Conselhos dos avaliadores podem alterar rumos do TCC

Conselhos dos avaliadores podem alterar rumos do TCC

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

De projeto piloto de telejornalismo infantil, desenvolvido em grupo, a livro reportagem bibliográfico, produzido individualmente, o TCC (trabalho de conclusão de curso­) da recém-formada em jornalismo pela Unicsul (Universidade Cruzeiro do Sul) Alessandra Gaidargi, 25 anos, foi transformado a partir da pré-banca. Apesar de o conceito ter sido elogiado e aprovado, os avaliadores apontaram falta de alinhamento entre as integrantes do grupo. Motivo que, na opinião deles, emperraria as próximas etapas do trabalho e que fez a então estudante mudar os rumos do projeto.

"Na correria do processo fica difícil enxergar que a forma como se trabalha não terá futuro. Sem a avaliação da pré-banca não teríamos a percepção desse desalinhamento, o que poderia ter nos levado à reprovação", afirma Alessandra. Por isso, ela reconhece a importância da etapa no desenvolvimento do TCC. "É uma oportunidade de analisar o trabalho com outros olhos, além de usufruir da experiência de profissionais da área", diz ela.

O objetivo da pré-banca, segundo a coordenadora do curso de Design da Univille (Universidade da Região de Joinville), Marli Teresinha Everling, é verificar a originalidade do tema, a pertinência do trabalho com o curso e a viabilidade de execução da proposta. "Essa é uma forma de identificar se os alunos estão dando os primeiros passos em direção ao caminho correto", aponta ela. Segundo Marli, essa etapa faz parte do processo de aprendizado. "A missão dos avaliadores não é apenas atribuir nota, mas também contribuir para o amadurecimento e alinhamento das propostas, com sugestões de ajustes", afirma ela.

A coordenadora de Desenho Industrial da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Inez Maria Leite da Silva, concorda com Marli e acrescenta que a pré-banca também aumenta as possibilidades de aprovação na banca final. "Dá mais tempo para os estudantes fazer as modificações necessárias e ampliar as chances de se sair bem na avaliação final", declara a professora.

Foi o que aconteceu com a recém-formada em Publicidade e Propaganda pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Lara Sabey, de 21 anos, que, mesmo tirando seis na pré-banca, conseguiu atingir nota 9,5 na banca final. "Os professores que participaram da pré-avaliação nos deram duas opções: mudar o tema ou recomeçar o plano estratégico. Escolhemos o segundo caminho", conta a publicitária.

Mesmo que o trabalho obtenha baixo desempenho na pré-avaliação, o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCG (Universidade Católica de Goiás), Aroldo Márcio Ferreira, garante que a reprovação pode ser evitada, mas faz uma ressalva. "A falta de dedicação pode comprometer as etapas seguintes. Isso porque o grupo terá de refazer o trabalho em um mês", alerta ele. Lara e seu grupo, por exemplo, tiveram de abrir mão das férias de julho e ainda dos finais de semana para conseguir recuperar o tempo.

Outra função da pré-banca é ajustar o grupo ao cronograma estabelecido pela faculdade, conforme afirma Inez Maria. "No fim do primeiro semestre, os estudantes devem apresentar o que fizeram até então. Antes do surgimento da pré-banca no cronograma, muitos estudantes deixavam tudo para ser feito na última hora", explica. Segundo ela, essa postergação muitas vezes comprometia a qualidade dos trabalhos.

Apresentação definida

A apresentação da pré-banca é similar à avaliação final, mas apresenta algumas particularidades, conforme conta Ferreira. A primeira delas, explica, é a origem dos avaliadores. "Geralmente, o comitê que irá analisar o trabalho na primeira etapa é composto apenas por professores da instituição. Já a banca final é composta também por profissionais convidados", descreve o professor da UCG. Para ele, a apresentação para a pré-banca funciona como um ensaio. "A primeira experiência faz com que o aluno se ambiente mais à situação e se sinta mais à vontade para a defesa final", diz.

Para Marli, as diferenças nos objetivos das avaliações exigem também mudança no perfil da apresentação. "A pré-banca não é um momento de defesa, mas sim de avaliação. Lógico que os estudantes devem apresentar e tentar vender as propostas aos avaliadores. Mas ela tem outras funções. Eles devem ser estimulados a ouvir mais do que defender, até para que consigam definir melhor os argumentos de justificativa", orienta.

Enquanto na banca final os alunos devem mostrar aos avaliadores o trabalho concluído, a pré-banca visa analisar apenas as bases do projeto. "Nessa fase, os alunos devem apresentar o tema, os objetivos, a bibliografia, a metodologia adotada, bem como o cronograma de atividades para os próximos meses. Se alguns resultados já tiverem sido colhidos podem ser apresentados", sugere Marli.

Já o formato da apresentação é similar. De acordo com Ferreira, a exposição, que deve durar em média vinte minutos, prevê um tempo para questionamento dos avaliadores. Ao término das perguntas e conselhos, há ainda a argumentação e a contra-argumentação. "A formalidade, mesmo que em menor grau, e os horários deve ser respeitados nessa etapa também", alerta o professor.

Para facilitar a apresentação, Marli recomenda aos alunos se apoiarem em imagens. "As apresentações em Power Point, por exemplo, podem funcionar como recurso de memória, além de evitar que o nervosismo os deixe esquecer algum tópico", afirma ela que também acredita no poder do treino e do planejamento da apresentação. "Para se sair bem tanto na pré-banca como na avaliação final é preciso conhecer bem o que está apresentando, ou seja, o produto. E se o aluno seguir todo o cronograma do TCC e participar de todas as etapas do desenvolvimento do projeto, estará preparado para a defesa", enfatiza a coordenadora.

A efetividade da pré-banca no resultado final do projeto dependerá, no entanto, de como os alunos irão usar os conselhos. É o que diz o professor da UCG. Segundo ele, a participação na pré-banca apenas como forma de cumprimento das regras em nada contribui. "Os estudantes devem explorar os benefícios que a etapa pode proporcionar. Encará-la como mera obrigatoriedade não é o caminho mais adequado", ressalta. Na opinião dele, os alunos devem anotar todas as dicas recebidas. "Em seguida, devem avaliar, junto com o orientador, as recomendações para definirem os passos a serem tomados nos meses que antecedem a banca final", aconselha Ferreira.

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