A estudante de medicina Milena Lacerda Colombari, da Unidade de Ensino Superior Ingá (Uningá), em Maringá, no Paraná, pediu o cancelamento da bolsa do ProUni (Programa Universidade para Todos) nesta terça-feira (4), segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC). O MEC cancelou a bolsa.
Milena e outras duas alunas do quarto ano de medicina, Belisa Stival e Camila Colombari Medeiros, recebiam bolsa do ProUni desde 2008, mas não preenchiam os requisitos do programa. As três são de família de classe média alta e têm parentes em cargos importantes da faculdade. Para ter direito à bolsa integral, a renda familiar do candidato não pode ultrapassar o valor de um salário mínimo e meio: R$ 765. A denúncia foi feita pelo ''Fantástico'' no domingo.
O valor da mensalidade de medicina na Uningá é de R$ 3.200. Juntas, as três estudantes deixaram de pagar quase R$ 300 mil em mensalidades. Além de não pagar pelo curso, as jovens ainda recebiam um benefício de R$ 300 por mês. As bolsas de Belisa e Camila foram canceladas pela Uningá, na sexta-feira (30), dois dias antes de o programa exibir a reportagem.
O Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação e solicitou ao MEC documentos da concessão das bolsas. O governo também apura o caso. A Secretaria de Educação Superior (Sesu), vinculada ao MEC, instaurou um processo administrativo para investigar a responsabilidade da Uningá. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (5). A instituição de ensino pode ser descredenciada pelo governo federal.
Segundo a portaria, a mantenedora da Uningá terá dez dias para se defender após receber a intimação. Depois disso, o caso será encaminhado pelo MEC ao Ministério Público Federal e à Advocacia-Geral da União (AGU), segundo a assessoria de imprensa do MEC.
O pai de Milena que é dono de um buffet de eventos em Maringá foi procurado pelo G1, mas o funcionário que atendeu a ligação disse que a família não tem nada a declarar. O G1 também entrou em contato com a Uningá, mas a telefonista informou que a única pessoa apta a comentar o assunto é o diretor administrativo Paulo Barbosa que estava em audiência.
Na reportagem exibida pelo ''Fantástico'', Milena afirmou que achava justo receber o ProUni. ''Esse ano até a gente passou por certas dificuldades. Nem viajar pra praia a gente não foi. Antes era comum ir''.
Camila Colombari confirmou que possuía a bolsa e justificou que o veículo de cerca de R$ 30 mil que usava foi um presente do pai. Belisa também confirmou que recebia o ProUni e afirmou que fez o ensino médio em escola particular, também como bolsista.
Em seu site, a Uningá publicou uma carta em resposta às denúncias. A instituição diz que não tem fins lucrativos e que, portanto, não goza de benefícios por aderir ao ProUni. ''Todos os fatos serão apurados, e, caso se consuma alguma irregularidade, as providências serão tomadas pela administração'', diz o texto.
Por Vanessa Fajardo
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