Pesquisadores da USP em Piracicabadesenvolveram uma técnica que torna infértil o mosquito Aedes aegypti

USP emprega radiação para infertilizar mosquito da dengue

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:11

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) em Piracicaba (SP) desenvolveram uma técnica que torna infértil o mosquito Aedes aegypti, o que pode ajudar a reduzir a infestação do inseto transmissor da dengue nos centros urbanos. A pesquisa utiliza radioatividade para interferir no ciclo reprodutivo do inseto.

"Usamos uma quantidade de energia que não mata o mosquito, mas provoca mudanças em seu sistema biológico. O inseto até põe ovos, mas esses não eclodem as larvas", explicou Valter Arthur, coordenador da pesquisa, realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), que funciona no campus da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, em Piracicaba (SP).

Os mosquitos são criados na empresa Bioagri, instalada em Charqueada (SP), e seguem para o laboratório do Cena, local onde recebem a dose de raios gama. "Iniciamos a pesquisa há pouco mais de três meses e ainda estamos determinando a dose esterilizante", relatou Márcio Adriani Gava, diretor técnico da Bioagri.

Testes de campo
Os testes de campo, com a soltura dos insetos estéreis no meio ambiente, devem acontecer em até três anos. "Os machos copulam, mas não fertilizam as fêmeas, que transmitem o vírus da dengue. Na prática, o ciclo continua completo. Mas, como os ovos não geram nada, conseguiremos baixar significativamente a infestação do mosquito e, consequentemente, os números da doença", explicou o coordenador da pesquisa.
Na próxima etapa da pesquisa, mosquitos machos estéreis serão liberados na natureza para competir com os nativos. "Será uma forma simples de controle biológico, onde se utilizará o próprio inseto para combatê-lo, sem o uso indiscriminado de inseticidas", relatou Valter Arthur.

Casos em alta
Piracicaba teve, entre janeiro e junho, 2.712 casos confirmados de dengue. Em 2007, quando o município sofreu um surto da doença, o número chegou a 5.666. No final de junho, uma estudante de 26 anos que sofria de hipertensão pulmonar morreu após ter o quadro de saúde agravado por contrair A dengue. Ela morava no bairro Pauliceia, uma dos mais atingidos pela doença na cidade.
O Ministério da Saúde registrou 286.011 casos de dengue no país de janeiro a abril de 2012. A Região Sudeste tem o maior número de casos: 119.396 (41,7% do total nacional).

Pesquisa inédita
A pesquisa do Cena é inédita no Brasil, segundo a assessoria de imprensa do instituto. O trabalho será apresentado durante o Congresso Brasileiro de Entomologia, que acontecerá em Curitiba (PR) entre 16 e 20 de setembro. No dia 7 de julho, na Bahia, o Ministério da Saúde anunciou o início da produção em larga escala de mosquito transgênico infértil. A diferença, nesse caso, é que o inseto transmissor da dengue é modificado geneticamente, e não irradiado, como na pesquisa da USP.

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