Novo governo quer "turbinar" carreira de professor

Novo governo quer "turbinar" carreira de professor

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:02

O governo federal vai investir pesado na carreira e na preparação de professores durante os próximos dez anos - pelo menos, essa é uma das metas do PNE (Plano Nacional da Educação), entregue pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda semana de dezembro.

Ainda que não tenha sido votado como lei pelo Congresso, e, portanto, seja apenas um projeto, o novo PNE 2011-2020 tem na formação e especialização dos professores um de seus principais objetivos.

Seis das 20 metas do plano estão relacionadas à melhora na qualidade tanto dos educadores do ensino superior como da educação básica (ensino infantil, fundamental e médio). No último dia 15, quando levou o PNE ao presidente, o ministro disse que a prioridade do novo governo será o investimento nos professores.

- Se nós não fizermos a valorização do professor na próxima década, vai ficar muito difícil cumprir as metas de qualidade. Elas exigem que nós tenhamos uma atenção maior com a formação e a remuneração do docente.

Uma das medidas é ampliar a quantidade de professores do ensino superior com diplomas de mestrado e doutorado. Segundo o documento, no mínimo 75% dos docentes deveriam ter um desses diplomas, sendo, do total, 35% como doutores.

Essas metas têm o apoio da Andifes (associação dos dirigentes das universidades e institutos federais). Para Gustavo Balduíno, secretário-executivo da entidade, o Brasil está em um ritmo muito bom na formação de professores, “mas ainda é insuficiente para dar o salto de qualidade que precisamos”.

Educação básica

O PNE prevê, ainda, que todos os professores da educação básica possuam formação de nível superior, pois grande parte ainda não cursou a universidade. Além da graduação, está estipulado que a metade dos docentes deste nível de ensino deve ter um diploma de pós-graduação.

Aproximar o salário médio dos profissionais do ensino, consolidar planos de carreira até dois anos após a votação da lei e definir eleições para os diretores de escolas públicas são as outras metas do Plano Nacional de Educação que afetam diretamente a carreira dos educadores.

Especialização

Há dois anos, a Andifes fez um orçamento e chegou à conclusão de que seria necessário investir R$ 4 bilhões para capacitar os profissionais do ensino superior do Brasil. A verba seria usada em um programa durante cinco anos.

O número ainda não foi revisto, diz Balduíno, mas “custa caro e é necessário” pagar essa conta. A ideia, segundo ele, é “qualificar desde o topo” e diminuir as desigualdades regionais.

- As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm menos profissionais com esses diplomas [de mestrado e doutorado]. E engenharia tem menos doutores do que as carreiras de comunicação, por exemplo. Não é uma formação equilibrada.

O secretário-executivo reforça que é importante “levar o professor para dar aula, e não tirar o aluno de sua região”. Ou seja, os novos programas de mestrado e doutorado que devem ser abertos nesses Estados com deficiências precisam ter um corpo de professores de primeira linha, que possa conduzir outros profissionais.

- Queremos estimular que o professor de São Paulo dê aula em uma universidade em Roraima, por exemplo. Ao invés de trazer o aluno para o Sudeste, queremos levar o professor ao Norte. Mas isso tem um preço: passagens, estadia, etc. Dificilmente vamos encontrar gente disposta a se mudar.

Uma alternativa para expandir a qualificação é o ensino à distância, que é citado no plano de educação. A “plataforma eletrônica” deve ser usada para “organizar cursos de formação inicial e continuada de professores”, e o principal caminho traçado é a UAB (o sistema Universidade Aberta do Brasil).

Ricardo Holz, presidente da ABE-EAD (Associação Brasileira dos Estudantes de Educação à Distância), diz que, neste ponto, o Brasil poderia avançar mais, uma vez que o governo restringe a abertura de cursos de graduação à ditância em universidades particulares, o que “impede o acesso à educação em algumas áreas do país”. Já no caso da pós-graduação, Holz concorda que esses cursos  podem alavancar e estimular a capacitação de docentes.

Por Letícia Casado

* Colaborou Gabriel Mestieri, do R7 em Brasília

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