A Polícia Civil encontrou dois cadernos no carro usado pelos autores do massacre que deixou dez mortos nesta quarta-feira (13) na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo.
O caderno pertencia a Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, que cometeu o crime ao lado de Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Além de desenhos de armas e homens encapuzados, as anotações trazem uma citação da bíblia satânica, escrita pelo satanista Anton LaVey em 1969.
“Quando caminhando em território aberto, não aborreça ninguém. Se alguém lhe aborrecer, peça-o para parar. Se ele não parar, destrua-o”, diz o trecho da bíblia satânica, escrito na contracapa do caderno.
Os cadernos citam ainda “regras do jogo”, em referência às táticas de vídeo semelhantes a games como Garena Free Fire e Call of Duty. “Depois disso pode mandar seu exército atacar, é exército meio fraco, mas se fizer rápido o inimigo não vai ter tempo de fazer muitas defesas”, dizia uma das táticas.
Ao menos 10 pessoas morreram, incluindo os assassinos, e 11 ficaram feridas. Entre as vítimas, estão cinco alunos, com idades entre 15 e 17 anos, duas funcionárias da escola e o dono de uma locadora de veículos próximo ao local, que era tio de um dos assassinos e foi morto pouco antes do ataque.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), a motivação dos atiradores ainda é desconhecida.
Pistola desenhada em caderno de Guilherme Taucci, que participou de ataque a escola de Suzano (Foto: Reprodução/GloboNews)
Relação entre videogames e satanismo
Satanistas acreditam que alguns games podem ajudá-los a praticar sua religião, segundo uma entrevista concedida em 2017 ao site Kotaku, especializado em jogos eletrônicos.
Segundo alguns membros da Igreja de Satã, os jogos são “parques de diversão” para suas virtudes satânicas se libertarem. “Left 4 Dead? Satânico. Call of Duty? Satânico. Minecraft? Mega-satânico, os satanistas com quem falei disseram”, contou a repórter Cecilia D’Anastasio.
“Você pode construir qualquer coisa — colocar uma tocha onde quiser, um túnel, uma passarela, um fosso. Isso é muito satânico”, explicou o reverendo satanista John H. Shaw.
Por décadas, jogos e satanismo têm tido uma conexão na visão de muitos pais. E não é à toa: segundo os jogadores satanistas, poucas coisas são mais satânicas que os videogames.
Raul, outro reverendo da seita, apontou três princípios do satanismo que fazem parte dos jogos: indulgência, meritocracia e “ambientes completos”, espaços personalizáveis que a Igreja de Satã chama de “cúpulas de prazer e lugares de diversão e deleite”.
“Eu considero Eve Online um dos jogos mais satânicos por aí, porque você tem muito poder como indivíduo”, exemplifica Raul. “Você ganha soberania de parte do universo. É uma batalha pelo controle do espaço, expandindo a influência. Exercita a minha filosofia”.
Os satanistas enxergam os pecados condenados pelo cristianismo como grandes virtudes humanas. Eles são movidos pelo orgulho, individualismo, poder, influência e dinheiro.
Shaw afirma que quanto mais dinheiro consegue nos games, mais ele se aproxima de sua religião. “Você ganha carros melhores, mais dinheiro, tem mais sucesso, compra casas. Isso é satânico”.
Para os satanistas, os videogames são escapatórias para colocarem em prática o que está em sua consciência. “Na vida real, todos nós engarrafamos nossos pensamentos”, observou Shaw. “Os jogos são uma saída para nos livrarmos dos pensamentos negativos ou improdutivos, tanto quanto nos proporcionam a fantasia que falta na vida real”.
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