Homem que fugiu da Coreia do Norte volta para alimentar famintos: “Deus me chamou”

Joon Bai conta que se inspirou na fé da mãe e da esposa e agora quer ser inspiração para outras pessoas: ‘Vamos espalhar o amor pelo mundo’.

Fonte: Guiame, com informações de Fox NewsAtualizado: quinta-feira, 9 de março de 2023 às 13:34
Joon Bai. (Foto: Captura de tela/Vídeo Fox News)
Joon Bai. (Foto: Captura de tela/Vídeo Fox News)

Joon Bai, hoje com 85 anos, é um premiado autor e produtor de cinema. Ele também é autor do livro “Promessas: A Vida e o Amor de um Americano Nascido na Coreia do Norte. 

Ao descrever sua obra, ele resume com poucas palavras: “O relato de uma vida extraordinária e histórias de coragem, superando adversidades e encontrando esperança”. 

Ele revela que o principal objetivo do livro é “falar em nome dos 23 milhões de norte-coreanos que não têm voz”. 

Ele fugiu da Coreia do Norte na adolescência, mas sua fé em Cristo o fez retornar ao país diversas vezes para matar a fome de muitas pessoas e para salvar vidas. Bai mantém um trabalho filantrópico com fazendeiros e órfãos norte-coreanos. 

‘Não sabemos nada sobre a Coreia do Norte’

O que sabemos sobre a Coreia do Norte é muito pouco. Na verdade, não sabemos nada. A única coisa que sabemos é o que a mídia nos diz sobre mísseis e Kim Jong Un”, resumiu ao falar sobre seu país de origem. 

Quem são os norte-coreanos e no que acreditam? Ao voltar no tempo em suas memórias, Bai fala de sua infância e como sentiu a devastação da Segunda Guerra Mundial e da Guerra na Coreia, tentando encontrar uma resposta. 

Sua família acabou deixando a cidade natal na Coreia do Norte — perto da fronteira chinesa — e foi para Seul a pé, na Coreia do Sul. Mais tarde, Bai foi para os EUA como estudante de intercâmbio e se formou em engenharia. 

Ele se transformou num empresário de sucesso no ramo de gás natural, abrindo seu próprio negócio na Pensilvânia, com 400 funcionários. “Essa foi minha maneira de retribuir pelo que recebi desse país maravilhoso”, disse.

Mas, um dia, dirigindo durante uma forte tempestade, com o rádio do carro ligado, Bai ouviu uma notícia sobre 100.000 crianças que morreram de fome na Coreia do Norte. Ao chegar em casa, contou à esposa e, naquela noite, nem conseguiram dormir.

Crianças que morrem em orfanatos

No dia seguinte, Bai e sua esposa Kyuhee conversaram sobre as crianças. Como poderia haver tantos órfãos na Coreia do Norte? Ele explicou que os pais morreram de fome primeiro e como as crianças geralmente vivem mais, sejam semanas ou apenas dias, elas morreram logo depois. 

“Os bebês bebem o leite da mãe até que os pais morram. O governo então pega as crianças e as leva para os orfanatos”, disse Bai ao revelar que elas acabam morrendo nestes orfanatos por desnutrição.

“Geralmente, não há leite, então eles dão às crianças alimentos duros como o milho, por isso o organismo não consegue digerir”, contou. 

‘Do outro lado da montanha’

Em suas visitas ao país nas últimas duas décadas, Bai foi para os lugares mais desolados para sentar e conversar com os fazendeiros e os órfãos. “Eles não têm vizinhos com veículos BMW ou Mercedes-Benz. Em vez disso, eles vivem de rações, apenas do que o governo lhes fornece para comer”, mencionou.

Sobre tudo o que viu, Bai escreveu e co-produziu o premiado filme “O Outro Lado da Montanha”, um longa-metragem que foi a primeira colaboração entre um governo americano e o norte-coreano.

O filme detalha uma história de amor com uma mensagem próxima aos coreanos de ambos os lados da fronteira, a unificação. Durante a produção do filme, Bai não pagou um centavo aos atores porque “não existe pagamento na Coreia do Norte”.

Sobre a fé dos norte-coreanos

Segundo Bai, os norte-coreanos não conhecem a religião: “Eles não conhecem Jesus Cristo, Maomé ou Buda. Estou semeando sobre a fé em suas mentes, ensinando-lhes que há vida depois da morte e que existe uma eternidade. Essa é minha maior conquista”, revelou.

Mas, diante de tanta fome e miséria, é preciso alimentar primeiro o corpo para mantê-lo vivo e assim poder alimentar a alma com a palavra de Deus. 

Bai conta que durante o período em que esteve batalhando para ensinar fazendeiros a semear e cultivar — o que ele chama de sua pequena revolução agrícola — num daqueles dias no hotel onde estava hospedado, ele caiu no chão e chorou. “Aquele foi o momento em que Deus entrou em meu coração”, disse.

“Foi no processo de poder e querer ajudar outras pessoas que a minha fé cresceu. E acho que Deus me chamou. Aconteceu muito naturalmente. Minha mente estava cheia de paixão para ajudar aquelas crianças. A cada segundo, minha mente estava focada nisso”, revelou. 

Inspirado na fé da mãe e da esposa, Bai conta que o livro é uma homenagem a essas duas mulheres que ele considera os “pilares brilhantes em sua vida”.

Ele visita o túmulo de sua esposa toda semana, sentado entre as árvores, o ar fresco e as colinas. As cinzas da mãe ainda estão com ele, em sua casa na Califórnia. 

Agora, seu único desejo é que ao ler sua história através do livro, as pessoas encontrem inspiração para fazer uma mudança e espalhar o amor pelo mundo.

“Hoje, acredito que tudo o que fiz é a vontade de Deus. Ele me escolheu para isso. É disso que se trata. A fé de Deus em mim me deu coragem para amar outras pessoas. Não sei quanto tempo de vida ainda terei, só sei que estou feliz”, concluiu. 

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