Exame de proficiência reprova 46% dos alunos do sexto ano de medicina

Exame de proficiência reprova 46% dos alunos do sexto ano de medicina

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:21

O exame de proficiência de estudantes formandos em cursos de medicina no estado de São Paulo apresentou um índice de  46% de reprovação, número 3% maior que no ano passado. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu em outubro, pelo sétimo ano consecutivo, a prova que avalia o desempenho dos estudantes de sexto ano das escolas médicas paulistas.A participação no exame não é obrigatória.

Dentre 523 inscritos, 418 (80%) formandos em medicina compareceram ao exame

em 2011. Desses, 191 (46%) foram reprovados. Excluindo os dois primeiros anos, quando o exame estava ainda em fase experimental, entre 2007 e 2011 participaram da prova 3.135 candidatos com 1.832 (58.4%) reprovações. Nos últimos cinco anos a proporção de aprovação foi sempre menor que 60%. O teste teve 120 questões. Ninguém conseguiu acertar todas. O melhor aluno acertou 114; e o pior, só 30. “No exame deste ano, as questões prevaleceram um número, e já nos deram esse dado um número de questões de conhecimento moderado. Quer dizer, não existem questões muito difíceis”, afirma Reinaldo Ayer de Oliveira, coordenador do exame.

O conselho defende a obrigatoriedade do exame para o formado exercer a medicina, como acontece com os bacharéis de direito que têm de passar no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. “Após sete anos de exame, o Cremesp está convencido de que uma medida excepcional precisa ser tomada, em respeito à população que confia a saúde e a vida aos médicos”. Azevedo cita a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou a constitucionalidade do exame da OAB: “o STF entendeu que a prática de um profissional sem a devida capacitação traz perigo e dano à sociedade”.

Questão da prova que teve 66% de erros entre os formandos em medicina (Foto: Reprodução) Alto índice de erros

Chamou a atenção, o alto percentual de erros em áreas como: saúde pública, que trata de epidemias como leptospirose, doença frequente em áreas de inundação; obstetrícia, responsável pelos partos; clínica médica, que é o atendimento geral de pronto-socorro; e pediatria, que cuida das crianças.

Os formandos de medicina erraram respostas para situações consideradas comuns nos hospitais. Mais de 60% dos estudantes não acertaram questões que envolviam o tratamento de dor de garganta em um homem adulto e de meningite em um recém-nascido.  “A partir do momento que ele vai mal nessa prova, a culpa não é somente dele. A culpa é da formação que ele teve também”, defende Alexandre Chang, diretor da Associação de Médicos Residentes.

O exame não serve como pré-requisito para a habilitação profissional. O resultado preocupa os organizadores, porque muitos formandos de medicina, que foram mal na prova, em breve estarão atendendo à população.

“O fato de o exame ser voluntário causa um viés na avaliação, porque se supõe que, pelo menos, aqueles alunos que se sentem mais bem preparados venham fazer o exame. Aí a preocupação fica maior, porque o resultado dos nossos exames pode estar demonstrando uma situação melhor do que ela realmente é. Quer dizer, a realidade pode ser pior”, observa o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo Júnior.

Participaram estudantes de 25 dos 28 cursos do estado de São Paulo. Ainda de acordo com o conselho, cerca de 30% dos alunos que se formam hoje não conseguem fazer residência e vão direto para o mercado de trabalho sem o preparo necessário.          

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