"Bons sentimentos não bastam", diz autor sobre a escravidão

"Bons sentimentos não bastam", diz autor sobre a escravidão

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:43

Nesta sexta-feira, 13 de maio, a abolição da escravatura no Brasil completa 123 anos. O dia é marcado pela aprovação da Lei Áurea de 1888, assinada pela princesa Isabel. Contudo, as lutas dos negros pela liberdade, a pressão dos abolicionistas e a interferência internacional da Inglaterra foram os verdadeiros responsáveis pelo fim da escravidão no país. Hoje, nos horrorizamos com a possibilidade de cecear a liberdade de outro ser humano, mas a prática é pré-histórica e muito comum desde os primórdios da humanidade. É virtualmente impossível --independente de suas origens-- que não exista um escravo, negro ou não, no rol de seus ancestrais.

A escravidão negra é relativamente recente em termos históricos. Antes disso, a cor da pele não era um fator decisivo. Os gregos e os romanos escravizavam os povos conquistados, muitos deles, de cabelo claro e olhos azuis.

Segundo o autor Olivier Pétré-Grenouilleau, "A escravidão é um assunto particularmente doloroso e chocante, um crime contra a humanidade, que provoca nossa indignação. É espantoso que tenhamos conseguido conviver com ela durante tanto tempo. Mas bons sentimentos e julgamentos morais não bastam: se quisermos combater de maneira eficaz uma prática tão frequente na história do mundo, temos de nos esforçar para compreender o que ela favoreceu, por que foi imposta por tanto tempo e como pôde ser admitida."

Pétré-Grenouilleau, no livro "A História da Escravidão" , analisou a organização produtiva desse sistema e as raízes deixadas pela escravidão na maneira da humanidade conceber e interagir com o mundo, como origem do racismo e das segregações.

  "O Navio Negreiro: Uma História Humana" , escrito pelo historiador Marcus Rediker, relata o funcionamento do meio de transporte que possibilitou levar a grande parte da mão de obra africana para o Novo Mundo. O volume é fundamentado em mais de 30 anos de pesquisas em arquivos.

Procurando descartar os problemas gerados pela interpretação anacrônica da história, Orlando Patterson, historiador e colunista do "New York Times", associa a escravidão ao desenvolvimento de economias avançadas e aos ideais e crenças da tradição ocidental, como os conceitos de liberdade e propriedade. Um estudo comparativo que originou "Escravidão e Morte Social" .

Para os otimistas, que imaginam a escravidão eliminada, "Pisando Fora da Própria Sombra" é capaz de tirar-lhes o sono. O título expõe a continuidade da prática em nosso país e traz um encarte com imagens de João Roberto Ripper, um dos maiores fotógrafos de imagens humanas.  

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