
O ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, Rodrigo Pimentel, participou do podcast Inteligência Ltda., apresentado por Rogério Vilela, onde falou sobre o poder da religião na polícia e no crime.
Ao lado de Viviane Costa, jornalista, pesquisadora e cientista da religião, eles trouxeram testemunhos de como a igreja e os pastores atuam nas favelas cariocas, como as dos complexos do Complexo do Alemão e da Penha, onde aconteceu uma megaoperação contra o crime organizado e o tráfico de drogas no final do mês passado.
No episódio do podcast, Pimentel relatou casos impressionantes de homens da segurança pública que, segundo ele, professam a fé evangélica.
Um dos relatos mais marcantes traz a imagem de um pastor que teria inclusive paralisado um tiroteio com nada além de uma Bíblia na mão.
Pimentel conta que estava no 16º Batalhão de Olaria, onde havia três policiais evangélicos em sua equipe. “Um policial levou um tiro e morreu, caiu ao meu lado”, lembra.
Ele afirma que quem retirou o policial da linha de tiro foi um pastor evangélico: “Ele ergueu uma Bíblia no meio da rua e começou a atravessar. O pastor atuou como mediador, era certamente pentecostal. Em meio ao tiroteio, com a Bíblia na mão, os bandidos pararam de atirar.”
Depois disso, o policial ferido foi levado para dentro de uma igreja evangélica a cerca de 30 metros, onde faleceu.
Pimentel lembra um diálogo que esse policial falecido teve com ele:
“De manhã, ele tinha falado para mim: ‘Capitão, eu voltei para a minha esposa e voltei pra Jesus.’ Isso foi às 9h da manhã. Às 6h da tarde, o policial morreu – e morreu dentro de uma igreja evangélica”.
Ex-bandidos
Na fala de Viviane Costa aparecem os efeitos mais amplos desse tipo de experiência de fé eram muito comuns nos anos 2.000, nas comunidades e dentro das corporações policiais:
“Os testemunhos de conversão dominavam os púlpitos evangélicos. Era um tipo de conversão de bandidos e de policiais também, mas principalmente dos ex-bandidos, ex-viciado, ex-traficante... eles se nomeavam assim”, conta.
Ela diz que viu vários desses testemunhos pessoalmente, contados nas igrejas:
“[Eles] contavam esses testemunhos nos púlpitos das igrejas e viravam pregadores itinerantes, pregando em diversos lugares do país. Muitas vezes, abriam a camisa no púlpito para mostrar as marcas de bala que tinham levado, para dizer que chegaram ao hospital todo perfurado, todo cortado — e ali alguém chegou pra ele e disse: ‘Você não vai morrer, porque Deus tem um plano na sua vida’”.
Segundo Viviane, o bandido saía dali, não voltava mais para o mundo do crime: “E Deus o salvava ali mesmo, no leito de morte. Ele se convertia e virava pregador do Evangelho”.
‘Aceitou Jesus’
Pimentel, lembrou o caso de um capitão do Bope, que era pastor da Assembleia de Deus, estava numa operação na Floresta da Tijuca.
“Nós achamos um bandido na mata. Esse bandido trocou tiro com a equipe do Bope, foi atingido lateralmente e perdeu o globo ocular, mas não morreu. Ia morrer em questão de tempo, por hemorragia”, disse.
“Mas esse nosso policial, que era pastor, chamou pelo rádio um helicóptero da Polícia Civil e pediu transporte para o bandido”, relatou.
“O capitão perguntou para o bandido se ele aceitava Jesus. Alguém da aeronave depois perguntou: ‘Por que você chamou o helicóptero?’ E ele respondeu: ‘Porque o bandido aceitou Jesus’”.
Pai se converteu
Viviane contou um testemunho pessoal sobre a conversão de seu pai, que era policial:
“Minha mãe se converteu primeiro e começou a orar pela conversão do meu pai. Eu tinha apenas 5 anos quando comecei a ir aos cultos de libertação, lá em Mesquita, na Baixada Fluminense, pedindo para que Deus salvasse meu pai”, lembrou.
“Ele bebia muito e chegava a passar 4 ou 5 dias fora de casa, traindo minha mãe. Todo mundo no bairro sabia o que ele fazia. Meu pai trabalhava no Corpo de Bombeiros, emendava dois ou três dias de serviço e depois pegava outro turno, então quase não o víamos”, relatou.
“Enquanto isso, minha mãe continuava indo aos cultos de libertação. Quando ele percebeu que eu estava indo com ela com frequência, começou a proibi-la de ir tanto à igreja. Disse que ela só poderia ir um dia por semana. Então ela respondeu: ‘Se só posso ir um dia, vou ao culto de libertação.’”
O resultado da persistência e fé de sua mãe foi a transformação e vida de seu pai, que se tornou um presbítero na Assembleia de Deus.
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