Sobrevivente de massacre em Suzano tem frequentado cultos após tragédia

Jovem encarou agressor com técnicas de jiu-jítsu e ajudou colegas a escaparem do ataque.

Fonte: Guiame, com informações da Folha de S. PauloAtualizado: terça-feira, 19 de março de 2019 às 15:33
A estudante Rhyllary Barbosa dos Santos em sua casa. (Foto: Glauco Araújo/G1)
A estudante Rhyllary Barbosa dos Santos em sua casa. (Foto: Glauco Araújo/G1)

Rhyllary Barbosa de Sousa, 15 anos, é uma das sobreviventes do massacre ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, que deixou 8 mortos e 11 feridos. O ataque se deu às 9h30 da manhã quando parte dos alunos, entre eles Rhyllary, estava no período de lanche.

A estudante diz que precisa encarar a tragédia de frente. Tem frequentado os cultos da Igreja Assembleia de Deus e quer voltar ao jiu-jítsu, esporte que a ajudou a escapar do ataque de um dos assassinos.

Um dos vídeos mostra a jovem lutando com Luiz Henrique de Castro, 25, que invadiu a escola minutos depois do primeiro comparsa, o ex-aluno da Raul Brasil Guilherme Taucci Monteiro, 17.

Para escapar, Rhyllary usou técnicas aprendidas no jiu-jítsu, arte marcial que praticou em um projeto social para crianças de baixa renda em Suzano. A estudante disse que conversava com uma amiga quando ouviu tirou.

“Corri para o refeitório, pulei um murinho e me abaixei para me esconder. Tinha muita gente comigo. Mas ali, daquele jeito, estávamos numa posição bem desfavorável”, conta.

Rhyllary liderou uma corrida pela sobrevivência na escola sob ataque. “Eu estava assustada, mas busquei uma força que não sei de onde veio, me levantei e disse para todo mundo: vocês precisam tomar coragem. Se a gente ficar parado aqui, vai ser muito pior”, lembra.

Guilherme já havia matado a tiros a coordenadora pedagógica Marilena Umezu, 59, no saguão e continuava a atirar.

Coragem

Rhyllary e seu grupo saíram ilesos dos ataques de Guilherme. No saguão, a menina encontrou Luiz atrapalhado com suas armas —machadinha e uma besta (espécie de arma medieval que lança flechas) espalhadas pelo chão.

Foi ali que Rhyllary foi pega por Luiz. Ele a segurou pelos braços, desferiu socos e tentou derrubar a menina no chão. Mas ela resistiu. “Eu me imaginei no tatame e não deixei ele me derrubar”, conta.

Já livre, Rhyllary escancarou o portão do colégio, saiu correndo e abriu passagem para colegas. Já fora do colégio, buscaram socorro para os que ficaram presos.

Angelo Máximo Leite de Oliveira, 36, professor de jiu-jítsu de Rhyllary, diz que o evento tornou a garota conhecida entre os alunos do Projeto Bonsai. “Ela tem um diferencial dentro do tatame. Além de muito disciplinada, treina com homens de até 110 kg de igual para igual”, diz ele.

Segundo o professor, a menina agiu de forma correta, mesmo sob grande estresse. “No momento em que ela foi segurada, permaneceu com a perna afastada em relação ao atirador e, assim, criou uma base para se defender”, disse.

Rhyllary conta que viu o colega pedir socorro na rua e o levou até o hospital Santa Maria. “Ele falava toda hora que iria morrer”, relembra. José passou por cirurgia e recebeu alta médica no último sábado (16).

O terror só terminou, conta a estudante, quando ela foi até uma distribuidora de água e pediu um telefone para avisar a mãe que ela estava viva e que precisava de ajuda. “Eu gritava, não conseguia explicar nada para ela. Foi horrível”, conta.

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