Papa Francisco faz visita histórica aos Emirados Árabes, em meio à intolerância religiosa

Esta é a primeira visita de um pontífice da Igreja Católica na Península Árabe, região de maioria muçulmana.

Fonte: Guiame, com informações da Deutsche WelleAtualizado: segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019 às 12:56
Papa Francisco em visita histórica e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. (Foto: AP/Andrew Medichini)
Papa Francisco em visita histórica e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. (Foto: AP/Andrew Medichini)

O Papa Francisco chegou neste domingo (3) a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, para a primeira visita de um pontífice à Península Árabe. A passagem histórica do líder católico no país acontece em um cenário que ainda é marcado pela restrição religiosa.

Estima-se que aproximadamente 800 mil cristãos vivem nos Emirados Árabes, representando cerca de 9% da população. A maioria deles vem do sul e do sudeste da Ásia e vive como trabalhadores imigrantes.

De acordo com Ulrich Pöner, chefe do departamento responsável pelas congregações cristãs e migração da Conferência Episcopal Alemã, o Papa Francisco quer destacar a diversidade do país e fortalecer as comunidades cristãs da Península Árabe, onde vivem cerca de 2 milhões de cristãos.

“Porque o número de cristãos está diminuindo no Oriente Médio. É possível que depois de uma história de 2.000 anos de cristianismo nesta região, essa religião possa deixar de existir em algumas partes”, disse Pöner, acrescentando que, por esta razão, Francisco quer trabalhar para garantir a sobrevivência destas comunidades.

Cristianismo nos Emirados Árabes

Os Emirados Árabes passaram a abrir espaço para congregações católicas, batistas, anglicanas e coptas no início dos anos 1960, quando começaram a aumentar sua produção de petróleo e engenheiros cristãos dos Estados Unidos chegaram ao país. Em 1965, foi inaugurada a primeira igreja cristã na nação.

Hoje, cerca de 90% da população das Monarquias do Golfo Pérsico é composta de imigrantes, resultando numa tolerância maior comparada a outros países árabes. Ainda assim, existem limitações para a liberdade religiosa na região.

O trabalho missionário e o evangelismo são proibidos. Qualquer pessoa que ignorar essa proibição provavelmente não terá sua autorização de residência renovada. Além disso, símbolos religiosos do cristianismo, como a cruz, não podem ser exibidos nas ruas. A renúncia ao Islã é ilegal e as mulheres muçulmanas não podem se casar com não-muçulmanos.

Pöner observa que as igrejas são uma espécie de refúgio para os cristãos. “Eles são protegidos do mundo lá fora. Isso é feito para garantir que nenhum local ou muçulmano entre nas igrejas e se converta”, explica. “Mas dentro das premissas, os cristãos são livres para fazer o que quiserem. Eles podem adorar juntos, engajar-se em atividades sociais, de caridade e educacionais — desde que o façam dentro da congregação”.

Então, é correto dizer que os Emirados Árabes concedem a liberdade religiosa? Ainda não é possível afirmar que sim. O país é classificado como 45º mais difícil para os cristãos viverem, de acordo com a Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas.

“Não é o tipo de liberdade que tendemos a pensar, no sentido de que os fiéis de todas as religiões podem se envolver livremente na sociedade”, disse Pöner. Por outro lado, ele afirma que os cristãos desfrutam de certos direitos no país. “Eles têm seu próprio espaço onde podem praticar sua fé. Isso já é alguma coisa”.

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