A Autoridade Palestina proibiu uma organização LGBT de realizar um evento na Cisjordânia, em meio a temores de que isso pudesse prejudicar os valores culturais da sociedade palestina.
A ONG LGBT "Al-Qaws for Sexual & Gender Diversity in Palestinian Society" tem escritórios em Jerusalém e Haifa e planejava realizar um evento na cidade de Nablus, na Cisjordânia.
No início deste mês, a Autoridade Palestina proibiu a organização depois de realizar um evento LGBT. O porta-voz da polícia da Autoridade Palestina, Luay Zreikat, disse que as atividades do grupo são "prejudiciais para os valores e ideais mais altos da sociedade palestina", segundo informou o Jerusalem Post.
Zreikat também disse que o ativismo e os eventos de al-Qawas "não tinham relação com religiões e tradições e costumes palestinos, especialmente na cidade de Nablus", e acusou "partidos duvidosos" de tentar "criar discórdia e prejudicar a paz civil na sociedade palestina".
A Autoridade Palestina convocou sua população a relatar qualquer atividade por parte de al-Qaws, com a promessa de confidencialidade para informantes.
Em um comunicado publicado pelo The Jerusalem Post na segunda-feira, al-Qaws denunciou a repressão à sua organização como "muito infeliz" e rejeitou "a tentativa de criar uma atmosfera de processo e intimidação, bem como ameaças de prisão".
"É muito estranho que eles estejam nos acusando de ser uma entidade suspeita, trabalhando para desmontar a sociedade palestina. Al-Qaws é uma organização palestina que atua desde 2001 e está realizando programas educacionais e profissionais sobre diversidade sexual e de gênero", disse o grupo, segundo o The Jerusalem Post.
A Autoridade Palestina não tem nenhuma lei contra a homossexualidade, mas existe uma forte antipatia pelas pessoas LGBT na região, de acordo com o The Times of Israel.
Ahmad Harb, comissário-geral da Comissão Independente para os Direitos Humanos, com sede em Ramallah, foi às mídias sociais para denunciar a decisão da Autoridade Palestina.
"A declaração da polícia palestina a respeito do impedimento da reunião de 'gays' e ativistas da organização al-Qaws e a ameaça de persegui-los e de pedir aos cidadãos que informem secretamente 'suspeitos' é algo muito ruim", escreveu Harb no Facebook. "Ela chega ao nível de pedir violência comunitária e incitar um crime. Muitos entenderam essa declaração como um chamado para o derramamento de sangue e tomar a lei em suas mãos, implementando operações de assassinato".
"Não é assim que a polícia protege seus cidadãos", finalizou.
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