Um grupo de 19 sacerdotes e teólogos publicaram uma carta aberta ao Colégio dos Bispos da Igreja Católica na terça-feira (30) acusando o Papa Francisco de “heresia”, considerada uma das mais graves acusações que podem ser feitas a um clérigo.
Na carta, publicada no site LifeSiteNews, os signatários dizem que o papa teria suavizado posições vão contra os mandamentos da Igreja Católica em diferentes assuntos. Eles reforçam que Francisco não tem se oposto o bastante ao aborto, tem dado sinais de abertura a homossexuais e divorciados, e tem se aproximado de protestantes e muçulmanos.
Este é mais um sinal do crescente enfrentamento entre os católicos tradicionalistas (ou ultraconservadores), insatisfeitos com as declarações do papa, e os apoiadores do atual papado, segundo uma observação feita pela BBC News.
Em 20 páginas da carta, os signatários dizem que tomaram “esta medida como um último recurso para responder ao acúmulo de danos causado pelas palavras e atos do papa Francisco ao longo de diversos anos, dando abertura para uma das maiores crises na história da Igreja Católica”.
Eles citam ocasiões como uma conferência realizada no Vaticano em 2015, na qual Francisco tentou relaxar as regras que impedem divorciados e pessoas em um segundo casamento de receber a Comunhão — uma vez que a igreja considera o casamento indissolúvel e o novo casamento, um adultério.
A carta também faz duras críticas ao documento papal “Amoris Laetitia” (A Alegria do Amor, em português), publicado em 2016, em que Francisco pede uma igreja menos rígida e mais cheia de compaixão diante qualquer membro “imperfeito”, como os divorciados e pessoas em segundos casamentos.
Os acusadores também indicam que o papa teria protegido ou sido conivente com cardeais e bispos que estariam protegendo abusadores sexuais ou até cometido abusos.
O documento ainda critica o papa por ter dito que as intenções de Martinho Lutero “não eram equivocadas” e por ter assinado um comunicado conjunto com luteranos no qual mencionava os “presentes teológicos” da Reforma Protestante.
O comunicado que o papa assinou em fevereiro, em conjunto com um líder muçulmano em Abu Dhabi, também foi criticado na carta. Na ocasião, o pontífice disse que o pluralismo e a diversidade de religiões era um “desejo de Deus”, o que irritou conservadores católicos.
A acusação de heresia é raramente usada na Igreja Católica moderna, informa o repórter da BBC, John McManus. Ainda assim, é uma acusação séria, especialmente quando tecida à cúpula da instituição religiosa.
A acusação será julgada pela Congregação para a Doutrina da Fé, um departamento específico do Vaticano composto por seis cardeais, que avaliam “os delitos contra a fé e os delitos mais graves cometidos tanto contra a moral como na celebração dos Sacramentos”.
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