Ganhei o diploma e perdi o emprego. E agora?

Ganhei o diploma e perdi o emprego. E agora?

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Quando a então estudante Luciane Yuri Nagatomo, 22 anos, decidiu estagiar no Metrô de São Paulo, ela tinha uma certeza: não seria efetivada. Não se tratava de insegurança em relação ao seu potencial dentro da empresa. É que o Metrô, como empresa pública, só contrata efetivos por meio de concurso e ela sabia disso. Mas a perspectiva de trabalhar com prazo de validade não a desestimulou. Entretanto, não são todos os estudantes que estagiam que têm a certeza e a visão que Luciane teve. Levantamento feito pela Abres (Associação Brasileira de Estágios) revela que há 1,1 milhão de jovens estagiando no Brasil. Muitos deles não têm a mais remota noção do futuro quando se formarem. Muitos, assim como Luciane, perdem o posto quando ganham o diploma e ficam desempregados. Será que é possível saber vagamente quais os planos que as empresas têm para seus estagiários? E o que fazer, caso não haja plano algum?

Com 12 anos de experiência na área de gestão profissional, Sidnéia Palhares, gerente da divisão de efetivos da Gelre, empresa que recruta profissionais de diversas áreas, aconselha que os estagiários procurem observar os sinais para saber se haverá ou não uma chance de conseguir ser efetivados. "O estagiário precisa definir primeiro se gosta ou não da atividade que exerce. Depois precisa ficar atento e saber se cabe mais um na empresa ou se pode ser aberta mais uma vaga. Também precisa observar se alguém vai se desligar da empresa e assim abrir uma vaga para possível efetivação", afirma Sidnéia.

Além de ficar atento, Claudia Monari, consultora do Career Center, empresa especializada em gestão de carreiras, acredita que o estagiário deve pedir regularmente um retorno sobre seu desempenho na empresa. Ela reconhece que, assim como aconteceu com Luciane, muitas empresas deixam claro quais serão os planos para o estagiário bem antes de colocá-los em prática. "Acho que é um processo que começa na contratação. Muitas empresas colocam isso claramente no processo de seleção dos estagiários", explica ela. E o que levaria um estudante a topar o estágio mesmo sem qualquer chance de efetivação? No caso de Luciane, foi uma questão de oportunidade. "Não me preocupei, porque o Metrô de São Paulo é uma grande empresa e me pareceu uma boa oportunidade de aprender. Além disso, durante a entrevista, gostei da pessoa que seria minha gestora", conta Luciane.

Caso o estagiário não tenha certeza sobre qual será seu destino na empresa depois da formatura, Márcia aconselha atitude. "Acho que quando o estudante estiver a dois meses de se formar, deve procurar seu gestor e se certificar dessa situação. Se realmente não houver possibilidade de efetivação, ele deve pedir a ajuda do gestor e explicar que deseja ir para o mercado procurar uma vaga. Nesse momento o gestor pode contribuir com indicações", explica Cláudia. "Creio ser importante o acompanhamento a cada dois meses. O estagiário pode pedir um retorno sobre o trabalho dele. Não deixar isso para o final, mas ir acompanhando justamente para não ter surpresas no final", completa.

De acordo com Sidnéia, procurar o gestor é fundamental para ter clareza sobre o futuro e evitar ansiedades e incertezas em relação ao que virá depois da graduação. "Se o estagiário não percebeu isso, ele pode conversar com o superior. Mas é preciso jeito nessa conversa. Não pode ser arrogante ou colocar o chefe contra a parede. Essa conversa pode começar sobre a proximidade de sua formação, ou sobre o fato de estar no último ano e querer saber a respeito do término do estágio. Dizer que gostaria de conhecer a opinião da empresa a respeito dele. Perguntar se a empresa tem um cargo para ele. E se oferecer, se vender", declara ela.

A gerente da Gelre lembra ainda que, antes de pensar em efetivação ou se desesperar com uma possível dispensa, o estagiário deve avaliar se aquela atividade é de fato o que ele busca profissionalmente. "É necessário ver se a atividade do estágio tem a ver com a sua formação. Porque é notório que o mercado faz isso, ou seja, usa a mão-de-obra do estagiário para suprir a carência de um profissional. Então precisa ver, é a sua área? Você gosta de fazer aquilo? Quais são os resultados do que você faz? É pró-ativo? O estagiário pode ser criativo e isso é muito bem-vindo. Se ele tem essas posturas, a empresa vai olhar para ele de maneira diferente. São sinais claros", acrescenta Sidnéia.

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