'Temos um século de desvantagem, mas há um caminho', diz Haddad

'Temos um século de desvantagem, mas há um caminho', diz Haddad

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:05

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que o desempenho da educação brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgados nesta terça-feira (7), pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra que o país tem "um caminho" de desenvolvimento, apesar da defasagem histórica.

Ao comentar os dados, ele destacou que, em uma década, o Brasil cresceu 33 pontos no ranking da OCDE. Em 2000, a média brasileira era de 368 pontos. Este resultado chegou a 401 pontos, em 2009. Entre 2006 e 2009, o Brasil teve o terceiro melhor desempenho das 65 nações avaliadas pelo Pisa.

"Não podemos desprezar esse resultado. A meta foi cumprida, mas temos que olhar para frente e admitir que temos muito trabalho. Temos aí um século de defasagem, de desvantagem para tirar, mas há um caminho, há um norte. O que os números revelam é o seguinte: o sistema educacional brasileiro está reagindo aos estímulos", afirmou Haddad.

O ministro lembrou ainda que os demais países que fazem parte da OCDE estão "estagnados" no ranking educacional e muitos tiveram resultados piores que nas avaliações anteriores, como no caso do Reino Unido.

"O mundo está estagnado do ponto de vista da qualidade do ensino. Em educação sempre tem espaço para melhorar, mas o mundo desenvolvido está com dificuldade de fazer sua média subir. Aquela história de que o mundo está avançando e, portanto, vamos estar sempre distantes do resto do mundo não está se confirmando", disse.

Haddad contou que os organizadores do programa da OCDE vieram ao Brasil entrevistá-lo para saber as razões do salto na pontuação do Brasil. A explicação do ministro foi de que o Brasil adotou como foco a aprendizagem, estabelecimento de metas e o acompanhamento de resultados.

"Eles notaram que alguma coisa aconteceu. 2005 é um marco e depois do PDE [Programa de Desenvolvimento Educacional] tem uma centralidade no trabalho. Mais autonomia combinada com mais responsabilização. É o ingrediente do sucesso. Você pode ter objetivos nacionais e mais liberdade desde que haja acompanhamento, sem adotar o reducionismo educacional", afirmou.

Ministério

Haddad preferiu não comentar a possibilidade de se manter no cargo no governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, mas deu a "receita" de como alavancar o desenvolvimento educacional.

"Difícil imaginar um cenário sem valorização do professor. A partir de 2012, o jogo muda. Aí vamos estar liderando a América Latina e vamos estar em outra divisão do campeonato. O que é prioritário para que nós continuemos é [investir em] educação infantil e [na] valorização do professor", disse Haddad.

Sobre investimentos, Haddad afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar nos próximos dias o novo plano de educação, que vai fixar a meta de investir 7% do PIB em educação nos próximos dez anos.

Expectativa

Para os próximos três anos, a expectativa do Ministério da Educação é de crescimento. A meta é aumentar dos 401 pontos, alcançados em 2009, para 417 pontos. "Estamos prevendo subir no próximo triênio mais ou menos o que melhoramos no último."

Haddad classificou o início desta década como "o pior momento da educação brasileira". Em 2000, o Brasil alcançou 368 pontos no ranking da OCDE.

"Os piores momentos da educação brasileira foram 2000 e 2001. Não é para fazer comparação entre governos", disse o ministro. Ele atribui essa avaliação à forte inclusão de pessoas no sistema educacional e ao efeito da progressão automática –sistema que permite ao aluno avanços sucessivos e sem interrupções de uma série para outra.

Por: Débora Santos

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