O dólar opera em alta pelo quinto dia seguido nesta terça-feira (16), chegando ao patamar de R$ 2,74, reagindo à intensa aversão ao risco nos mercados globais, após a forte alta dos juros da Rússia na noite passada se mostrar insuficiente para evitar o tombo do rublo e em meio à contínua queda dos preços do petróleo.
Por volta das 12h45, a moeda norte-americana era vendida a R$ 2,7413, em alta de 2,09%. Veja cotação
O dólar vem pressionado pelo ambiente de incertezas internas e externas, com investidores preocupados principalmente com o futuro do programa de intervenções no câmbio do Banco Central brasileiro, e atentos à queda nos preços do petróleo.
"O mercado já está com a pulga atrás da orelha, esperando uma sinalização mais contundente do BC sobre o programa de câmbio", disse à Reuters o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. "Agora, com o mau humor no exterior, não há quem segure", acrescentou.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sinalizou nesta terça que poderá ser mantido em 2015 o programa de "swaps cambiais" - instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro (derivativos) - o que também impede uma pressão maior no mercado à vista da moeda norte-americana.
Ele não deu, porém, mais detalhes. Não informou, por exemplo, se os leilões de "swaps cambiais" continuará a ser diários. "Os 'swaps' têm atingido plenamente seus objetivos, de amortecer variações no câmbio e fornecer proteção [hedge] aos agentes (...) Nos próximos dias, o BC definirá parâmentros dos programa leilões de swaps que passará a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2015", afirmou Tombini.
Programa de 'swaps' cambiais
O pronunciamento de Tombini decepcionou o mercado. A maioria dos investidores já trabalhava com a hipótese de que o programa será reduzido no ano que vem, e não eliminado. Na ausência de mais detalhes sobre como será essa extensão, a divisa dos EUA ampliou a alta após as declarações, destaca a Reuters.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais pelas rações diárias, com volume correspondente a US$ 196,6 milhões. Foram vendidos 2 mil contratos para 1º de setembro e 2 mil para 1º de dezembro de 2015.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de janeiro, equivalentes a US$ 9,827 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 6% do lote total. Após o fechamento da véspera, o BC anunciou ainda para esta sessão leilão de venda de até 1 bilhão de dólares com compromisso de recompra em 2 de junho de 2015.
Efeito Russia
O dólar disparava cerca de 10% contra o rublo nesta sessão, mesmo após o banco central da Rússia elevar sua taxa básica de juros a 17%, ante 10,5%. A decisão deu força à aversão global a risco, com os investidores buscando aplicações consideradas mais seguras, em meio à forte queda dos preços do petróleo .
O mercado também continuava ainda sob a expectativa de quais medidas serão adotadas pela nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff para enfrentar o quadro de inflação alta e crescimento baixo, sobretudo via política fiscal.
Na segunda-feira, a moeda norte-americana subiu 1,29%, a R$ 2,6853, maior valor desde 29 de março de 2005. No mês e no ano, há valorização acumulada de 4,42% e 13,9%, respectivamente. Nas últimas oito sessões, o dólar fechou em baixa apenas uma vez, na última terça-feira (9).
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