Pastor consola rabino em luto, após ataque a sinagoga em Pittsburgh

O pastor da Igreja Metodista de Charleston prestou sua solidariedade ao rabino Jeffrey Myers, que lidera a sinagoga onde aconteceu o ataque.

Fonte: Guiame, com informações do New York TimesAtualizado: quarta-feira, 7 de novembro de 2018 às 13:41
O Rev. Eric S.C. Manning em abraço com o Rabino Jeffrey Myers, em Pittsburgh. (Foto: Hilary Swift/New York Times)
O Rev. Eric S.C. Manning em abraço com o Rabino Jeffrey Myers, em Pittsburgh. (Foto: Hilary Swift/New York Times)

Um pastor metodista negro demonstrou sua compaixão a um rabino ortodoxo na última sexta-feira (2) em Pittsburgh, nos Estados Unidos, após o ataque que deixou 11 judeus mortos na semana passada. Eles abriram os braços e se abraçaram demoradamente. Palavras não eram necessárias.

Os dois homens nunca haviam se encontrado, mas tiveram perdas semelhantes. O Rev. Eric S.C. Manning lidera a Igreja Episcopal Metodista Africana Emanuel, em Charleston, onde nove fiéis foram mortos a tiros durante um estudo bíblico em 2015. O rabino Jeffrey Myers lidera a sinagoga Árvore da Vida, onde aconteceu o ataque durante reunião no último sábado (27).

No domingo após o ataque, o pastor Manning tomou a decisão de estar em Pittsburgh para prestar solidariedade e oferecer consolo, a fim de praticar o que ele chama de “ministério de presença”. Ele e sua esposa partiram de sua cidade na noite de quinta e se encontraram na sexta com o rabino Myers em um hotel por duas horas.

O rabino convidou Manning para falar na tarde de sexta no último dos 11 funerais que aconteceram durante quatro dias. O velório era de Rose Mallinger, de 97 anos, a mais velha das vítimas. Na ocasião, o pastor leu o Salmo 23.

O tiroteio na sinagoga também mobilizou as igrejas negras de Pittsburgh. Na noite de quinta, a Igreja Episcopal Metodista Africana Bethel organizou um culto de oração para mostrar apoio à comunidade judaica. “Nossa dor é sua dor e nossas lágrimas se misturam com as suas”, disse o bispo McKinley Young.


Membros da Igreja Episcopal Metodista Africana de St. James orando pelos judeus de Pittsburgh. (Foto: Hilary Swift/New York Times)

Perdão cristão ou judaico?

As mortes em Charleston foram marcadas não apenas pelas perdas, mas pelas expressões espontâneas de perdão para o assassino pelos familiares das vítimas. Segundo o rabino Chuck Diamond, que se aposentou da sinagoga Árvore da Vida há dois anos, o perdão não está em pauta na comunidade judaica.

“Muito pelo contrário", disse o rabino Danny Schiff, especialista em ética e fundador da Federação Judaica de Pittsburgh. “Todos os judeus que tenho contato o consideram uma pessoa que está abaixo do desprezo”.

Segundo teólogos judeus, sua tradição é mais enraizada na justiça punitiva do Antigo Testamento do que no ato de “dar a outra face” do Novo Testamento, adotando uma abordagem diferente ao perdão.

Sob as diretrizes para o arrependimento judaico (ou teshuvá), quando o homem peca contra Deus, ele pode pedir perdão através da confissão e oração. Mas quando o homem peca contra o homem, o agressor deve receber o perdão da vítima, depois de fazer a restituição.

“Uma vez que a vítima não está mais por perto, isso se torna impossível”, argumentou o rabino Schiff. “E nós temos um indivíduo que estava gritando: ‘Todos os judeus devem morrer’. Quando ele levado sob custódia, continuou gritando insultos antissemitas. Não há a menor indicação de que ele pediria perdão”.

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