Mães buscam alternativas para falta de creches

Mães buscam alternativas para falta de creches

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Há 14 anos, quando teve a primeira filha, Iara Lúcia Silva transformou em profissão o problema da falta de vagas em creches públicas. Como não conseguia ninguém para cuidar da filha, saiu do emprego.

Aos poucos, as vizinhas começaram a deixar os filhos na casa de Iara enquanto iam trabalhar. Hoje, quase oito anos depois, ela virou mãe-crecheira e passa os dias cuidando de 14 crianças, de 6 meses a 7 anos em sua casa, na cidade-satélite de Ceilândia.

“Eu cheguei a colocar a Carolina em uma creche paga, mas gastava quase o que ganhava no trabalho. Meu emprego virou o de mãe-crecheira – eu trabalho em casa, cuido das minhas filhas e ajudo as outras mães também ”, diz Iara, que cobra R$ 180 por mês por criança. “Creche pública é quase impossível. Aqui na Ceilândia são muito lotadas”.

Iara e as mães que ela atende fazem parte da população excluída do acesso gratuito à educação infantil. Segundo relatório apresentado neste mês pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), das crianças com até três anos do segmento 20% mais pobre, apenas 8,6% estavam em creches. Entre os 20% mais ricos, a taxa era de 27,6%.

Os três filhos de Girleide Alves de Melo, de 37 anos, passam o dia com Iara. Operadora de caixa, Girleide acorda às 5h30 para arrumar as crianças antes de ir trabalhar. Ela mora na rua de Iara e diz que nem cogita a possibilidade de se mudar de lá, porque depende dos serviços da mãe-crecheira para poder sustentar a família. Ela chegou a conseguir vaga em creches públicas, mas apenas para um dos filhos.

“Cuido dos três sozinha: sou pai, mãe e tia, não tenho família aqui [em Brasília]. Conto com a ajuda da Iara, porque, além de ser mãe-crecheira, ela é amiga, me dá uma força. É muito difícil criar três filhos sozinha e com um salário baixo.” Iara, a mãe-crecheira, defende a união das mulheres para vencer as dificuldades diárias. “Eu gosto muito do que eu faço, não é pela necessidade do dinheiro, é mais porque elas são o espelho da minha história”, conta.  

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