Não erre na na hora da redação

Não erre na na hora da redação

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Como fazer um bom título? Há regra para argumentar com consistência? O que fazer quando se tem dúvidas gramaticais? Em grande parte dos vestibulares, a redação é parte importante da nota final obtida no exame. Por essa razão, mesmo quem gosta de escrever pode se sentir inseguro na hora de passar suas idéias para o papel. Embora não exista fórmula do texto perfeito, algumas dicas podem ser valiosas para ajudar tanto os vestibulandos a se dar bem nesta avaliação, quanto aqueles que precisam se aperfeiçoar.

O professor aposentado da UNESP (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), autor do livro "Redação no vestibular da Unesp: a dissertação", Rogério Chociay, acredita que antes de mais nada, usar a criatividade é fundamental. Para alcançar este objetivo, o estudante deve se preocupar em ler bastante e de tudo um pouco. "O candidato deve conhecer sobre temas variados. A leitura é essencial neste processo. Obras clássicas, jornais, revistas, livros contemporâneos e até gibis auxiliam na aprendizagem de assuntos diferentes e no enriquecimento do vocabulário, o que, conseqüentemente, enriquece o texto", afirma.

Na opinião de Chociay, deixar a preguiça de lado e trabalhar em cima de textos é outra dica preciosa. "Tão importante quanto a leitura é a prática da escrita. Somente com o treino é que o estudante consegue melhorar seu texto", opina. Ele aconselha o estudante a fazer mais redações do que o número pedido pelas escolas ou cursinhos. "O candidato deve se forçar a escrever sobre temas variados e pedir para alguém corrigir ou ler seu texto. Mesmo quem tem talento, se não praticar, fará uma redação ruim", opina o autor.

A coordenadora da prova de redação do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Meirélen Salviano Almeida, acrescenta que o aluno deve estar atento à objetividade do texto. "O estudante precisa seguir os padrões da norma culta e apresentar as idéias desenvolvidas de forma clara. Enrolar só dificulta o bom desenvolvimento dos argumentos e o aluno pode comprometer sua nota", afirma.

Segundo Meirélen, a redação avalia a capacidade do estudante de se expressar de forma acadêmica. Por esse motivo, a universidade é rígida em seu processo de avaliação. "A redação é fundamental em qualquer área do conhecimento, não apenas para os cursos de Humanas", explica.

O diretor acadêmico do vestibular da UNESP, Fernando Dagnoni Prado, complementa que a dissertação é a forma de comunicação usada durante todo o curso de graduação. Daí a importância de testar, já no vestibular, a capacidade de articulação de idéias do candidato por meio da dissertação. "Jargões e 'narizes de cera' devem ser evitados. Esses recursos só ocupam espaço e não acrescentam nada ao texto", afirma.

Dissertação ou narrativa?

Na hora da redação, algumas universidades oferecem mais de uma modalidade de texto a ser trabalhado, as mais comuns são a dissertação e a narrativa. Para não se confundir na escolha, Meirélen orienta o candidato a optar pela modalidade que mais agrada o estudante levando em conta o tema e sua capacidade individual em desenvolver textos dentro dos padrões de cada uma. Ela lembra, porém, que a banca examinadora será igualmente rigorosa nas diferentes propostas.

"Cada um dos estilos têm suas regras. A banca examinadora é treinada para corrigi-los com a mesma rigidez e analisar os padrões da opção escolhida", afirma. O professor Prado acrescenta que o aluno sabe bem quais são seus pontos fortes e, portanto, está preparado para escolher corretamente. "Se ele teve mais narrações bem-sucedidas durante o Ensino Médio ele deve fazer essa escolha. Um formato não é mais fácil que o outro", garante ele.

Após optar pelo modelo de texto, o candidato deve prestar muita atenção às regras da modalidade eleita. "A dissertação parte da proposta de um tema que deve ser desenvolvido em uma linha de coerência. As idéias utilizadas devem mostrar as possíveis posições que podem ser tomadas e a conclusão deve estar de acordo com os argumentos desenvolvidos", ensina Prado.

Para Chociay, se o candidato optar pela narrativa ele deve ter em mente a importância da coerência do desenrolar da história. "A narrativa deve ser bem pensada. Precisa de começo, meio e fim. Muitas vezes, pode ser até mais difícil do que construir um texto argumentativo", ressalta. Prado complementa que neste formato de redação, não podem faltar personagens que se relacionem em torno de um conflito. "Se o candidato destacar um objeto no começo da narração, algo deve acontecer com ele até o final da história", explica.

Fuja dos erros!

Na dúvida sobre como escrever, não arrisque levar textos prontos no dia do exame. Segundo Chociay, há casos em que o aluno leva um texto padrão para copiar a estrutura dentro de outro tema e perde completamente o foco da argumentação. "Se o candidato levar uma redação pronta, ele fatalmente irá usar sua estrutura e correrá o risco de se desviar do tema a ser abordado", diz.

Na opinião de Chociay, outro risco acontece quando o vestibular permite narrativas. Alguns candidatos tentam imitar o estilo de escrita de um escritor famoso e se dão mal por isso. "O estudante deve se lembrar que o escritor levou anos para aprimorar seu estilo e que ele não será bem-sucedido ao tentar copiá-lo", explica.

O título é outro ponto de dúvidas e onde muitos alunos pecam na redação. Afinal, é obrigatório ou não fazer o título? Há vestibulares em que ele não é obrigatório. A prova da Unicamp, por exemplo, quando não cita a obrigatoriedade do título no enunciado do exame, não desconta pontos do estudante. "Se o título não é pedido no enunciado da prova, é uma opção do candidato colocá-lo. Isso não vai tirar pontos do aluno", explica Meirélen.

Chociay, por sua vez, aconselha o candidato a usar título mesmo quando ele não for obrigatório. "O título resume a idéia a ser trabalhada no texto e estimula a curiosidade do leitor", afirma. Por ser uma peça chave do texto, Chociay acredita que o título deve ser muito bem escolhido, não pode ser óbvio. "O título precisa chamar a atenção. Usar um título genérico é o mesmo que um convite para que a banca não se interesse pelo texto," opina ele.

Por fim, revisão é fundamental. Para os especialistas, não há dúvida de que erros gramaticais na versão final de uma redação comprometem o sucesso. Chociay recomenda ao candidato fazer um rascunho da redação e só depois de muita revisão entregar a versão final do texto. "Há espaço para isso no material dado no dia do vestibular e também há tempo para passar o texto a limpo. Na revisão, o aluno encontra erros gramaticais que devem ser corrigidos. Por isso, o candidato deve fazer o rascunho, ler, reler, passar a limpo e ler novamente. Assim ele pode consertar todos os erros que deixou para trás", diz.

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