Análise do DT15 'Creio'

Análise do DT15 'Creio'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

 

O Diante do Trono é uma das principais bandas do Brasil, tanto no meio cristão quanto secular. 15 anos de história e mais de sete milhões de cópias vendidas, se tornando recordista nessa área. Mas não é somente de números que o grupo vive. Tendo uma longa discografia, o conjunto mineiro, natural de Belo Horizonte, emplacou vários hits como “Águas Purificadoras”, “Preciso de Ti”, “Diante do Trono”, “Tempo de Festa”, dentre outros. 
 
Após alcançar seu auge dentre o quinto e sexto disco, a banda perdeu seu posto de mainstream para vários grupos congregacionais que se destacavam na época. A necessidade de se renovar musicalmente sempre foi algo apontado, e o Diante do Trono se estagnou nesta área. Mesmo após sucessivas tentativas, o grupo não conseguia alcançar o objetivo. 
 
Em 2010 foi lançado Aleluia, onde o Diante do Trono conciliou o clássico som denso da orquestra com as guitarras lembrando o pop rock. Com o fim da tal orquestra, a renovação musical do grupo se tornou notável com Sol da Justiça, lançado em 2011, que apesar de conter muitas falhas se tornou um dos trabalhos mais aclamados no meio gospel naquele ano. Além de retomar merecidamente o posto de mainstream do gospel tupiniquim, a banda comemorou em grande estilo os quinze anos de carreira em 2012, com um mega evento gravado na cidade de Manaus que reuniu mais de 350 mil pessoas, um grande público em relação à grande parte de shows de outros grupos nacionais. 
 
Antes de comentar cada faixa, gostaria de falar sobre a capa, que realmente dividiu muitas opiniões. Uns a acharam ruim, outros linda. Eu particularmente não me encaixo em nenhum dos dois grupos. Realmente, o encarte produzido pela equipe da Quartel Design poderia ser mais criativo, mas não chega a ser ruim nem péssimo. Todavia, é melhor que as dos títulos anteriores, que insistentemente colocavam Ana Paula Valadão como destaque. Desta vez, o público, a banda e toda a estrutura da gravação foram chamados para ter seu espaço no projeto. 
 
Outra novidade fica por conta da quantidade de faixas, catorze, além da duração destas, que não excederam os limites comerciais que embelezam o trabalho. Todas as ministrações e acréscimos da obra estarão disponíveis na versão em DVD, que automaticamente será mais atrativa para quem quer mais. Vamos às faixas. 
 
Uma coisa que sempre percebi que o Diante do Trono nunca foi bom de emplacar sucessos com canções animadas. Mas a impressão logo a ouvir Toma o Teu Lugar é outra: Arranjos muito bem elaborados, interpretação na medida certa por conta de Valadão e o refrão clichê de fácil assimilação e aprendizado. Creio inicia de forma positiva. O som da bateria é alucinante. 
 
Canta minha alma foi a primeira faixa de trabalho do álbum, e segue as mesmas características da música anterior. Grande interação do público, vocais de apoio bem posicionados e ótimos efeitos eletrônicos. 
 
A terceira e última faixa animada dentre as do início é Enquanto eu Viver, interpretada pelo cantor Israel Salazar. Temos um belo som cadenciado da bateria em alguns momentos e mais uma vez a animação do público é notável na canção, um brit rock bem executado. 
 
A voz de Ana Paula, um violão, teclado e tons da bateria são o início de Jesus Amado, num tom mais intimista. Novamente, a banda aposta em letras clichês e repetitivas, um ponto negativo da canção e do projeto em geral. 
 
Grande Deus é mais uma faixa bem cadenciada em seu início, unindo o som da bateria com o do teclado. A interpretação de Guilherme Fares é mediana, porém o tom alto da canção torna-a um pouco enjoativa. 
 
Escudo e Proteção é mais uma balada na voz de Israel Salazar. Dentre as canções é a melhor do repertório em letra, principalmente no fato de ser bem articulada. O aumento gradativo dos vocais ao longo da melodia é excelente. 
 
A faixa título é a maior em duração. Creio lembra as canções mais antigas e intimistas da banda, e musicalmente serve como uma ponte entre o antigo Diante do Trono e o atual. Nesta faixa, Ana Paula faz a sua melhor interpretação na minha opinião. 
 
Ao ouvir O Vencedor tive a impressão de que era “Enquanto eu Viver” mais lenta. Com uma letra bastante repetitiva e arranjos sem muita novidade não faria falta se não estivesse no trabalho. 
 
Por que estás Comigo é a canção que dá o ar de novidade na obra. O som meio psicodélico do teclado, os riffs da guitarra aliados à interpretação viva de Ana Paula Nóbrega faz com que esta seja a melhor faixa da obra. 
 
O melhor momento do disco é, na minha opinião, a canção Em Tua Presença, que é uma versão do Gateway Worship, assim como várias outras do repertório. Leve e lenta, é notável os gradativos arranjos bem executados no arranjo, principalmente do teclado. Com a chegada do refrão, a música vai ganhando um peso e nesta parte destaca-se o dueto e mais tarde os agudos de Valadão. Excelente. 
 
Mais uma faixa intimista, desta vez com um som percussivo é Só um Relance. Ao longo da faixa há vários toques de guitarra. O ponto negativo da música está na repetição excessiva do refrão. 
 
Em seguida, vem um clássico cântico escrito por Reginald Heber e musicada por John Dykes. Ao contrário de sua versão original, vem adicionado um “refrão”, aqui chamado de Salvador e Rei. Santo, Santo, Santo contém a participação de Mariana e Fellipe Valadão e Thomas Miller da Gateway Worship.
 
Seguindo o clima de participações, Ludmila Ferber, Gilmar Britto e Ana Lúcia Câmara cantaram com Valadão Casa de Oração. 
 
Terminando o repertório, vem Vinho Novo, a décima quarta faixa do disco. Uma participação clara do público abrilhanta a faixa que versa sobre um novo tempo. 
 
Vejo com bastante alegria que o Diante do Trono corrigiu os principais erros presentes em seu último trabalho, Sol da Justiça. A redução da duração das faixas deu lugar a mais canções, o que é muito bom, deixando ministrações e outros pontos para exclusividade no DVD. A produção musical está bastante agradável, escorregando em alguns pontos. Apesar do estilo congregacional unido ao pop rock estar sendo fielmente seguido, há certos exageros que poderiam ser evitados. A falta de um arranjo de cordas ou metais em uma canção ou outra e o excesso de guitarras em todas as faixas pode tornar o trabalho mais enjoativo e não lembrar a sonoridade antiga do Diante do Trono, ou seja, falta certo equilíbrio nesse ponto. 
 
A masterização da Gateway Worship está excelente, onde posso afirmar que é a melhor de todos os trabalhos já produzidos pelo grupo mineiro. 
 
Outro ponto negativo é o excesso de frases simples e repetições no repertório, característica marcante não só no trabalho do Diante do Trono, mas no meio congregacional em geral, algo que, se usado de forma moderada traz resultados bastante positivos, porém acaba dando um ar de enjoo se usada excessivamente. Entretanto, tais pontos negativos não tiram a qualidade e a maturidade deste trabalho em relação ao seu antecessor. Acredito que o grupo está seguindo para a perfeição, e por isso podemos esperar boas surpresas para o futuro décimo sexto trabalho. Para uma banda que está em alta em quinze anos é um grande motivo para comemorar. Mesmo que você não goste do Diante do Trono, eu acredito que este disco agradará até os ouvidos mais exigentes. Compre o seu e tire suas conclusões. Merece nove pontos de dez. 
 

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