Eles não sabem ler nem escrever, mal aprenderam a andar e falar, mas já dão os primeiros passos no mundo da tecnologia. O uso de tablets se faz cada vez mais presente nas escolas de ensino fundamental e médio. Mas também quem ainda usa fraldas e mamadeiras começam a se familiarizar com a prancheta eletrônica.Em uma escola bilíngue da Zona Sul do Rio, o tablet serve como um recurso pedagógico que diverte os pequenos desde antes dos dois anos de idade e ajuda em seu desenvolvimento. A tecnologia se insere dentro da proposta pedagógica de oferecer recursos para que a criança se desenvolva, sem o medo da tecnologia que as gerações anteriores tinham. A criança não faz a diferenciação entre analógico e digital que o adulto faz. Para ela, esse é um ambiente natural. Ela já nasceu dentro desse mundo tecnológico, pondera Silene de Farias Cordeiro, coordenadora de tecnologia educacional da escola Centro Educacional Miraflores, nas Laranjeiras, Zona Sul do Rio. O tablet é usado para contar histórias e mostrar figuras geométricas, entre outras atividades. Diante do tablet, as crianças se comportam como com qualquer brinquedo. Ouvem a história como se acompanhassem a leitura de um livro de papel. A escola conta também com computadores, lousa interativa e uma tartaruga robô. Através desses recursos, as crianças podem interagir entre elas, com os objetos e adquirir conhecimentos diversos, afirma a professora Silene.
Iniciação à tecnologia
Leonardo Villela de Castro, professor de educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), não vê problemas nessa iniciação precoce. A linguagem de computador tem muito apelo e similaridade com a maneira como as crianças lidam com o mundo. Nesse sentido, pode ser interessante, desde que não seja nada obrigatório, desde que não seja nenhuma pressão para que aprendam desde cedo a manipular a máquina nem a vê-la como única fonte de busca de prazer e conhecimento, ressalta.
Num momento em que alguns estados americanos querem abolir o ensino da escrita cursiva em troca da digitação no computador, o educador pede cautela.
Aprender desde cedo a usar um teclado e digitar é um ganho para a criança. Mas não se substitui uma coisa pela outra. Agrega-se. A escola não deve fazer isso para tentar vender uma imagem de modernidade. Aprender a escrever e desenhar com lápis é um ganho para a criança. Por que apagar isso em detrimento de outra forma?, questiona.
Ao lado, vídeo da GloboNews debate o uso da tecnologia nas escolas
A professora Silene concorda e diz que o ser humano deve ter acesso ao desenvolvimento de uma forma ampla.
O papel da escola é permitir que as crianças tenham acesso a todas essas fontes e possam mostrar seu conhecimento de forma diferenciada, seja na escrita cursiva seja na digital, afirma.
E se a tecnologia chega na pré-escola para entreter e desenvolver os pequenos, os pais também podem tirar proveito disso, como sugere o professor Leonardo.
Tudo o que a criança conhece dentro da escola pode ser objeto de conhecimento dos pais, se eles se interessarem. Esse tipo de interação do adulto com a criança pode ter um impacto na vida do pai e da mãe. Se for de forma saudável, como fruto de uma troca, uma interação, em que o adulto tenta entender melhor a forma como a criança está vivendo, é ótimo, conclui.
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