Pobreza e fome levam famílias ao suicídio na Coreia do Norte

O ditador Jong Un definiu oficialmente o suicídio como um “ato de traição contra o socialismo”.

Fonte: Guiame, com informações de Radio Free AsiaAtualizado: quarta-feira, 7 de junho de 2023 às 15:58
Jong Un ainda definiu o suicídio como um “ato de traição contra o socialismo”. (Foto: Reprodução/Open Doors).
Jong Un ainda definiu o suicídio como um “ato de traição contra o socialismo”. (Foto: Reprodução/Open Doors).

A pobreza e a fome que assola a Coreia do Norte – o país mais perigoso para cristãos segundo a Lista Mundial da Perseguição 2023 – está levando pessoas a tirarem sua própria vida.

Com a situação extrema, o ditador Kim Jong Un emitiu uma ordem às autoridades locais para que tomem medidas de prevenção ao suicídio, durante reuniões de emergência com líderes do partido em todo o país, de acordo com a Radio Free Asia (RFA).

Jong Un ainda definiu oficialmente o suicídio como um “ato de traição contra o socialismo”. A medida aconteceu após a mídia divulgar vários relatos de famílias que tinham se suicidado devido à fome.

Em entrevista à RFA, um funcionário não identificado de North Hamgyong relatou que houve 35 casos de suicídio este ano nos condatos de Chongjin e Kyongsong, incluindo famílias tirando suas vidas juntas.

Ele acrescentou que os detalhes dos casos de suicídio chocaram as autoridades presentes na reunião.

“Nossa reunião foi realizada no prédio do comitê provincial do partido localizado no distrito de Pohang, na cidade de Chongjin. [Os participantes] ficaram chocados com a divulgação de bilhetes de suicídio que criticavam o país e o sistema social”, afirmou. 

Relatos chocantes

Em outra reunião na província de Ryanggang, um segundo oficial não identificado afirmou que as autoridades não conseguiram encontrar uma solução para o problema social.

“Apesar da política de prevenção do suicídio ratificada pelo secretário-geral, as autoridades não conseguiram encontrar uma solução adequada. A maioria dos suicídios foi causada por extrema pobreza e fome, então ninguém pode propor uma contra-medida agora”, contou ele, à Radio Free Asia.

“Na cidade de Hyesan, um menino de 10 anos vivia com sua avó depois que seus pais morreram de fome, mas eles tiraram suas próprias vidas comendo veneno de rato”, disse o oficial não identificado.

Segundo ele, um casal de 60 anos também cometeu suicídio, se enforcando em uma árvore nas montanhas. Após comeram sua última refeição juntos, uma família de quatro pessoas ingeriram cianeto de potássio e morreram intoxicados.

O oficial explicou que o suicídio familiar foi usado como um “ato final de desafio contra um sistema sem esperança”.

Ele ainda revelou que o ditador Jung Un ordenou que as autoridades locais assumam a responsabilidade pelos suicídios em suas jurisdições.

“Foi enfatizado que os funcionários responsáveis ​​serão responsabilizados conjuntamente, porque 'o suicídio é um claro desafio social e uma traição contra o país'", afirmou o oficial.

Escassez de alimento

Devido à pandemia, a população da Coreia do Norte está enfrentando uma escassez de alimentos. 

O país comunista passa por uma das piores secas em décadas, porém o ditador rejeita ajuda internacional. Em 2021, Kim já havia admitido que há escassez de alimentos no país.

Conforme um relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU, cerca de 42% da população da Coreia do Norte está desnutrida devido à falta de alimentos. 

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.

O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

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