. 14% dizem não ter religião”, informou Jorge Botelho Moniz, professor da Universidade Lusófona, onde coordena o mestrado em Ciências das Religiões.

Para José Brissos Lino, especialista em Ética e Ciência das Religiões, o crescimento das igrejas evangélicas em Portugal se deve principalmente à imigração brasileira.

“Há igrejas para diferentes gostos. Com vozes tão diferentes e tão diversas, a Aliança Evangélica tem até uma certa dificuldade em dizer ou não o que é evangélico”, avaliou.

Missionários brasileiros

O estudo da AEP também descobriu que 65% das novas igrejas a partir de 2020 foram plantadas por missionários brasileiros.

Donizete Rodrigues, professor de Sociologia da Universidade da Beira Interior (UBI), confirmou que o crescimento evangélico está ligado à imigração brasileira.

“Se eu fizer um mapa onde estão instalados os maiores enclaves de imigração brasileira (Braga, as duas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, Algarve e Margem Sul) e sobrepuser o mapa de crescimento das igrejas evangélicas, tenho uma sobreposição de quase 100%”, afirmou o especialista.

Conforme Rodrigues, a maioria dos imigrantes brasileiros são evangélicos. “Eles são de baixa renda. Cerca de 80% desses brasileiros que imigraram nas últimas duas décadas são evangélicos”, pontuou.

“Instaladas aqui as igrejas começam a proliferar. Procuram locais de grande visibilidade e são facilmente identificáveis. Normalmente, têm uma fachada enorme com o nome da igreja. No púlpito ou na fachada, eles utilizam a bandeira do país onde estão localizados, porque é uma maneira de atrair os locais para a religião”.

Já o presidente da AEP ressaltou que é errado dizer que não há novos evangélicos portugueses.

“O fator migratório tem uma grande influência. Os portugueses estão claramente em minoria. Há mais brasileiros do que portugueses nas igrejas. Mas este fenômeno também está atraindo portugueses. O estudo deste ano diz que dos novos convertidos, 54% são de origem portuguesa. Não podemos, por isso, dizer que não haja novos praticantes evangélicos que sejam portugueses de origem”, declarou.

E acrescentou: “Esta perceção que os evangélicos chegaram agora não é real. É mais visível na última década. Mas os evangélicos estão presentes em Portugal desde a primeira metade do séc. XIX e a fé evangélica teve um primeiro crescimento significativo com o retorno dos portugueses, que já pertenciam a igrejas evangélicas nas colônias”.

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