O pastor Artur Pawlowski foi preso pela quinta vez no Canadá — desta vez, por depois de discursar aos manifestantes do bloqueio de caminhoneiros ao longo da fronteira com os Estados Unidos.
Pawlowski foi preso na segunda-feira passada (7) e passou a última semana detido no Calgary Remand Center, um presídio na província de Alberta. Seu advogado informou à Fox News que o pastor permanece em confinamento solitário durante 23 horas por dia.
Durante um discurso de 20 minutos para os caminhoneiros, em 3 de fevereiro, o pastor os exortou a “manter a linha” contra o exagero do governo, sem recorrer à violência.
Pawlowski comparou o Freedom Convoy (“Comboio da Liberdade”, nome que intitula os protestos) ao movimento Solidariedade na década de 1980, que acabou levando à libertação da Polônia na era de repressão do governo comunista.
Pawlowski ganhou as manchetes internacionais pela primeira vez em abril de 2021, quando expulsou a polícia de sua igreja ao tentar verificar as restrições da Covid-19 durante um culto de Páscoa.
Depois de continuar realizando cultos presenciais na igreja, desafiando uma ordem judicial, ele enfrentou repetidas prisões, inclusive no meio de uma rodovia e na pista do aeroporto da cidade de Calgary.
No ano passado, ele realizou uma turnê de palestras pelos EUA, se reunindo com deputados americanos e espalhando o alerta de que os governos ocidentais se assemelham cada vez mais ao regime comunista da Polônia, do qual ele fugiu quando jovem.
“Não lutamos com armas e espadas”
Pawlowski estava se preparando para retornar à fronteira para fazer um culto na igreja e falar com os caminhoneiros na semana passada quando foi preso, de acordo com o filho do pastor, Nathaniel Pawlowski.
"Havia uma van da polícia disfarçada, veículos não identificados vigiando nossa casa. Ficamos supondo, por muitas, muitas horas, porque eles estavam do lado de fora por tanto tempo”, disse Nathaniel à Fox News.
Pawlowski recebeu três acusações: por danos acima de US$ 5.000, por ajudar no bloqueio de uma infraestrutura e por não "manter a paz" — uma condição da liberdade condicional sob a qual ele foi colocado em outubro, depois de ser preso após sua turnê pelos EUA.
O pastor continua preso depois de ter negado a fiança durante uma audiência na quarta-feira passada (9), quando um promotor alegou que o discurso de Pawlowski aos caminhoneiros era uma “ameaça aberta de violência”, segundo a CBC.
Os vídeos, no entanto, mostram Pawlowski dizendo aos caminhoneiros duas vezes para não recorrer à violência durante seus protestos.
'Freedom Convoy': Milhares protestam contra os passaportes da vacina em Ottawa. (Foto: Wikimedia Commons)
“Que Deus ajude a todos nós, porque não lutamos com armas e espadas”, disse ele. “Nós não lutamos com tasers (armas de eletrochoque) e com veículos da polícia. Não! Nós só queremos voltar e trabalhar duro e conseguir algo e sustentar nossas famílias. Nós só queremos ser deixados em paz!”
O pastor então continuou: “Mais uma vez, não estou falando de violência, espadas e armas e todas essas coisas. Vocês têm as asas mais poderosas de todos os tempos. Quem pode mobilizar 1.000 caminhões? Quem pode mobilizar 10.000 caminhoneiros com 100.000 apoiadores?”
Pawlowski enfrenta outra audiência de fiança nesta quarta-feira (16).
Orações e jejuns na prisão
Nathaniel Pawlowski disse que seu pai foi maltratado na prisão, mas que ele permanece implacável e realizou dois jejuns baseados na tradição bíblica.
“Ele terminou um jejum de três dias baseado na história de Ester, onde ela jejuou para que o inimigo fosse exposto”, disse ele. "E agora ele está fazendo um jejum de Daniel de 21 dias, que é basicamente comida leve, sem carne. Está comendo vegetais para que ele receba uma resposta de Deus.”
Vigílias de oração pelo pastor Pawlowski foram planejadas nesta terça-feira (15) nos consulados canadenses em Nova York, Seattle, Los Angeles, Chicago e Las Vegas.
Cindy Chafian, diretora executiva da Firebrand Action and Media, que está organizando as vigílias, acredita que “não vão deixar o Artur sair”, mas é importante levar seu caso ao conhecimento público.
“Não é apenas o que está acontecendo desde a Covid. Eles visam o pastor há muitos, muitos anos. Ele não é uma pessoa amigável aos olhos do governo porque fala a verdade, e eles não gostam disso”, afirma Chafian.
A organização também está coletando assinaturas para uma carta, que será enviada ao Congresso, sobre o tratamento de Pawlowski.
O objetivo, segundo Chafian, é denunciar não apenas o caso de Pawlowski, mas conscientizar sobre como outros líderes religiosos foram tratados durante a pandemia no Canadá.
Igrejas em todo o Canadá tiveram seus pastores presos, templos trancados, multas altas e interferência contínua de funcionários do governo.
Em junho, o senador Josh Hawley pediu à Comissão Americana de Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) que considerasse adicionar o Canadá à sua lista especial de vigilância, por causa de como os pastores estão sendo tratados no país.
“Estamos em um ponto crucial da história e, se não pararmos com isso, vamos afundar ainda mais”, disse Chafian. “Se a gente pensa que isso não está vindo para os EUA, estamos muito enganados.”
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