Clientes de SP se dizem prejudicados com greve dos bancários

Clientes de SP se dizem prejudicados com greve dos bancários

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:25

Clientes paulistanos que foram aos bancos na manhã desta terça-feira (27) e precisavam ser atendidos diretamente por funcionários afirmaram terem sido prejudicados com a greve dos bancários, iniciada hoje em 25 estados mais o Distrito Federal, por tempo indeterminado. Isso porque, para alguns tipos de pagamentos ou solução de problemas, não é possível resolver por meio do internet banking ou nos caixas eletrônicos, dizem os consumidores.

A aposentada Dalva Maria Lopes, de 66 anos, não conseguiu pagar uma

conta nesta terça-feira (27) (Foto: Gabriela Gasparin/G1)

  "O chip do meu cartão caiu e eu ia pedir um novo", afirmou o encanador Davi José da Silva, de 56 anos. "Eu estou com o dinheiro para pagar e não consigo porque meu cartão não funciona (...). Tinha que ter alguém atendendo", afirmou. O encanador explicou que precisa pagar a fatura da prestação de um carro, no valor de R$ 600. "Se eu não pagar hoje, tem multa."

A aposentada Dalva Maria Lopes, de 66 anos, também saiu da instituição financeira nesta manhã sem conseguir pagar uma conta. No caso dela, o problema é que apenas os funcionários conseguem fazer a conta de quanto ela precisa pagar, o que não é possível ser feito no autoatendimento, relata.

O encanador Davi José da Silva, de 56 anos,

precisava trocar um cartão quebrado para efetuar

um pagamento (Foto: Gabriela Gasparin/G1)

  "Eles calculam quando eu tenho que pagar. Agora vou ter de esperar voltar [o atendimento nas agências] para pagar", disse. De acordo com Dalva, a conta, de uma compra de cosméticos, vence na quarta-feira (28).

Greve

A paralisação atinge bancos públicos e privados de todo o país, com exceção de Roraima, que está em estado de greve e deverá realizar uma assembleia ainda nesta terça, diz a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Nesta manhã, a entidade ainda não possuía um balanço sobre a adesão à greve, o que deve ser divulgado no final da tarde.

O objetivo do movimento é pressionar a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) a retomar as negociações e a melhorar a proposta de aumento real de salários. A categoria recusou a proposta de 8% de reajuste, feita pela Fenaban na sexta-feira (23). “Isso significa apenas 0,56% de aumento real, continuando distante da reivindicação de 12,8% de reajuste (5% de ganho real mais a inflação do período)”, diz Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

Clientes

Para o aposentado Dante Giovanni Caregaro, de 74 anos, contudo, a greve não prejudicou o pagamento de contas. "Para mim não deu problemas. Eu deixo tudo no débito automático (...). Só o plano de saúde que tem de pagar no caixa, mas o deste mês já está pago", afirmou.

Já a professora de artesanato Ritsuko Konno, de 56 anos, afirma que não conseguiu fazer um pagamento, que podia ser realizado apenas no caixa. "Vou ver se consigo fazer o pagamento em alguma lotérica", disse.

O aposentado Dante Caregaro afirmou não ter sido

prejudicado porque as contas são pagas no débito

automático (Foto: Gabriela Gasparin/G1)

  Reivindicações

Para os trabalhadores, a proposta dos bancos não contém valorização do piso salarial, não amplia a participação nos lucros e não traz avanços em relação às reivindicações de emprego e melhoria das condições de trabalho. “Os bancários reivindicam fim da rotatividade, mais contratações, fim das metas abusivas, combate ao assédio moral, mais segurança, igualdade de oportunidades e inclusão bancária sem precarização, dentre outras reivindicações”, destaca a Contraf-CUT.

“Contamos com o apoio e a compreensão dos clientes e usuários, que sofrem com as altas taxas de juros, as tarifas exorbitantes, as filas intermináveis pela falta de funcionários, a insegurança e a precarização do atendimento bancário“, diz Cordeiro.

Na noite desta segunda-feira, houve assembleias nos Sindicatos dos Bancários de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Campo Grande, Mato Grosso, Paraíba, Alagoas, Ceará, Piauí, Espírito Santo, Campinas, Piracicaba, Juiz de Fora, Dourados e Vitória da Conquista, entre outros, conforme levantamento feito até as 20h30 pela Contraf-CUT.

A professora de artesanato Ritsuko Konno não foi

atendida no caixa (Foto: Gabriela Gasparin/G1)

  Para a Fenaban, qualquer atitude que dificulte o atendimento de usuários é condenável, principalmente quando a negociação pode continuar e evitar qualquer paralisação. Aos clientes bancários, a entidade lembra que, mesmo numa greve, muitas agências funcionam normalmente e vários outros canais de atendimento (internet, telefone, terminais de autoatendimento e correspondentes) permitem a prestação de serviços.

Febraban

Diante da greve dos bancários em todo o país, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) orienta os clientes a recorrerem a canais alternativos como internet, telefone e terminais de autoatendimento.

A entidade orienta os bancos a buscarem todos os meios legais para garantir o atendimento da população. “Precisamos tentar garantir que a população não seja prejudicada” diz a federação, em nota. A entidade diz considerar o ato do sindicato da categoria precipitado.

Impasse

A Fenaban afirma que apresentou, na sexta-feira (23), proposta que prevê reajuste a todos os salários, pisos salariais, benefícios e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em 8% a partir de 1º de setembro de 2011. “Considerando o acordo de 2010 e a proposta de 2011, os pisos estão acrescidos de mais de 25% e os salários, em geral, em mais de 16% em apenas dois anos”, diz a entidade.

A Fenaban diz estar preparada para dar continuidade à negociação até que um acordo seja alcançado.

Bancários entraram em greve em todo o país nesta terça-feira (27) (Foto: Gabriela Gasparin/G1)

De acordo com o diretor de relações do trabalho da Febraban, Magnus Apostólico, os sindicatos marcaram a greve precipitadamente em meio às negociações. "Na última sexta-feira pedimos a eles que marcassem outra reunião e eles resolveram ir para a greve. A negociação está completamente aberta", afirmou. Apostólico acredita que a paralisação foi premeditada. "Parece que o objetivo é greve e não negociação. Nem contraproposta foi apresentada. Se eu me sento à mesa para negociar e do outro lado tem um paredão de tênis que tudo que eu mando ele diz não e também não propõe nada, não há como negociar", explicou.

De acordo com o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, o aumento real de 0,56% é insuficiente. Ele disse que o lucro dos seis maiores bancos do País subiu, em média, nos últimos dois anos, cerca de 20%. "E os bônus dos executivos de bancos na maioria deles é 400 vezes maior do que a participação nos lucros e resultados (PLR) básica de um bancário", protestou. Segundo Cordeiro, no ano passado, a categoria conseguiu 3,08% de aumento real, valor bem superior ao oferecido até agora para 2011. "Foram cinco rodadas de negociação e os bancos não avançaram em nada sua proposta", disse.            

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