Escola particular de São Paulo é acusada de racismo

Escola particular de São Paulo é acusada de racismo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:19

Uma funcionária do Colégio Internacional Anhembi Morumbi, localizado no Brooklin, bairro nobre de São Paulo, registrou um boletim de ocorrência por racismo na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A estagiária de marketing Ester Elisa da Silva Cesário, de 19 anos, afirma que a diretora do colégio chamou sua atenção e sugeriu que alisasse os cabelos crespos para manter a “boa aparência”. Segundo o relato de Ester à Decradi, em seu primeiro dia de trabalho, em 1º de novembro, a diretora da escola a chamou em uma sala particular, reclamou de um objeto que enfeitava seus cabelos e pediu para deixá-los preso durante o horário de trabalho.

Dias depois, a diretoria chamou novamente a funcionária e questionou como ela poderia representar o colégio com os cabelos crespos – Ester foi contratada para receber pais interessados em conhecer o colégio. A diretora teria dito então que também já teve os cabelos crespos, “mas os alisou para manter a boa aparência exigida na empresa”. Ester é negra e tem cabelos crespos com volume natural, na altura dos ombros.

A estagiária afirma no Boletim de Ocorrência que relatou o caso à dona da instituição e que ela não teria acreditado na história. A dona do colégio teria sugerido a Ester que procurasse outro emprego, se não estava satisfeita.

Outro lado

Segundo a assessoria de imprensa do Anhembi Morumbi, o colégio avalia que houve “um ruído de comunicação” e que a diretora não teve a intenção de causar qualquer constrangimento. Como a instituição tem normas em relação à vestimenta e pede que os funcionários usem cabelos presos, a diretora teria comentado a praticidade do cabelo alisado com a estagiária, em uma conversa que se deu “de forma totalmente inocente e sem qualquer viés de racismo”.

Em nota, o colégio destaca que durante seus 24 anos de existência sempre pautou a construção de um ambiente e modelo de aprendizagem inclusivo e que o respeito às diferenças é um assunto muito sério para quem trabalha com educação. A instituição, de 478 alunos, segundo o último Censo da Educação, afirma ter 22 alunos e 10 professores e funcionários negros ou pardos, além de outras etnias e nacionalidades.

O respeito à diversidade cultural e étnica será reforçado na grade curricular e uma consultoria especializada foi contratada para ajudar a trabalhar junto com a estagiária na reconstrução do diálogo.

O caso foi registrado como “praticar a discriminação” no Decradi e um inquérito foi instaurado. A instituição ainda não foi notificada oficialmente. A reportagem não conseguiu localizar a estagiária, e a diretora não quis dar entrevistas.         

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